Candidatos afinam discurso para atrair votos do setor agropecuário

Com a proximidade das eleições de outubro, as campanhas presidenciais ajustam suas propostas para o agronegócio. Os colaboradores dos três presidenciáveis mais bem avaliados nas pesquisas de intenção de voto, de olho nesse eleitorado, apresentaram algumas propostas de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) para o setor agropecuário – mas ainda sem detalhar como as ideias serão executadas.

O conjunto de propostas de Dilma Rousseff, por exemplo, inclui um plano de safra plurianual, inspirado na “Farm Bill”, lei americana sobre a área, que traça metas de produção para safras futuras, com previsão orçamentária antecipada para cada ano-safra. Quem revela essa e outras propostas é Odacir Klein (PMDB), agora consultor do programa do PT na área agropecuária a pedido do vice-presidente da República, Michel Temer.

“É bom deixar claro que a presidente Dilma tem um programa de continuidade de governo, já que tivemos avanços significativos no setor agrícola nos últimos anos”, diz Klein.

Ele também explica que uma das ideias é ampliar a cobertura de seguro rural no Brasil, facilitando seu acesso, com menos burocracia, pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural – que oferece auxílio financeiro para parte da apólice de seguro contratada pelo produtor rural.

Klein também antecipa que, num eventual segundo mandato de Dilma, ministérios como Pesca e Desenvolvimento Agrário seriam mantidos, em resposta a críticas de excesso de ministérios que o governo tem sofrido. Ele explica ainda que a aposta de Dilma para solucionar a questão de demarcação de terras indígenas é manter a mediação pelo Ministério da Justiça e “muito diálogo”.

As propostas do PT podem ser divulgadas no início de setembro, sob coordenação de Alessandro Teixeira, que vem liderando a organização do programa de governo de Dilma.

Do lado tucano, há propostas que têm por ambição mudanças na gestão do Ministério da Agricultura. Um dos consultores do programa de Aécio Neves no setor agrícola, o economista José Roberto Mendonça de Barros, que é sócio da MB Associados e já foi secretário de Política Econômica no governo FHC, diz que, caso o candidato do PSDB saia vitorioso, o ministério terá “mais reforço orçamentário e mais status político”. A ideia é que o ministério tenha supervisão direta da Presidência da República, com monitoramento frequente de metas.

Para Barros, um dos desafios assumidos no programa de Aécio é alocar mais recursos para a defesa sanitária, que precisa contar com mais pessoal especializado à medida que o Brasil “ganha importância no mercado internacional”.

“Uma proposta é erradicar completamente a febre aftosa em até quatro anos”, afirma o economista. “Isso é fundamental para entramos em mercados como Coreia do Sul e Japão, para onde temos tido muita dificuldade de exportar”, diz.

Outras propostas são simplificar e agilizar o procedimento de autorização pelo governo – via Mapa, Ibama e Anvisa – de novos defensivos agrícolas e fertilizantes, ampliar investimento público em escolas rurais para complementar o atendimento do sistema de educação rural feito pela rede Senar e diminuir o acúmulo de créditos tributários com exportação, clamada por empresas do agronegócio.

Já o PSB, que tenta enfrentar a resistência de parte do setor agropecuário com sua candidata à Presidência, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva, se compromete com propostas na área de pesquisa agropecuária, agroecologia e cooperativismo. Um dos responsáveis por delimitar essa agenda é Odacir Zonta (PSB), que já foi suplente de deputado federal e já presidiu a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), principal entidade nacional do setor.

Zonta afirma que, entre as propostas da candidatura, as prioridades está “resgatar a Embrapa”, destinando mais recursos orçamentários para a estatal, que precisa de mais pesquisadores, segundo ele. Também propõe um plano de implementação rápida do Cadastro Ambiental Rural e incentivos governamentais para que áreas degradadas sejam reutilizadas para agricultura, além de apoiar uma reforma da lei de cooperativas para reduzir a carga tributária nesse segmento, responsável por 52% da produção agropecuária brasileira. O PSB também propõe que o Mapa deixe de ser ocupado por partidos aliados e seja assumido por técnicos ou especialistas da área.

“A convivência da Marina com o Eduardo Campos, durante dez meses, serviu para ela abdicar de conceitos individuais que ganhavam resistência do agronegócio e dizer que a convivência dela como candidata será saudável”, disse Zonta. Segundo ele, o agora vice-candidato na chapa presidencial do partido, o deputado federal Beto Albuquerque, terá o papel de estabelecer diálogo com empresas do setor agropecuário.

Fonte: Suinocultura Industrial

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