Pesquisadores indicam recomendações para manejo do solo e de plantas daninhas no plantio de citros no AM – Embrapa

Pesquisadores da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas-BA), da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus-AM) e da Universidade Federal do Amazonas fizeram recomendações técnicas para manejo adequado do solo e de controle de plantas daninhas no plantio de citros nas condições do Amazonas.

Foto: Síglia Souza
Foto: Síglia Souza

As informações foram apresentadas durante o Dia de Campo “Coberturas vegetais e novos porta-enxertos na citricultura do Amazonas”, realizado em Iranduba, onde cerca de 130 pessoas, entre agricultores, técnicos e estudantes receberam a indicação de plantas de cobertura do solo para uso nas entrelinhas de plantios de citros (laranjeiras, limoeiros e tangerineiras), além de informações sobre como fazer o manejo adequado do solo aliado ao manejo das plantas daninhas e em qual época mais adequada, nas condições do Amazonas, o plantio pode conviver com plantas daninhas sem comprometer a produção e quando essas plantas infestantes precisam ser eliminadas.

Todas essas informações foram resultantes de estudos em que pesquisadores da Embrapa e da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), estiveram realizando experimentos junto a produtores no Estado, e agora foram apresentadas ao público a fim de contribuir para que os produtores tenham melhor sustentabilidade em seus pomares de citros, com maior produtividade, mais ganhos econômicos, redução de agrotóxicos e melhor equilíbrio ambiental.

As atividades iniciaram na Fazenda Santa Rosa, em Iranduba, do produtor Edney Marques, que já está adotando algumas das recomendações do experimento realizado em sua propriedade. O público veio de Manaus, Rio Preto da Eva, Presidente Figueiredo e Iranduba para participar do Dia de Campo. Pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Mandioca e Fruticultura e professores da Ufam se revezeram nas explicações que foram organizadas em três estações.

Cobertura do solo – Em uma das estações, o pesquisador José Eduardo, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, explicou sobre “Implantação e manejo de coberturas vegetais em pomares de citros no Amazonas”, comentando os resultados de experimentos em Iranduba e Rio Preto da Eva, assim como dados obtidos em Sergipe e na Bahia, para destacar as vantagens da cobertura vegetal na entrelinha dos plantios. Os resultados das pesquisas indicam que a cobertura do solo ajuda no armazenamento de água no solo, no aumento de matéria orgânica, na redução da compactação e melhor enraizamento da planta, assim como ajuda a reduzir a temperatura do solo e controla a infestação por plantas daninhas que competem com o plantio principal de citros. Além disso, ao reter matéria orgânica a cobertura do solo ajuda a armazenar carbono e evitar emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE). 

No caso do Amazonas, as plantas de cobertura com melhor desempenho selecionadas foram as gramíneas Braquiária ruziziensis, que controlou em 100% o mato e Braquiária decumbens, que controlou 82%. A primeira foi a de preferência do produtor, pela facilidade de implantar uma vez só. Mas o pesquisador também sugere aos produtores que associem as gramíneas com plantas leguminosas na cobertura do solo, tendo como sugestão de leguminosa o calopogônio, pois aprofunda bem no solo e fixa nitrogênio ajudando a planta, além de diversificar o plantio e aumentar a biodiversidade para controle biológico de pragas por insetos inimigos naturais.

Controle de plantas infestantes – Em outra estação, sobre “Período crítico de interferência de plantas infestantes na citricultura” os professores da Ufam, José Ferreira e Gerlândio Suassuna, apresentaram resultado de um estudo que mostra quando as plantas daninhas tem maior competição com as laranjeiras e quando podem conviver sem grandes danos. Para o Amazonas, o período de outubro a maio tem maior competição e causam maior perda de frutos para as laranjeiras, sendo recomendado que nesse período seja retirado o mato, ou por meios mecânicos (roçagem) ou por meios químicos (herbicida). No período de junho a setembro, essas plantas infestantes podem permanecer e ajudar na cobertura do solo. “Com isso se tem uma redução de gastos no uso de herbicidas e reduz riscos de contaminação, para os produtores que usam esse tipo de controle químico, além da economia em mão-de-obra”, explicou Gerlândio.

Novas combinações de porta-enxerto e copa – Em mais uma estação, sobre “Avaliação de porta-enxertos para citricultura do Amazonas”, o pesquisador Walter Soares Filho, da Embrapa Mandioca e Fruticultura, expôs sobre os experimentos que estão sendo feitos com as novas combinações de  porta-enxertos e variedades de copa de laranjeiras doces. Soares explicou que esse estudo pretende indicar alternativas para superar a vulnerabilidade a doenças, assim como busca obter plantas com melhor qualidade de frutos, início precoce na produção de frutos, tolerância a seca, e plantas ananicantes ou semi-ananicantes, ou seja plantas menores que tenham redução de porte para facilitar a colheita e que permitam aumentar a densidade dos plantios ocupando menos áreas. A pesquisadora da Embrapa Amazônia Ocidental, Terezinha Batista Garcia, apresentou esse experimento no campo experimental Caldeirão, explicando que também estão sendo testadas opções para que o produtor possa utilizar as entrelinhas do citros com culturas de ciclo curto nos dois primeiros anos do plantio. No experimento apresentado, o plantio com as novas combinações de porta-enxertos e copas, iniciado há cerca de 1 ano, já teve consórcio com feijão-caupi, em seguida veio o plantio de milho também já colhido, e agora está sendo consorciado com plantio de mandioca. “É uma alternativa para o produtor tirar alimento e renda, enquanto aguarda a produção de citros”, explicou Terezinha.

Parceria – O chefe-geral substituto da Embrapa Amazônia Ocidental, Celso Paulo Azevedo, na abertura do evento, no dia 3 de agosto, destacou a parceria para a realização dessas pesquisas, agradecendo a colaboração do produtor rural no apoio ao trabalho, e destacando também a união de esforços entre instituições, citando que o dia de campo “Coberturas Vegetais e Novos Porta-enxertos na Citricultura do Amazonas” foi realizado em parceria pela Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Mandioca e Fruticultura, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror) e Federação de Agricultura do Estado do Amazonas (Faea). O evento também reuniu representantes de várias instituições parceiras da Embrapa, tais como Superintendência Federal de Agricultura (SFA/Mapa); Secretaria de Agricultura do município de Iranduba; Comissão de Agricultura e Pesca da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam); Faea e Serviço de Aprendizagem Rural (Senar); Amazoncitrus; técnicos do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), alunos e professores da Universidade Federal do Amazonas, além de agricultores dos municípios de Rio Preto da Eva e Iranduba.

Acesso à informação – O produtor Arno Frank, que tem propriedade com plantio de citros em Rio Preto da Eva, disse que para ele “foi muito interessante ter acesso a muitas informações novas”, pois não tinha ideia da época do ano mais indicada para o controle do mato e nem que poderia usar o capim braquiária na cobertura do solo. Para o técnico do Idam de Rio Preto da Eva, Jamilson Laray, a oportunidade de participar do Dia de Campo foi muito proveitosa “O setor da fruticultura é muito dinâmico e nós precisamos acompanhar esses resultados de pesquisa para conhecer e levar essas indicações aos produtores”, comentou.   O produtor Ozires Silva, presidente da Associação Amazonense de Citricultores (Amazoncitrus), comentou que são importantes esses resultados e há um grande desafio em levar essas informações aos produtores. Segundo ele, o desafio maior é levar ao pequeno produtor. “O grande produtor tem seus próprios recursos, e costuma buscar, mas o pequeno produtor vai depender do extensionista, da assistência técnica do Estado”  disse, acrescentando que a atual estrutura não tem técnicos em quantidade necessária para atender essa necessidade.

 

Siglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental

Fonte: Embrapa

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