Ibama determina recolhimento de brigadas de combate a incêndios por falta de recursos

Decisão foi comunicada em ofício, e órgão fala em ‘indisponibilidade financeira’. Vice Hamilton Mourão, chefe de Conselho da Amazônia, informou que vai conversar com ministro Ricardo Salles; em agosto Mourão desautorizou Salles de suspender operações contra incêndios.

O ofício de quarta-feira (21) que determina a suspensão dos trabalhos é assinada pelo chefe do Centro Especializado Prevfogo/Dipro, Ricardo Vianna Barreto.

Trecho de circular que determina o recolhimento de brigadas de incêndio florestal do Ibama — Foto: Reprodução
Trecho de circular que determina o recolhimento de brigadas de incêndio florestal do Ibama — Foto: Reprodução

“Determino o recolhimento de todas as Brigadas de Incêndio Florestal do IBAMA para as suas respectivas Bases de origem, a partir das 00:00H (zero hora) do dia 22 de outubro de 2020, onde deverão permanecer aguardando ordens para atuação operacional em campo”, diz o documento.

Já o despacho desta quinta é da diretoria de licenciamento ambiental do órgão (veja abaixo).

Em nota (veja a íntegra ao final da reportagem), o Ibama informou que a determinação para suspender o trabalho dos brigadistas “acontece em virtude da exaustão de recursos” e que “já contabiliza 19 milhões [de reais] de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do instituto, inclusive, as do Prevfogo”.

Documento do Ibama desta quinta-feira (22) fala em 'indisponibilidade financeira' para fechar o mês de outubro. — Foto: Reprodução
Documento do Ibama desta quinta-feira (22) fala em ‘indisponibilidade financeira’ para fechar o mês de outubro. — Foto: Reprodução

Ministro e vice-presidente

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, declarou nesta quinta-feira (22), após a divulgação dos documentos do Ibama, que vai “esclarecer a situação” com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. O instituto é subordinado à pasta comandada por Salles.

Mourão comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal, colegiado criado em fevereiro por Bolsonaro para avaliar medidas como o combate a incêndios na floresta. No fim de agosto, o vice-presidente chegou a desautorizar Salles após o ministro anunciar que as operações de combate ao desmatamento ilegal na Amazônia e às queimadas no Pantanal seriam suspensas por bloqueio de verbas.

“Você empenha e para liquidar você tem que ter o financeiro. Se não tem o financeiro você não paga. Pode ser isso que está acontecendo. Se é atraso de financeiro, vamos ver como a economia pode auxiliar. Por isso tenho que esclarecer a situação”, acrescentou.

Veja a íntegra da nota do Ibama:

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) informa que a determinação para o retorno dos brigadistas que atuam no Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) acontece em virtude da exaustão de recursos. Desde setembro, a autarquia passa por dificuldades quanto à liberação financeira por parte da Secretaria do Tesouro Nacional.

Para a manutenção de suas atividades, o Ibama tem recorrido a créditos especiais, fundos e emendas. Mesmo assim, já contabiliza 19 milhões [de reais] de pagamentos atrasados, o que afeta todas as diretorias e ações do instituto, inclusive, as do Prevfogo.

Queimadas na Amazônia e no Pantanal

Incêndios na Amazônia: Moradora olha enquanto fogo se aproxima de sua casa perto de Porto Velho, no dia 16 de agosto. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters
Incêndios na Amazônia: Moradora olha enquanto fogo se aproxima de sua casa perto de Porto Velho, no dia 16 de agosto. — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

A suspensão dos trabalhos de combate a incêndios ocorre logo após as queimadas na Amazôniae no Pantanal atingirem marcas recordes neste ano.

Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostram que o número de focos de incêndio registrados na Amazônia de janeiro a setembro deste ano foi o maior desde 2010. Naquele ano, foram 102.409 pontos de fogo na floresta de 1º de janeiro a 30 de setembro; em 2020, no mesmo período, foram 76.030.

No caso do Pantanal, também segundo o Inpe, 14% do bioma foi queimado apenas em setembro – é a maior devastação anual do território causada pelo fogo desde o início das medições, em 2002, pelo governo federal. A área atingida no ano chega a quase 33 mil km², que equivale à soma do território do Distrito Federal e de Alagoas.

Por: G1

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