EDITORIAL: Agricultura dá exemplo para o resto da economia – CNA Brasil

Atividade literalmente sujeita a chuvas e trovoadas, a agricultura desponta em 2017 como muito provável fonte de boas notícias na economia brasileira. O clima deverá ajudar na colheita recorde de 213,1 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 14,2% sobre a safra anterior, bastante prejudicada pela combinação de forte seca e excesso de chuvas, a depender da região, como resultado do fenômeno El Niño (aquecimento do Pacífico), atenuado este ano.

Se tudo der certo, metade do pequeno crescimento do PIB estimado até agora pelos analistas do mercado — de 0,5% a 0,7% —, para este ano, sairá do campo. Logo nestes primeiros meses, o setor deverá compensar o carregamento estatístico negativo com que a recessão de mais de 3% de 2016 contamina o período. Estima-se que a agricultura poderá converter a recessão da virada do ano num crescimento do PIB de 0,5% no primeiro trimestre. Não é pouco.

O desaquecimento da economia chinesa ajudou a derrubar cotações mundiais de produtos primários, mas há esperanças de que este movimento tenha se esgotado. Bom para o Brasil. Assim, será possível melhorar ainda mais a situação da balança comercial, de onde saiu em 2016 um superávit de US$ 47 bilhões, o mais elevado da série estatística, iniciada em 1989.

Um número positivo, mas que, infelizmente, se deve muito a um fator negativo, a profunda recessão da economia brasileira: dois anos de queda do PIB, antecedidos por uma estagnação em 2014. As exportações no ano passado caíram 3,2% — puxadas pela queda de preços —, mas as compras no exterior, afetadas pela recessão, desabaram 20%. O saudável é acumular superávits com aumento nas vendas e nas compras.

Do detalhamento de números mais recentes da agricultura surge um importante aspecto do setor: os ganhos de produtividade. Os avanços no aprimoramento da forma com que se produz levam a que haja crescimento de rentabilidade, mesmo com as cotações não tão elevadas.

Faz muito tempo que a agropecuária nacional deixou de ser um segmento atrasado da economia, sem acesso a novas técnicas e tecnologias. Talvez por isso tenha resistido aos 13 anos de lulopetismo com a espada do MST sobre a cabeça.

Também é verdade que Lula, dentro do seu estilo, tinha uma relação ambígua com o setor privado: criticava as “elites”, mas fazia lobby para empreiteiras no exterior. O campo não enfrentou dificuldades de acesso a crédito, porém nunca pôde estar tranquilo diante da insegurança jurídica em torno do direito constitucional de propriedade.

A modernização agrícola ensina que se abrir ao exterior é essencial. Mas isso atemoriza industriais e induz correntes políticas a defender o protecionismo, num grande equívoco.

Por Editorial do Jornal O Globo

Fonte: CNA Brasil

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