Brasil descarta parte vacinada do boi antes de exportar carne aos EUA

Medida visa evitar abscessos na carne, que já gerou muitos problemas, e foi adotada mesmo após mudanças na formulação da vacina.

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Apesar de não ter problemas com febre aftosa há muito tempo, Brasil continua vacinando o rebanho. (Foto: Governo de Rondônia/Reprodução)

Mesmo após todas as adequações feitas na produção nacional de carne aos padrões exigidos pelos importadores dos EUA, a indústria brasileira tem optado por medidas drásticas para evitar perder o acesso ao mercado americano. De acordo com Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias dos Exportadoras de Carne (Abiec), as empresas associadas à entidade assumiram o compromisso de não enviar ao país a parte do animal onde é realizada a aplicação de vacinas, evitando assim ocorrência de abscessos vacinais na carne bovina in natura.

“Para nos precavermos, fizemos um pacto interno entre nossos associados de que, momentaneamente, nós não vamos exportar aqueles cortes onde normalmente a vacina é utilizada, mitigando ao extremo o risco de aparecimento de qualquer problema”, assegura Camardelli.

A presença de abscessos vacinais na carne brasileira foi a razão apontada pelos EUA para a suspensão das importações em junho de 2017, menos de um ano após a abertura comercial do país ao produto in natura. Desde então, o Brasil se preparou para retomar os
embarques ao mercado americano, reaberto em fevereiro.

Nova vacina

As mudanças realizadas para atender os EUA incluíram alterações na formulação da vacina contra a febre aftosa no Brasil. O Ministério da Agricultura retirou a necessidade de imunização nacional contra o tipo C da doença, considerada extinta no país, o que permitiu reduzir a dose aplicada nos animais de 5ml para 2ml. Ao mesmo tempo, a indústria pôde substituir a composição da fórmula, eliminando a saponina, um dos adjuvantes presentes na vacina até então. “Pela nossa experiência e pela nossa conversa com o governo e com os produtores, nós responsabilizamos a saponina como grande veiculador desse problema [com abscessos]”, explica o presidente da Abiec.

A nova vacina tem sido aplicada no rebanho brasileiro desde maio do ano passado e Camardelli assegura que a nova formulação é “uma das melhores do mundo”. Segundo o presidente da Abiec, o setor confia nos estudos já realizados apontando que mudanças permitirão diminuir a incidência de abscessos na carne brasileira, mas tomou cuidados adicionais. “Como se tratam de estudos e como não temos um histórico dessa garantia que está sendo dada, mesmo sendo uma vacina de excelência, fizemos esse pacto interno para nos precavermos”, esclarece Camardelli

Por: CLEYTON VILARINO

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