Armando Soares #8: Confisco, golpe e subdesenvolvimento

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Os conflitos que permeiam o Brasil e o mundo é uma fonte rica para a produção de matérias diversas de interesse da humanidade. Entretanto, diante de uma realidade grotesca de política de domínio territorial que condena o amazônida para viver com a pobreza e a escravidão econômica somos obrigados, por amor a razão e a justiça a levantar a bandeira da resistência contra toda essa imundície subscrita pelo governo brasileiro.

A imprensa noticiou matéria que serve para provar o golpe e o confisco realizados contra os interesses dos estados amazônicos e da manutenção do subdesenvolvimento crônico com destaque do Pará em virtude do privilégio de sua localização. O golpe, o confisco e a manutenção do subdesenvolvimento são identificados facilmente nas decisões realizadas na Conferência de Clima realizado em Paris baseados em estudos sobre a quantidade de carbono e das ameaças à conservação de florestas e territórios indígenas na Amazônia sob a tutela do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georeferenciada (Raisg), da Coica, do Environmental Defense Fund (EDF) e do Woods Hole, todas estrangeiras. Diz o “estudo”, que 32,8% do carbono existente na Amazônia estão localizadas em terras indígenas (TIs), e 22,2% do total em territórios não reconhecidos oficialmente pela FUNAI, ou seja, 55,0% da Amazônia segundo opinião do Coica, devem ficar sob gestão territorial dos povos indígenas, isto é, dos americanos e europeus. A proposta desses “salvadores da Amazônia” e guardiões da “saúde da Terra” é criar alternativas econômicas para os povos da floresta e garantir acesso direto aos fundos climáticos (no mínimo 100 bilhões de dólares) por parte das organizações indígenas criadas e dominadas por estrangeiros. Um negócio sórdido, maquiavélico. Ao mesmo tempo em que confisco territórios da Amazônia garanto os bilhões de dólares do fundo climático (dinheiro a custo zero) para investir como bem me aprouver. Um assalto sem armas criado pela inteligência à custa da idiotice brasileira. Tudo esse projeto econômico de dominação altamente lucrativo está sendo possível de ser realizado através do meio ambiente, um meio inteligente encontrado pelo capitalismo de quarta geração que busca o controle econômico e de mercado eliminando a concorrência e garantindo recursos abundantes através de um colegiado que devastou suas florestas jogando no espaço centenas de gigatoneladas de CO2 e agora quer que os brasileiros entreguem a Amazônia de graça para compensar a devastação e poluição que realizaram durante séculos no meio ambiente.

Diante do que está em curso na questão do meio ambiente mundial onde a Amazônia, no entendimento dos países ricos, nada mais é do que uma região termômetro reserva estratégica para assegurar um clima mundial estável. Ora, se a Amazônia tem toda essa importância para garantir qualidade de vida a todos os humanos na Terra, qual o seu valor econômico em dólar? Cem, duzentos, quinhentos, trilhões de dólares? Se tudo o que informam é verdade sobre o aquecimento global e a Amazônia é um fator regulador da temperatura ambiente mundial, então que americanos, europeus, asiáticos paguem o preço que vale a Amazônia. Definitivamente é preciso dar um basta nessa mentira que encobre um golpe sórdido, um confisco nojento usando como justificativa dados produzidos em computadores, e, pior jogando nas costas de países pobres e subdesenvolvidos o preço de uma reparação do ambiente natural que não existe, mas se de fato existisse a muito a matriz energética seria outra. A Amazônia não pode continuar na mesa das negociatas internacionais com o aval do governo brasileiro. A Amazônia não é um produto e muito menos uma Petrobrás. A Amazônia é um conjunto de Estados onde vivem milhões de brasileiros e que apesar de suas riquezas naturais incomensuráveis vivem secularmente na pobreza e sob pirataria e endocolonialismo. Se o governo brasileiro considera a Amazônia um produto de troca, de barganha que deixe sua intenção bem clara e não use de subterfúgios para justificar seu comportamento impondo uma política ambiental criminosa. O governo brasileiro e os brasileiros precisam decidir o que é melhor para o Brasil vender, alugar, doar ou desenvolver a Amazônia. O que não pode continuar é fazer esse jogo cretino envolvendo milhões de amazônidas, vidas humanas.

A velhacaria ambiental chegou a um ponto que não esconde suas verdadeiras intenções, como é o caso dos países ricos saírem da reunião do Clima em Paris sem tocar no uso de poluentes como carvão, petróleo e gás. Ou os brasileiros e amazônidas inocentes acham que os Estados Unidos da América, a Europa, os países ricos da Ásia vão reduzir seus armamentos e suas economias para despoluir o meio ambiente e sustentar o resto do mundo subdesenvolvido? Está mais do que provado e comprovado que existe laços entre grupos ambientais, governos e grande negócios.

O Alerta Científico e Ambiental informa reforçando o que esconde o ambientalismo, que a COP-21 para no “esfriamento” dos cofres. Após quase duas semanas de negociações, a 21º Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-21), em Paris, esbarrou, mais uma vez, na questão primordial de definir que países irão custear os programas de “combate” às mudanças climáticas alegadamente causadas pelas atividades humanas.

A nota divulgada pelo G-77, bloco que representa atualmente 130 nações em desenvolvimento, faz duras críticas aos países ricos e à sua posição em relação ao financiamento “climático”. A porta-voz do grupo, a embaixadora sul-africana Nozipho Mxakato-Diseko, distribuiu o comunicado com 17 parágrafos de acusações contra os países desenvolvidos, acusando-os de violar os princípios centrais da Convenção do Clima, por tentar forçar os países em desenvolvimento a se comprometer o custeio dos programas de adaptação às mudanças climáticas, posição que confirma o nosso entendimento a respeito da postura enganadora e hipócrita dos países ricos.

O veículo do Progresso, na mente dos países ricos e de governantes brasileiros é a Ecologia – mais precisamente, as elites científicas e ecológicas que se autodenominaram os messias dos novos tempos – que pretendem impor seus objetivos como elementos reguladores da liberdade dos indivíduos. Aceitar a mentira do aquecimento global é o mesmo que aceitar a dominação econômica, territorial e hegemônica dos países ricos.

Outra questão que merece destaque é a que diz respeito aos municípios paraenses que há muito tempo se encontram em estado pré-falimentar. A crise econômica brasileira dada como justificativa para os problemas dos municípios é apenas uma máscara da verdadeira realidade. A realidade é que a quase totalidade dos municípios paraenses são um peso morto, sem vitalidade e sustentação econômica própria, todos dependem de transferência de recursos da União para se manterem vivos. Todos os municípios paraenses são mantidos por outros Estados superavitários, que têm sustentação econômica própria e folga para transferir renda. Como o Pará como um todo não gera renda suficiente para sustentar seus municípios depende do trabalho e da renda gerada por brasileiros em outros Estados. Portanto, a crise dos municípios paraenses tem origem na incapacidade desses municípios gerarem renda através de investimentos e de atividades econômicas de diversas naturezas. A raiz do problema está em que os governos municipais ao invés de priorizarem iniciativas privadas que fertilizam e geram renda estão preocupados em preservar seus territórios imaginando que vão receber algum pedaço de recursos alocados no fundo climático. Triste ilusão que irá alimentar geometricamente a pobreza e o subdesenvolvimento. Esmola não é a solução, a solução é trabalho, vontade e iniciativa privada.

Armando Soares – economista
e-mail: teixeira.soares@uol.com.br

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