Eficiência alimentar de bovinos é essencial para desenvolvimento da pecuária de corte

Em 2050 a previsão é que a população mundial chegue aos nove milhões, o que implicará em um aumento de mais de 70% na produção global de alimentos. A competição por terra fértil para agricultura e também para a criação de animais se tornará ainda mais acirrada, colocando os produtores em uma situação desafiadora: como produzir mais carne, sem avançar em território e com eficiente uso dos recursos disponíveis? Uma das respostas seria aumentar a eficiência alimentar.

0,,45958409,00Vários estudos e pesquisas neste assunto foram apresentados no 3º Fórum de Gado de Corte da Alltech, realizado no último dia 20 de novembro, em Campinas (SP), para mais de 90 participantes.

Primeiramente, é necessário entender quais as necessidades nutricionais dos animais em cada período de sua vida e a disponibilidade de nutrientes no ambiente ao longo do ano, para então tentar sincronizá-las, diminuindo a necessidade de recursos externos. Para o prof. Dr. Don Adams, da Universidade de Nebraska (EUA), é importante que o criador conheça o ciclo de sua forragem para escolher a melhor data de prenhez, e consequentemente, do parto das vacas.

Nos últimos 90 dias da gestação, assim como nos primeiros dias de lactação, o animal necessita de maior quantidade de nutrientes, o que significa na maioria das vezes, maior consumo de forragem. Neste período se a vaca não se alimentar corretamente, utilizará sua gordura e perderá peso, prejudicando sua performance na estação reprodutiva seguinte.

No estado de Nebraska, EUA, segundo Adams, um dos grandes problemas é promover esta oferta ideal no inverno. Alguns estudos em bovinos da região apontaram que em dezembro, período de inverno no local, a média do nível na dieta ingerida pelos animais estava cerca de 60% abaixo do necessário para o ganho de peso. Portanto, nesta fase a vaca não poderá estar no último período da prenhez e nem estar em lactação, fases em que seu organismo exige mais energia e nutrientes.

Além disso, uma opção é desmamar o bezerro precocemente e levá-lo ao confinamento ou fornecer-lhes suplemento, para que a vaca não perca mais peso. Desmamar o bezerro precocemente, nesta situação de oferta restrita de alimento, poderá acarretar na economia de até 4,5 kg de forragem/cab/mês.

Na sequência da palestra do Dr. Adams, o prof. Dr. Luis Orlindo Tedeschi, da Texas A&M University, apresentou uma visão geral sobre a produção e os desafios da criação de gado de corte nos Estados Unidos. Atualmente, o país possui 100 milhões de cabeças de gado, sendo que cerca de 10 a 12 milhões estão em confinamento destinados ao abate. Houve uma baixa no crescimento na produção entre 2008 e 2011, e um dos desafios, segundo dr. Luis, é aumentar a consistência da composição e da qualidade de carcaça.

Várias tecnologias ao confinamento estão disponíveis no país para auxiliar a reverter o quadro. Tedeschi apresentou um sistema desenvolvido chamado Cattle Value Discovery System, que consiste na avaliação de animais individualmente, destinado para bois de corte, vacas de corte e leite. O indicado aos bois de corte, denominado de CDVSgc, permite selecionar animais com composição de carcaça inicial semelhantes, independentemente do peso vivo, através de equações matemáticas, possibilitando fazer com que a maioria dos animais do lote produzam uma carcaça classificada como de primeira. Segundo os padrões americanos, os animais precisam ter no mínimo 28% de gordura corporal para apresentar carne de alta qualidade.

Para este cálculo, os animais passam por diversos “troncos” para coleta de informações de peso; medidas físicas; imagens de ultrassom e fotografias. No final, são processados todos os dados e é sugerida a apartação dos lotes homogêneos, permitindo precisão na determinação dos aditivos e das quantidades necessárias por animal. Este método possibilita determinar o tempo que o animal ficará em confinamento antes do abate, além de descartar os animais que não conseguirão atingir a porcentagem mínima de gordura para uma boa qualidade de carne. “Estudos de uma empresa que já utiliza o sistema apontaram que animais apartados tiveram um aumento no lucro por cabeça de $11 (dólares) no momento da venda”, pontua Luis.

Pastagem e a dificuldade de manejar os alimentos – um desafio ainda maior fica para os produtores que utilizam o sistema de pastagem, onde é mais difícil controlar a alimentação. Para o prof. Dr. Ricardo Andrade Reis, da UNESP de Jaboticabal, “o grande limitante da eficiência de uso da planta forrageira é trabalhar em um sistema que maximize o consumo de forragem pelos animais. Mas é possível atingir este recurso utilizando as técnicas corretas de manejo do pasto”.

Diversas variáveis do consumo do animal vão influenciar diretamente na produção e a mais importante delas é o tamanho do bocado no momento da alimentação. O produtor precisa manejar a forragem para que ela tenha densidade e altura adequadas e, assim, com poucas bocadas o animal consumirá mais quantidade e, consequentemente, terá maior ganho de peso.

Um bom manejo é o primeiro passo para quem almeja utilizar suplementação no sistema de pastagem. Para Ricardo, após proporcionar o acúmulo correto de forragem, a segunda etapa é corrigir os nutrientes limitantes. A quantidade de suplemento fornecida e seus níveis nutricionais vão depender do manejo praticado e do desempenho esperado.

No caso de novilhas e vacas primíparas de corte criadas a pasto, o prof. Dr. João Vendramini, da Universidade da Flórida (EUA), apresentou algumas estratégias diferenciadas de manejo. Alguns experimentos foram realizados na estação de pesquisas da Universidade, que possui um clima tropical semelhante ao do Brasil. Novilhas que foram desmamadas precocemente, com três meses de idade, apresentaram uma melhor conversão alimentar. O desmame precoce também fará com que a vaca que pariu a novilha volte a ciclar mais rapidamente, podendo iniciar uma nova prenhez na estação reprodutiva seguinte.

Aproximar os produtores dos professores e pesquisadores foi o objetivo da Alltech neste evento. Abordar boas estratégias de manejo da alimentação é essencial, pois ela representa o maior custo no sistema de produção. Para Amaury Valinote, Gerente de Nacional de Gado de Corte, o acesso às informações de experimentos realizados nas universidades pode colaborar com soluções para melhor rentabilidade final das propriedades.

“A Alltech está sempre próxima dos criadores oferecendo produtos que colaboram para a melhor eficiência dos alimentos consumidos. A empresa investe em pesquisas na área de nutrição, qualidade e rastreabilidade para fornecer produtos livres de qualquer contaminação ou danos à saúde animal e humana”, finaliza Amaury.

Fonte: Rural Centro

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