Pará conquista primeiro Selo Arte para queijo do Marajó

Produtores Cecília e Marcus Pinheiro, da fazenda São Victor, agora podem vender seu queijo legalmente para todo Brasil

“Estou tão feliz, a gente conseguiu! Mas não foi rápido, nós solicitamos em agosto de 2019 e só saiu porque o governo estadual está ajudando muito através da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap) e da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), que deram boas orientações”, conta Cecília, que dirige a fazenda São Victor ao lado de seu marido Marcus Pinheiro, na Ilha de Marajó, no Pará.

Cecília e Marcus com o filho, Victor Pinheiro. FOTO: Cecília Pinheiro/Acervo Pessoal

Cecília quase não precisou fazer modificações no local de produção. “A única coisa que me pediram foi colocar um extrato para acomodar o panelão de leite para coagular por 24h. Antes ele ficava direto no chão”, detalha a produtora de queijo do Marajó. Em 2013, para conseguir a certificação estadual, ela já tinha eliminado tudo o que era de madeira da queijaria e trocar por aço inox ou plástico.

“Eu creio que eles também levaram em consideração que nosso leite é próprio, não compramos matéria-prima de outro rebanho. Também investimos todo ano na fazenda, em inseminação artificial, exames de brucelose e aftosa, realmente isso fica caro, entre R$ 15 e R$ 30 por animal”, diz Cecília. A fazenda tem 300 matrizes só para produção leiteira. A novidade é que agora ela precisa preencher uma outra tabela para controlar a saúde do animal desde o nascimento, com todos os procedimentos (exames, medicamentos, etc) realizados durante a vida.

O queijo do Marajó é de leite cru e vendido tradicionalmente fresco. FOTO: Cecília Pinheiro/Acervo Pessoal

“Outra vantagem é que búfala não tem mastite, nunca dá. E ela adora lama, que funciona como um isolante térmico. Se elas estão em seu habitat natural, num ambiente fresco, onde ficam confortáveis, elas não ficam doentes. A gente não usa antibiótico, elas ficam soltas no campo, não há confinamento. Só damos sal mineral quando está mais seco, mas mesmo na seca elas ficam bem gordinhas”, conta Cecília. Cada animal dá cinco litros* de leite por dia e a produção diária, que varia entre 600 e 800 litros,  é toda transformada e queijo. Quando a produção está no pico, rende em torno de 115 kg por dia.

Queijo do Marajó com cerveja é costume no Pará. FOTO: Cecília Pinheiro/ Acervo Pessoal 

“Vendemos tudo rapidinho, no Pará mesmo. Agora vamos deixar esse mercado para outros fazendeiros da nossa associação e dar prioridade aos clientes de outros estados”. O queijo do Marajó de Cecília pode ser encontrado em várias lojas no Brasil (veja lista abaixo). “Esses clientes por enquanto só representam 20% das nossas vendas, mas a previsão é aumentar”, espera Cecília.

As búfalas adoram ficar em terrenos alagados. FOTO: Cecília Pinheiro/Acervo Pessoal

Segundo Cecília, mais três produtores da Ilha de Marajó já estão com seus dossiês avançados e aguardando o selo arte.

Confira pontos de venda do queijo de Marajó fora do Pará:

Galeria do queijo (SP)

Armazém do Mineiro (SP)

Mestre queijeiro (SP)

Os Legítimos Quitutes de Minas (SP)

Armazém São Paulo – SP

Sonhos de Queijo (Campinas)

Imediatto (Campinas)

Santo João (Piracicaba)

Produtos DOC (RJ)

Tarsitano Produtos de Origem (Brasília)

Empório Capital (Brasília)

Ao queijo (Florianópolis)

Dom Rico (Goiânia)

* Esse artigo foi modificado dia 11 de abril de 2020. As búfalas produzem por dia 5 litros de leite ao invés de 3 a 4 litros. 

Repost: Estadão por Débora Pereira

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