Creep Feeding Ou Cocho Privativo

Para os potros, o período de desmame é a fase mais crítica, geralmente realizada entre o quarto e sexto mês de vida onde o stress da separação da mãe promove o aumento da concentração do cortisol e diminui a resposta imune do potro, além de diminuir o consumo alimentar, ficando mais susceptíveis a doenças infecciosas e úlceras gástricas.

 OTT (1986); FRAPE (1992) e MEYER (1995) recomendam a suplementação dos potros a partir dos dois a três meses de idade para complementar a dieta de leite. O NRC (2007) também recomenda a suplementação dos potros entre 2-3 meses com o sistema creep feeding visando manter o crescimento durante o aleitamento e para minimizar a perda de peso que ocorre após o desmame. (Ourofino Saúde Animal, 2013)

O CREEP FEEDING ou cocho privativo trata-se de uma estrutura física para suplementação de equinos, onde só quem tem acesso são os potros, visando suplementa-los sem separa-los da matriz ou desmama-los. Pode ser feita com ração balanceada, proteico ou mineral aditivado, sendo estes especialmente desenvolvidos para a fase de crescimento em que se encontram.

O sucesso da suplementação de crescimento depende do “consumo de fato” do concentrado pelos potros, para tanto, algumas práticas de manejo devem ser adotadas, o creep feeding é a de maior eficácia delas, alinhando custo-benefício e manejo simples.

As recomendações de fornecimento diário irão variar de acordo com cada propriedade, composição, teores dos nutrientes, forragem disponível e de acordo com a ração oferecida, sempre respeitando a indicação do fabricante ou orientação profissional.

O sistema de creep feeding exige instalação adequada de segurança, uma vez que a natureza dos potros é curiosa, atrelando a isso uma maior susceptibilidade a acidentes.  A estrutura para fornecimento do alimento é muito simples, composta basicamente de um cocho livre e um cocho cercado que contém uma barreira física na altura onde os potros passam por baixo, por serem pequenos e as éguas não tem acesso pelo porte maior; os cochos são colocados lado a lado e seu tamanho depende do número de animais a serem suplementados; a localização deve ser em área de fácil visualização e acesso, tanto dos animais como dos tratadores, é importante também que o local não alague nos períodos de chuva, evitando atoleiros e acidentes. A área ao redor também deve receber atenção, evitando-se pedras soltas ou pontiagudas e irregularidades no terreno.

Dimensionamento indicado para 10 éguas lactantes com 12 potros até 10 meses(a depender da raça)

Custo: Varia de acordo com região, materiais e mão-de-obra
Materiais: Formas arredondadas, sem arames, pregos, pontas expostas.
Tamanho: 4,00mt linear de cocho e 5,00×7,00×1,40mt de área cercada
Altura boca do cocho ao chão: Éguas de 0,90 á 1,00metro; potros de 0,40 á 0,60cm
Capacidade:  10 éguas- 0,80cm por animal; 12 potros- 0,65cm por animal.
Cercado: 5,00×7,00metros; altura ajustável da trave de 1,20 á 1,40metros do chão.
Proteção: Ideal que seja coberto e com proteção lateral contra vento e chuva.(Variação: sem coberta)
Localização: Obrigatoriamente ao lado do cocho das éguas, área de fácil acesso e visualização
Manutenção: Regular, evitando frestas nos cochos, ou encharcamento pelo telhado/chuvas
Vantagem: desmama de potro mais forte; antecipação da desmama; maior uniformidade dos animais; melhor condição corporal inclusive na seca; diminuição do estresse da desmama.

Cuidados com a estrutura do sistema Creep Feeding:
Podem e devem ser realizadas adaptações nestas instalações de acordo com cada região bem como raça e manejo da propriedade, porém, alguns pontos devem ser observados.

  • A altura da boca do cocho das matrizes deve ser mantida alta, impossibilitando o acesso dos potros ao suplemento das mesmas, para que não diminua a ingestão do seu próprio concentrado, prejudicando sua mineralização e eficiência do sistema.
  • O cocho dos potros deve ficar ao lado do cocho das éguas, já que nessa fase eles não saem do lado das mães, facilitando assim que os potros acostumem a entrar no “cercadinho” e consumam o seu suplemento específico.
  • Podem ser armazenados sacos da ração/sal mineral etc. logo abaixo da coberta, na intenção de facilitar a reposição deste pelo tratador, observando sempre a presença de roedores(causadores de doenças nos equinos)­­­
  • A trave de cima pode e deve ser ajustável em altura, para que acompanhe o crescimento dos potros, permitindo sempre seu acesso á área interna do cercado.
  • Os cochos devem ter fácil acesso, permitindo a circulação tanto dos animais quanto dos tratadores que irão reabastecê-los,
  • O abastecimento deve ser feito de forma contínua, sendo indicado dividir a porção estipulada, sempre em 2x ao dia(adequar ao manejo da propriedade). É de extrema importância evitar cochos vazios, esta falha no manejo compromete a eficácia da suplementação, pois interfere na regularidade e quantidade, principal ação do creep, fazendo o proprietário perder tempo e dinheiro investido na estrutura.
  • Uma das variações estruturais, pode ser a dos cochos sem coberta. Mantendo os outros itens de segurança.

Referências:

REZENDE, A. S. C.  Efeito de Dois Diferentes Programas Nutricionais sobre o Desenvolvimento Corporal de potros mangalarga marchador. Rev. bras. zootec., 29(2):495-501, 2000

SOARES Felipe A.P. – Nutrição de potros – 2013-  www.ourofinosaudeanimal.com/ – acesso em 06/03/2018.

Imagens 3D: Próprias da autora em parceria com a Designer Cláudia Fernanda Silva Nascimento.

Texto: Marília Gabriela de Mendonça Silva, 3º período, UNIBRA, Recife-Pernambuco

Fonte: Informativo Equestre

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