Ciclo de alta da pecuária deve persistir em 2015

O atual ciclo de alta da pecuária deve persistir em 2015. A projeção foi feita durante o Encontro de Analistas, promovido pela Scot Consultoria. O evento reuniu um time de especialistas em mercado bovino e de carne no auditório da Dow Agro Sciences, em São Paulo no dia 28 de novembro.

Conforme os analistas, apesar de persistir a alta, não haverá explosão de preço da arroba, que teria batido no teto. É que o novo preço não está cabendo no bolso do consumidor e começa a haver o efeito substituição da carne bovina por outras fontes de proteína animal, como a carne de frango e de suínos.

Sem conseguir repassar aumento do custo da matéria prima para frente, os frigoríficos estão trabalhando com uma margem menor. “Se eu repassar o aumento integral, a clientela some. No nosso caso, a situação é pior: para ter carne de qualidade, temos que pagar mais, mas, se o preço atual se mantiver por um período mais longo, o nosso negócio fica inviável”, disse Eduardo Fornari, da Vermelho Grill, de Porto Alegre, RS. “Ou aumento preço e perco cliente ou não aumento e acumulo prejuízo”.

GADO_AMAZONIAMudança nos ciclos  – Sérgio De Zen, coordenador do Cepea, lembrou que a volatilidade dos ciclos, também, é menor. No passado, a volatilidade dos preços entre os ciclos chegava a 50%. Depois, caiu para 30%. Agora, não deve passar de 20%. Traduzindo, o risco de o preço da arroba cair ou subir muito é bem menor do que nos anos 80 e 90.

Além disso, a duração do ciclo é mais curta. No passado, chegava a sete anos – intervalo em que a cadeia da produção de carne bovina passava por um pico de alta e um de baixa.

Reposição preocupa – Mas a preocupação com o aumento do boi começa a chegar a quem faz recria e engorda ou faz terminação em confinamento por conta da alta forte no preço do bezerro e do boi magro.

Como mostrou no início do debate Alex Oliveira, da Scot Consultoria, no início do ano, um invernista comprava com a venda de um boi gordo 2,26 bezerros e 1,6 boi magro. Agora, compra, respectivamente, 1,95 e 1,45. Em sete meses, quem faz recria e engorda está colocando 31 bezerros a menos na fazenda para cada cem bois vendidos e o confinador, 14 bois magros para cada cem bois terminados no cocho.

Dito de outra forma, o alto preço no mercado de reposição começa a preocupar outros elos da pecuária de corte. A pergunta que se faz é: fazer a reposição ou não? E se o ciclo virar?

Coordenador do Cepea, Sérgio De Zen lembra que os pecuaristas viveram o mesmo dilema em 2008, quando o preço da arroba e da reposição dispararam. Quem pagou caro na reposição de bezerros à desmama naquele ano e vendeu a boiada pronta em 2010, perdeu. O ciclo de alta iniciado em 2008 virou e o preço desabou em 2010, dando início à matança de matrizes, que deu origem ao novo ciclo de alta.

Na opinião de André Bartocci, pecuarista no Mato Grosso do Sul e diretor da Associação Nacional dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB), o ciclo de alta deve se manter em 2015.

Herdeiro das Fazendas Buritis e Marca, em Goiás, Rodrigo Albuquerque diz que, com o atual preço do bezerro, não há outra saída, que não investir na tecnificação. “O bezerro a preço atual não dá para tratar como um fusquinha. É uma Ferrari. Não posso usar uma gasolina batizada”, observa.

Cria na dianteira – Se há dúvida se a atual alta se mantém para além de 2015 e, por essa razão, deixa quem faz recria e engorda numa sinuca de bico, os analistas foram unânimes de que a atividade de cria é a maior beneficiária da alta da arroba.

Além do bom momento em termos de preço do bezerro, André Bartocci lembrou que o setor de cria não está endividado. E o motivo é simples: banco não financia a atividade de cria.

Sem dívida, o criador, segundo o diretor da ACNB, tem boas linhas de crédito para intensificar a produção, como a do Programa ABC, que é pouco aproveitada, para recuperar as pastagens e aumentar a capacidade de suporte da fazenda.

Diretor da Agropecuária Santa Bárbara, do Pará, Fábio Dias diz que, quem faz planejamento, não investe em cria agora. “Quem planeja, aproveita o ciclo de alta para vender tudo e não reter”, diz.“Tem muita gente entrando na atividade de cria ou em ciclo completo, mas, quando começar a nascer o bezerro, quanto ele vai estar valendo?”, acrescenta.

Otávio Dias, do Imea (Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária), lembrou que a demanda por bezerros deve continuar a crescer. Ele lembra que, no seu Estado, a pecuária de corte está atraindo os agricultores, que estão investindo na integração e em confinamento.

Fonte: Portal DBO

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