Empresas buscam ‘carne verde’, para não maltratar boi nem desmatar Amazônia – uol economia

A carne produzida no Pantanal ou na Amazônia não precisa ser, necessariamente, um problema ambiental. Nessas áreas, começa a ganhar espaço a produção de “carne verde” ou sustentável, agora com o apoio de grandes redes, como Carrefour, Walmart e McDonald’s.

O McDonald’s, por exemplo, anunciou que vai comprar carne proveniente da pecuária sustentável da floresta Amazônica. O Grupo Carrefour Brasil lançou um sistema para monitorar se seus fornecedores de carne bovina cumprem critérios de sustentabilidade. O Walmart, por sua vez, começou a vender em 20 lojas de Brasília e São Paulo a carne sustentável Rebanho Xingu, produzida em São Felix do Xingu, no Pará.

O que é a carne verde?

A “carne verde” vem de bois e vacas criados de uma forma diferente do convencional, que envolve proteção ao ambiente e preocupação com o bem-estar do animal, desde o nascimento do novilho até o abate. Em geral, os animais ficam soltos e se alimentam em áreas de pastagens nativas. Na pecuária convencional, os animais ficam confinados e se alimentam a base de grãos. 

Para ser considerada sustentável, a produção precisa seguir três critérios. segundo a pesquisadora da Embrapa Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) Sandra Santos:

  • ambiental: garantia de que não haverá mais desmatamentos e que as áreas já devastadas serão reaproveitadas e recuperadas, como na Amazônia e Pantanal;
  • social: apresentar oportunidades aos pecuaristas da região, dos pequenos aos grandes;
  • econômico: dar a esses produtores a opção de melhorar seu negócio e aumentar sua renda; em vez de precisarem investir e ter novas áreas para produzir mais, eles podem reaproveitar o terreno que já possuem; também conseguem abater o animal em menos tempo.

Muda o sabor?

Com forte presença no mercado de frangos orgânicos, a empresa Korin é uma das que produzem e vendem carne bovina sustentável. A carne usada é das fêmeas, as vacas, e a alimentação dos animais vem de pastos nativos do Pantanal, sem agrotóxicos ou adição de ureia para acelerar a engorda, diz o diretor-superintendente da companhia, Reginaldo Morikawa.

Segundo ele, isso muda o sabor da carne: a carne sustentável tem um paladar de caça e um sangue mais leve. Na carne tradicional predomina o gosto de milho, e a maciez é prejudicada, diz ele. 

Preço é mais alto?

Essa preocupação puxa o preço para cima, sim, segundo Morikawa, da Korin. Quando se compara a carnes vendidas nos supermercados sem ter a marca especificada, a diferença no preço chega a 90%, diz ele. Comparada a cortes selecionados, de marcas consideradas premium, o produto é cerca de 30% mais caro.

Além de frangos orgânicos, empresa Korin vende carne bovina sustentável

No caso do Walmart, a ideia é que a carne sustentável custe o mesmo que a convencional, diz o diretor de Sustentabilidade, Luiz Herrisson. “Se o produto for mais caro, vai ser difícil ter aceitação e boas vendas, principalmente em um momento de crise econômica. Tem que custar o mesmo que o outro, ser competitivo.” 

Para Leonardo Lima, diretor de sustentabilidade da Arcos Dorados, que administra o McDonalds, não haverá repasses ao consumidor pelo uso da pecuária sustentável. “Não estamos prevendo gastos maiores e não pretendemos repassar ao consumidor.”

McDonald’s: ‘tendência de mercado’

O McDonald’s anunciou que vai comprar, por ano, 250 toneladas de carne proveniente da pecuária sustentável da floresta Amazônica.

O primeiro lote virá do município de Alta Floresta, no norte do Mato Grosso. Nesse processo, o animal precisa ser bem tratado e as áreas de produção só podem ter sido devastadas antes de 2008. Quem monitora é o ICV (Instituto Centro de Vida). A JBS faz a compra e o processamento da carne para o McDonald’s. 

O investimento ainda é pequeno se comparado às 30 mil toneladas de carne compradas anualmente pela rede. Segundo o diretor de Sustentabilidade, a rede de fast food pensa em expansão, mas ainda não é possível prever quando isso acontecerá, pois depende da adesão de novos produtores. “É uma tendência do mercado como um todo. É uma prática de agora para refletir no futuro.”

Francisco Beduschi Neto, coordenador Iniciativa de Pecuária Sustentável do ICV, explicou mercado no Brasil e no exterior. “Ao produzir uma solução dessa, é possível melhorar a renda do produtor, que não precisará desmatar mais para aumentar sua produção, conservar o meio ambiente e atender às demandas do mercado”, diz.

Walmart: monitoramento via satélite

Carne sustentável produzida em São Felix do Xingu (PA) é vendida em lojas do Walmart

A carne sustentável vendida em algumas lojas do Walmart é produzida no Pará pela Marfrig, em parceira com a ONG “The Nature Conservancy”.

Com o uso de satélites, o Walmart consegue monitorar 100% da produção para evitar desmatamento, uso de terras indígenas ou áreas de conservação e emprego de trabalho escravo, além de garantir o bem-estar animal e trabalho para os pequenos produtores, diz o diretor de Sustentabilidade da rede. A expectativa, diz ele, é que o monitoramento seja estendido para outras regiões do país até o final de 2017.

Por Thâmara Kaoru

Fonte: uol economia

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