A Consolidação do Guzerá no Brasil

O Guzerá foi a primeira raça zebuína a chegar ao Brasil, entre as que persistem . A raça foi trazida da Índia, na década de 1870, pelo Barão de Duas Barras, logo dominando a pecuária nos cafezais fluminenses. Surgia como solução para arrastar os pesados carroções e até vagões para transporte de café, nas íngremes montanhas, e também para produzir leite e carne. Com a abolição da escravidão, em 1888, os cafezais fluminenses entraram em decadência, levando os fazendeiros a buscar maior proveito do gado, por meio da seleção das características leiteiras e cárneas. Os criadores de Guzerá foram os apologistas das vantagens e virtudes do gado, enfrentando a “guerra contra o Zebu”, promovida por cientistas paulistas e estimulada pelo Governo Federal, ao mesmo tempo que abasteciam o Triângulo Mineiro, onde iria se sediar a futura “meca do Zebu”.

O Guzerá foi a raça de maior contingente até o inicio da década de 1920, quando surgiu a raça “Indubrasil”, produto da infusão de sangue Gir sobre o mestiço “GuzoneL” (Guzerá x Nelore). Seu reinado, portanto, durou mais de 50 anos Nenhuma outra raça zebuina teve um reinado tão longo, depois do Guzerá, até hoje! A partir dessa data, as fêmeas Guzerá eram adquiridas para formar a nova raça promovida no Triângulo Mineiro, culminando em uma autêntica “caçada”, resultando na decadência da raça. Apenas dois criadores sustentaram o Guzerá nesse período:João de Abreu Júnior, em Cantagalo, RJ e Cristiano Penna, em Curvelo, MG.

Mesmo com poucos criadores no país, o Guzerá manteve sua presença nas exposições nacionais e brilhava em concursos leiteiros. Na Exposição Nacional de 1936, venceu as campeãs das raças holandesa, Jersey e Guernsey, provocando entusiasmo no então presidente Getúlio Vargas. Foi a raça escolhida para diversas exportações, estando presente em duas dezenas de países, e também para implantação nos núcleos de desbravamento governamental, tais como “Projeto Radambrasil”, escolas agrícolas, postos indígenas, etc.

Depois da importação de 1962/63, o Guzerá ganhou novo impulso, principalmente quando a “Maldição dos 100 Anos liquidou grande parte do rebanho nordestino” (Grande Seca de 1978-1983, que se repete de 100 em 100 anos). Era comum ouvir a frase: “quando um Guzerá cai para morrer, todos os demais gados já morreram”. Nesse período, 70% do contingente da Exposição Nordestina era de Guzerá, pois somente esta raça continuava viva no sertão (Santos, 1998). Ao mesmo tempo, consolidava diversos cruzamentos de formação de raças bimésticas. Rapidamente, a fama como gado ideal para toda sorte de cruzamentos ganhou todo o território nacional.

Na década de 1990, o Guzerá passou a ser francamente utilizado como alternativa para formação da vaca da F-2 nos mais diversos cruzamentos de corte, abrindo horizontes que levam á crença de que será uma das mais vigorosas raças no inicio do novo milênio. Grandes e famosos criadores de Nelore passaram a criar Guzerá, para atender seus clientes, fornecendo possantes tourinhos “Guzonel” que são indicados para os cruzamentos indiscriminados com raças européias. Em dezenas de grandes leilões de Nelore ou mesmo de raças européias, vai crescendo a presença do Guzerá, atingindo bons preços (DBO, Jan/2000).

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