Plantio de trigo avança na Bahia e pode chegar a 20 mil hectares – Globo Rural

Quem diria: o trigo, uma cultura de inverno, está avançando rapidamente pelo Cerrado baiano, região de altas temperaturas e com potencial para ocupar área dez vezes maior que a atual em pouco tempo, conforme avaliação de pesquisadores e produtores do oeste da Bahia, principal região produtora de grãos do Estado. Os bons resultados decolheita obtidos com variedades desenvolvidas pela Embrapa nos últimos anos estão sustentando o aumento do cultivo, que atualmente ocorre exclusivamente sobre pivôs de irrigação, entre os meses de abril e agosto. O Sindicato Rural de Luis Eduardo Magalhães estima em 2 mil hectares a área plantada com o grão no município.

Fonte: Internet
Fonte: Internet

A Embrapa Cerrados, que desenvolveu a tecnologia adaptada ao Bioma, calcula que o potencial de plantio é de 20 mil hectares em um curto espaço de tempo. Pesquisadores da estatal estiveram na Bahia Farm Show 2016 nesta quarta-feira (25/5) para mostrar a viabilidade da cultura.

O encontro contou com representantes de produtores, governo estadual e da iniciativa privada, que está avaliando construir um moinho na região. “Nossa indústria consome farinha de outros estados e também de fora do Brasil. Estamos avaliando agora construir um moinho próprio, mas para isso precisamos saber qual a intenção dos produtores em cultivar o trigo aqui. Não posso correr o risco de investir numa planta industrial e depois precisar buscar matéria-prima de outras regiões, porque o plantio local não se viabilizou”, afirma João Ramos, diretor e um dos fundadores da Limiar, fabricante de pães congelados e para consumo, com sede em Salvador. O empresário cogita investir R$ 40 milhões em um moinho no oeste baiano, com capacidade para processar 150 toneladas ao dia.

Os produtores que já estão plantando o cereal prometem elevar as apostas sobre o produto, que está com preços altos e dando mais dinheiro que a soja na região. “Com uma produtividade média de 100 sacas por hectare e custo de R$ 2.300 por hectare, o trigo é a cultura mais rentável para mim hoje”, afirma Osvino Fábio Ricardi. Há três anos ele dedica parte da área que possui em Luis Eduardo ao cereal. Na safra que está em desenvolvimento no campo e deve ser colhida em agosto ele dedicou 700 hectares ao trigo – 350 hectares são para produzir sementes. No próximo ciclo planeja aumentar a área. E o motivo vem em seguida: “Vendi hoje toda a minha produção a R$ 900 por tonelada (o equivalente a R$ 57 por saca), bem acima da média”, diz.

Tipo pão

O pesquisador da Embrapa Cerrados, Julio Cezar Albrecht, afirma que as duas variedades desenvolvidas (BRS 264, lançada em 2008, e a BRS 394, de 2015) estão rendendo altos índices de rendimento (média de 100 sacas por hectare) e o melhor: “com qualidade superior ao trigo do Sul. O grão colhido aqui tem força de glúten (w) acima de 300. É umtrigo de primavera, tipo pão, com qualidade comparada ao produzido no Canadá”, diz.

Além da viabilidade econômica, Albrecht ressalta a importância do cereal para a sanidade do solo. “É uma cultura extremamente necessária, porque quebra o ciclo de doenças e pragas e suprime plantas daninhas”, lembra.

“Essa é uma cultura em que eu acredito muito, pelos benefícios agronômicos e financeiros. Precisamos somente que ela faça parte do zoneamento agrícola e também entre nos financiamentos do banco”, afirma Julio César Buzato, presidente da Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Segundo Busato, o oeste baiano tem hoje 120 mil hectares irrigados e com potencial para crescer muito mais.

POR CASSIANO RIBEIRO, DE LUIS EDUARDO MAGALHÃES (BA)*

*O jornalista viajou a convite da Aiba

Fonte: Revista Globo Rural

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