Pesquisas continuam nas unidades da Secretaria de Agricultura, que realizam colheitas de soja, milho e amendoim

Unidades de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vêm realizando colheitas de grãos ligadas a diversos experimentos

Tomando-se todas as precauções de saúde necessárias face ao atual momento, as pesquisas seguem trazendo resultados para o agro paulista.

No Polo de Pindorama da APTA, a colheita de amendoim realizada nas últimas semanas deverá trazer informações importantes sobre novas cultivares além do combate à uma praga que preocupa o produtor. “As colheitas que foram realizadas se referem a duas linhas de pesquisa: a primeira é sobre melhoramento de amendoim e desenvolvimento de novas cultivares, e a segunda, sobre a avaliação e controle do percevejo-preto, uma praga de solo que ataca a cultura”, diz Marcos Michelotto, pesquisador da APTA e um dos responsáveis pelos trabalhos.

As pesquisas com melhoramento, coordenadas pelo pesquisador Ignácio Godoy, do Instituto Agronômico (IAC-APTA), visam obter cultivares de amendoim que apresentem maior resistência a doenças e também maior produtividade, explica Michelotto. “Colhemos as vagens e enviamos para análise no Instituto, onde se analisa a produtividade e se as características das cultivares atendem às exigências do mercado, podendo ser disponibilizadas como opção ao produtor”.

Quanto à outra pesquisa, o grupo liderado pelo pesquisador vem buscando maneiras de melhor conhecer e combater o percevejo-preto (Cyrtomenus mirabilis). “Esta praga pode estar presente na plantação sem que o agricultor se dê conta, uma vez que o inseto ataca as vagens no solo, danificando os grãos”, detalha Michelotto. Segundo o pesquisador da APTA, o problema pode ser percebido apenas durante o beneficiamento, onde os grãos danificados pelo percevejo acabam tendo sua classificação rebaixada e recebendo valor de mercado bem menor. “Testamos alguns tipos de inseticidas e pretendemos avaliar tanto a eficiência de cada um no controle do percevejo, quanto a persistência de resíduo no grão colhido”, explana. A questão do controle de resíduos, defende o pesquisador, é essencial para a saúde do consumidor e necessária para adentrar mercados exigentes, como o europeu. “Também estamos testando alternativas de controle biológico, utilizando nematoides e fungos entomopatogênicos para combater o percevejo”. Outra aposta é a utilização de compostos à base de enxofre, que agem como repelentes. “Eles impedem que o inseto permaneça na área, ou reduzem sua alimentação e, consequentemente, seus danos, controlando a praga durante todo o ciclo do amendoim”, diz o especialista.

Feita a colheita, a hora é de analisar os resultados obtidos para averiguar quais tratamentos empregados foram eficazes. Para isso, o corpo de estagiários do projeto está auxiliando o pesquisador na limpeza dos grãos, contagem de insetos presentes e de grãos avariados e mensuração dos danos observados. Outras amostras foram enviadas ao laboratório contratado para realizar os testes de resíduos de agrotóxicos. “Nesse projeto, contamos com a parceria de empresas do setor que têm interesse direto em resolver o problema, que pode causar perdas da ordem de 20 a 30% da produção”, salienta Michelotto.

Expansão da soja em SP motiva pesquisas

Além do amendoim, pesquisas com soja também estão fornecendo novos resultados na APTA. Na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Itapetininga, foram realizadas as colheitas de um relevante projeto realizado em parceria com a cooperativa COPLACANA. “Neste projeto, avaliamos mais de 25 variedades de soja quanto a diversas características de produção”, diz o pesquisador da APTA Carlos Frederico Rodrigues, responsável pela Unidade.

Ele explica que o projeto terá duração de cinco anos, estando atualmente no terceiro. Nesse período, as cultivares serão avaliadas a cada nova safra, formando-se um ranking de acordo com seu potencial produtivo. “Objetivamos estabelecer uma espécie de ‘selo de desempenho’ para as cultivares, de acordo com o desempenho de cada uma”, aponta. Mais que expor as características produtivas da planta propriamente ditas, o projeto quer auxiliar o produtor a fazer a melhor escolha, levando-se em conta seu potencial de investimento, demanda de produção, capacidade instalada em termos de maquinário, entre outros fatores. “Começamos cultivando todas em áreas de diferentes tamanhos e, quando identificamos que uma cultivar tem bom desempenho, plantamos em maior escala no próximo ano – um desafio de produção comercial”, comenta Rodrigues.

Além das variedades comercialmente conhecidas, a pesquisa trabalha com muitas advindas de instituições de pesquisa e assistência técnica, como a Coordenadoria de Desenvolvimento Rural Sustentável (CDRS), da Secretaria, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Essas variedades de sojas convencionais são, na opinião do pesquisador, interessantes para inserção junto ao agricultor familiar.

Outro intuito da pesquisa, informa o responsável, é difundir e estimular a técnica de plantio direto para soja, considerada vantajosa em termos de conservação do solo. “Todas as variedades do experimento foram cultivadas em plantio direto”, lembra Rodrigues. “Estamos agora iniciando o plantio de aveia, uma cultura de inverno que será colhida para semente e, depois, servirá de palhada para o novo plantio de soja – que deve ocorrer em outubro”. Algumas variedades foram observadas no sistema ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta) da Unidade, e, nesses cenários de integração, serão avaliadas a partir da safra 2020-2021, incluindo dados climáticos em tempo real e contínuo.

O pesquisador conta que, uma vez por ano, ocorre na UPD o evento Caminhos da Soja, onde os produtores rurais têm a possibilidade de conhecer os resultados levantados pela pesquisa e utilizar deste conhecimento para selecionar as variedades que mais lhe convenham. “É uma vitrine tecnológica”, ressalta Rodrigues, acrescentando que a Unidade também realiza pesquisas com milho na mesma linha. “Visitas monitoradas nesses sistemas de produção são agendadas com colegas da CDRS, produtores e estudantes, durante todas as fases da cultura”, completa.

Também é tempo de colheita no Polo de Adamantina da APTA. A região, assim como a de Itapetininga, assiste a uma expansão considerável da sojicultura. “A soja é uma commodity de segurança em relação à comercialização futura e demanda”, coloca Fernando Nakayama, pesquisador e diretor do Polo, apontando este fator como um promotor do interesse dos agricultores paulistas na cultura. “Os produtores começaram a querer informação, procurar variedades e a gente se sentiu na obrigação, como Instituição de Pesquisa, de gerar essa informação e fazer essa difusão”, contextualiza.

De acordo com Nakayama, as pesquisas estão na primeira etapa – e a de maior demanda -, que é a escolha das cultivares de soja adaptadas à região. Para isso, as empresas de sementes são convidadas a terem suas variedades avaliadas. “O que é feito é plantar faixas de cultivares onde avaliamos o comportamento geral de cada uma, fazemos a biometria e constatamos a produtividade”, relata o pesquisador. “Posteriormente, geramos o resultado e disponibilizamos para o produtor”, finaliza.

No Polo, experimentos similares são feitos também com variedades de milho de interesse para a região. Periodicamente, como forma de transferência de tecnologia, são realizados dias de campo para os produtores rurais conhecerem as cultivares disponíveis para cada cultura e embasarem suas escolhas na hora de produzir.

Fonte: Assessoria de Comunicação Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

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