Alimentando o Mundo e o Brasil

Todos sabem a potência agrícola que o Brasil se tornou de modo que boa parte do aumento de produção de grãos que será necessário nas próximas décadas dependerá do desempenho brasileiro

Foto: Ciro Antonio Rosolem*

alimentos

Isso não se discute mais. Entretanto, na semana mundial da alimentação, é interessante voltar o olhar para os nossos produtos básicos, presentes na mesa de muitos brasileiros de todas as classes econômicas. Sabemos que produzimos divisas e que a agricultura vem mantendo o País. Mas, estaríamos produzindo o suficiente para nós mesmos?

Vejamos o arroz. O arroz é capaz de suprir 20% da energia e 15% da proteína da necessidade diária de um adulto, além de conter vitaminas, sais minerais, fósforo, cálcio e ferro.  No Brasil, o consumo anual é de, em média, 25 quilos por habitante. Embora tenha ocorrido redução da área cultivada entre 1975 e 2005 em 26%, a produção aumentou em 69 %, com um incremento de 128% na produtividade média. Isso permitiu ao País ser autossuficiente em arroz, chegando a exportar o produto em alguns anos. Em média, o Brasil tem exportado aproximadamente 5% do que produz. Projeções de produção e consumo de arroz nos próximos anos, feitas pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), dão conta de um aumento médio de produção de 1,2% ao ano nos próximos 10 anos, com aumento médio de 0,86% no consumo, um pouco abaixo do crescimento esperado para a população brasileira. Assim, mesmo em longo prazo, não deverão ocorrer problemas sérios de abastecimento.

O Brasil é o maior produtor mundial de feijão. De cada 10 brasileiros, sete consomem feijão diariamente. Feijão de todos os tipos, de todas as cores. O grão típico da culinária do país é fonte de proteína, vitaminas do complexo B e sais minerais. O consumo do produto, em média por pessoa, chega a 19 Kg/ano. Espera-se que a produção cresça a uma taxa anual de 1,8%, com crescimento anual de 1,2 % no consumo, até 2020. Embora possa em alguns anos haver necessidade de importação de pequenas quantidades de feijão, há um equilíbrio razoável entre os crescimentos da demanda e da produção.

O trigo é o segundo cereal mais produzido no mundo, com significativo peso na economia agrícola global. Embora tenhamos obtido recorde de produção na última safra, isso ainda não foi suficiente para atender toda nossa demanda pelo pão de cada dia. Nem há perspectiva de que isso ocorra em curto prazo. Isso, porque, no Brasil, as condições climáticas são desfavoráveis à cultura. Normalmente produzimos um trigo caro e nem sempre de alta qualidade. Estimativas do MAPA preveem uma taxa de aumento de consumo do trigo de 1,3% ao ano. Ainda assim, acredita-se na possibilidade de redução das importações, uma vez que o Brasil vem investindo na autossuficiência da produção interna do cereal.

E a mandioca, como vai? A mandioca é o quarto alimento maior fornecedor de calorias. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, a oferta nacional de mandioca aumentou 7,5%, enquanto o processamento de fécula cresceu 36%. Novo aumento de produção deve ser observado em 2015, evolução de 5,1% comparada a 2014, considerando dados nacionais agregados. O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,4 kg/hab/ano, sendo de 50,6 kg/hab/ano no Brasil. Os países da África destacam-se nesse aspecto; a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno, com menos de 0,5% da produção nacional sendo exportados nos últimos 10 anos. O mercado da mandioca é muito instável, o que torna temerária qualquer projeção. Entretanto, considerando a história da produção de mandioca no Brasil, não se espera que falte nos próximos anos.

Desta forma, fica claro que a agricultura está sim, provendo o mundo e trazendo divisas para o Brasil, sem deixar de produzir os produtos mais apreciados nas mesas brasileiras.

Sobre o CCAS

O Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça.

*Ciro Antonio Rosolem, Vice-Presidente de Estudos do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e Professor Titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).

Fonte: CCAS / alfapress

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