Armando Soares #6: Brasil das Sanguessugas

As sanguessugas são: [Zoo.] Anelídeos da classe dos hirudíneos, marinhos, terrestres ou de água doce. São sugadores de sangue de vertebrados; com corpo achatado, dividido externamente em anéis, sem cerdas ou parapódios e dotado de uma ventosa anterior e outra posterior. [Fig.] Aqueles que exploram outros.

O Brasil está cheio de sanguessugas no campo político e administrativo público e o povo brasileiro anêmico de tanto sangue sugado. Esses políticos e administradores sanguessugas pouco trabalham, querem o poder para não perder a boa vida concedida por milhões de brasileiros palermas. O Brasil precisaria ter em nossos dias um Balzac, o genial observador do seu tempo, que soube captar como ninguém o “espírito” do século XIX. Mesmo com o passar do tempo o cenário social em que viveu Balzac pouco mudou se considerarmos que homem e sociedade – tecnologias à parte – seguem as mesmas imperfeições, egoísmos e singelas mesquinharias. Tudo se resume a ganância, a “ouro e prazer”, uma busca incessante e desgastante, ilusões que se criam e se esvaem diante de um mundo contraditório, que prega boas ações, como preservação do meio ambiente e distribuição da renda através de bolsas eleitoreiras, que resulta em fortuna para poucos e sofrimento e frustrações para quase todos. De Balzac, em seu livro O Pai Goriot, … “Vencer a qualquer preço. …Sabe como alguém caminha por aqui? Pelo brilho do gênio ou pela habilidade da corrupção. É preciso entrar nessa massa de homens como uma bala de canhão, ou por ela se imiscuir como uma peste. A honestidade de nada serve. …A corrupção está em alta, o talento é raro. Assim a corrupção é a arma da mediocridade que abunda, e você sentirá sua presença em toda parte.” A corrupção e a incompetência matam e a prova maior é o Brasil na atualidade.

sanguessuga
Ilustrativa – Fonte: Internet

Vem de membro do STF o grito da verdade que está na garganta de todo brasileiro digno. O Ministro Gilmar Mendes teve uma reação que todos os brasileiros esperam do STF diante de cenário pútrido, moral e ético brasileiro. Entrevistado por uma emissora de TV diante da ameaça do PT em processá-lo por causa de suas críticas, assim falou com propriedade e autoridade: “É bom que eles (PT) processassem toda a estrutura que eles montaram, e que se instalou no país nesses últimos anos que está sendo revelado no ‘Lava jato’. Um modelo de governança corrupta, algo que merece o nome de cleptocracia. Vejam o que fizeram com a Petrobrás hoje. Por isso que defendiam com tanta força as estatais. Não é por conta de que as estatais pertencem ao povo brasileiro, mas porque pertence a eles. Eles se tornaram donos da Petrobrás. Esse era o método de governança. Infelizmente para eles e felizmente para o Brasil deu errado. Isso revelou que nós estamos no caos por conta desse método de governança corrupta. Nós temos hoje um modelo de governança cleptocrata. Eles não roubam só para o partido, roubam para comprar quadros. Isso lembra muito o encerramento do regime alemão…” Quem está fazendo essas afirmativas para uma emissora de TV não é qualquer um brasileiro, é um ministro do STJ, sensato, corajoso e ciente de sua responsabilidade, atitude que deveria ser seguido pelo Congresso Nacional que não adota uma atitude em defesa do povo brasileiro preferindo negociar interesses políticos mesquinhos. Endosso as palavras de Marco Antonio Villa que mostra com fidelidade o cenário brasileiro. “Vivemos em tempo sombrio, uma época do vale-tudo. Desapareceram os homens públicos. Foram substituídos pelos políticos profissionais. Todos querem enriquecer a qualquer preço. E rapidamente. Não importam os meios. Garantidos pela impunidade, sabem que, se forem apanhados, têm sempre uma banca de advogados, regiamente paga, para livrá-los de alguma condenação. São anos marcados pela hipocrisia. Não há mais ideologia. Longe disso. A disputa política é pelo poder, que tudo pode e no qual nada é proibido. O Brasil de hoje é uma sociedade invertebrada. Amorfa, passiva, sem capacidade de reação. É uma República bufa, uma república petista.”

O Brasil lamentavelmente está atravessando uma fase política e administrativa terrível em todo o território. Vejamos a questão criminosa do imposto do cheque, o CPMF. Delfim Netto em entrevista considera o CPMF um imposto cumulativo, regressivo, inflacionário, tem efeito negativo sobre o crescimento e quem paga é o pobre mesmo. Ele está sendo usado porque o programa do governo é uma fraude, um truque, uma decepção – não tem corte nenhum, só substituição de uma despesa por outra. Por considerar a CPMF coisa ruim para os brasileiros, o governador de São Paulo é contra não só porque sabe dos efeitos maléficos desse imposto, como também reflete uma postura de governo de um estado que tem sustentação econômica. Diferente do governador de São Paulo é a postura do governador do Pará que é a favor desse maldito imposto. O governador paraense só está pensando na sua governança, nas dificuldades que vai enfrentar por razões que não quer confessar em público, a de que o Pará não tem sustentação econômica e não cresce porque não tem programa de desenvolvimento, tem apena um maldito e antieconômico programa de preservação ambiental que está dizimando a base produtiva agropecuária com apoio de uma política fundiária risível. Porque o Pará não tem desenvolvimento econômico e depende de transferência de recursos da União, o jeito é apelar para a criação da CPMF, que como afirma Delfim Netto vai sair da bolsa pequena do pobre. O governo, seja estadual ou federal, precisa tirar a coleira ambientalista que é contra o desenvolvimento e a produção.

Enquanto o governo paraense não definir regras que possam atrair investidores, o Estado vai continuar de pires na mão pedindo esmola para a União. O mau administrador público só tem um pensamento – cobrar impostos. Viver de cobrar impostos, taxas e multas de trânsito qualquer indivíduo sem muito conhecimento pode administrar o Estado e prefeituras. Não se pode continuar a ignorar governo sem o apoio da iniciativa privada e muito menos sem o modelo capitalista, de mercado, o motor do desenvolvimento. Imazon e Ministério Público, não podem ser a referência para nenhum governo induzir o desenvolvimento, pois, especificamente no Pará são células nocivas ao desenvolvimento. Estamos vivenciando no Pará um momento de endurecimento da inteligência no poder público, nas instituições e justiça, todos achando que o dinheiro cai do céu e não do esforço, competência e criatividade do setor produtivo e mercantil.

Sobre o caos político em curso, e diante da inoperância do Congresso Nacional, o advogado Hélio Pereira Bicudo, apresentou denúncia à Presidência da Câmara dos Deputados Federais do Brasil de crime de responsabilidade contra a Presidente da República, Sra. Dilma Vana Rousseff. Na apresentação da denúncia Hélio Bicudo afirma que o Brasil está mergulhado em profunda crise. Muito embora o Governo Federal insista que se trata de crise exclusivamente econômica, na verdade, a crise é política e, sobretudo, MORAL, o que exprime todo o pensamento e sentimento dos brasileiros. “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto (Rui Barbosa).” Esta citação de Rui Barbosa reflete em poucas palavras o sentimento dos brasileiros enojados de tantas imundícies políticas. Não se pode viver nesse charco, diante desses atos sórdidos praticados por aventureiros e maus governantes.

Vamos sanear o Brasil, torna-lo habitável, respirável e agradável.

Escrito por: Armando Soares – economista

e-mail: teixeira.soares@uol.com.br

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