Moradores de Vila do Conde, em Barcarena, no nordeste paraense, devem se reunir no salão paroquial São João Batista na manhã desta segunda-feira (12) para cobrar medidas das autoridades competentes sobre os transtornos provocados pelo naufrágio de um navio que transportava cinco mil bois vivos na última terça-feira (6).
Segundo a comunidade, a situação vem provocando uma série de danos ao meio ambiente e à vida dos moradores. Eles afirmam ainda que a barreira de contenção que isolava a área do naufrágio rompeu-se na noite do último domingo (11), causando um forte mau cheiro por conta da decomposição dos animais e do óleo que se espalhou pelas águas do rio Pará.
Uma equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) foi enviada na manhã desta segunda-feira para Barcarena com o objetivo de acompanhar o andamento das ações por parte da empresa que já iniciou a preparação para retirada do óleo do navio.
Caso a Companhia Docas do Pará (CDP) e todas as empresas envolvidas não cumpram as exigências feitas pela Semas, poderão pagar multa diária, que inicialmente foi fixada em R$ 200 mil. Porém, devido ao descumprimento da primeira notificação, a Secretaria a aumentou para R$ 1 milhão por dia para que todos os agentes cumpram com todas suas responsabilidades em relação ao acidente.
Em nota, a Companhia Docas do Pará (CDP) informou que as determinações judiciais já estão sendo cumpridas, mas que a retirada, transporte e incineração dos bois foi suspensa no final da tarde do último domingo (11) porque pessoas da comunidade obstruíram a rodovia que dá acesso às valas, que foram cavadas para que fosse feito o descarte e a queima dos animais em decomposição.
Naufrágio
O navio naufragou na manhã da última terça-feira (6) no porto de Vila do Conde, em Barcarena, no nordeste do Pará, quando estava carregado com cerca de cinco mil bois vivos. A carga era da multinacional Minerva, de Barretos (SP).
Três praias de Vila do Conde, o píer onde ocorreu o naufrágio e a praia de Beja, em Abaetetuba, foram interditadas e proibidas para qualquer tipo de atividade. De acordo com a Companhia Docas do Pará (CDP), a embarcação transportava cerca de 700 toneladas de combustível. Ainda segundo a CDP, o óleo pode chegar em outras praias da região.
Na manhã da última quarta-feira (7), durante uma reunião no Porto de Vila do Conde entre autoridades municipais, estaduais e federais, foi criado um comitê gestor de gerenciamento de crise para o caso. Em Belém, também ocorreu uma reunião com autoridades ambientais, quando foi montado um planejamento que possa diminuir os danos ambientais provocados pelo acidente.
As empresas Minerva Foods, Serveporte e Global Agência Marítima e a Companhia de Docas do Pará foram notificadas a apresentar explicações. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), pouco mais de 100 bois foram resgatados com vida. A maior parte morreu afogada e muitos animais não conseguiram sobreviver porque teriam ficados presos no porão do navio.
Ainda segundo o Ibama, ainda há 730 mil litros de diesel na embarcação submersa. A previsão é que o esquema montado para a retirada do navio, dos animais, além da limpeza da área, seja concluída em 40 dias. O custo da operação deve ser de R$150 mil por dia.
Decisão judicial
Na última quinta-feira (8), o juiz da comarca de Barcarena, Deomar Alexandre de Pinho Barroso, expediu um mandado de intimação que previa, dentre uma série de determinações, que a Companhia de Docas do Pará (CDP), a Minerva Foods e a Global Agência Marítima iniciassem de imediato a retirada dos animais mortos do rio Pará, devendo ser dada uma destinação adequada de modo a não causar prejuízos ambientais e à saúde das pessoas.
Além disso, a CDP e demais empresas deveriam providenciar a retirada imediata do volume de óleo diesel depositado nos tanque do navio que vem se espalhando pelas águas. Outra exigência é que fossem elaborados e encaminhados relatórios diários das atividades desenvolvidas à autoridade policial competente bem como ao Ministério Público do Estado do Pará.
Fonte: g1.globo.com
Foto: Reprodução/TV Liberal