Produtores querem preço mínimo para o cacau

A inclusão do cacau na política de preços mínimos do governo federal foi apontada como uma das alternativas para solucionar a crise do setor cacaueiro, agravada entre outros fatores, pela queda de 42% no preço da amêndoa seca nos últimos dois anos. A discussão foi durante a primeira reunião deste ano da Câmara Setorial do Cacau, realizada em Belém na noite do dia, 26 de Março, na Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa).

Imagem: Norte Noticias
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Com a presença do diretor geral da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), Helinton Rocha, a câmara tratou com grande preocupação a concorrência de grandes projetos, como a usina de Belo Monte, que está tirando a mão de obra do campo na maior região produtora de cacau do Estado, a Transamazônica. Os agricultores estão deixando a lavoura, atraídos por salários temporários no canteiro de obras da usina. Por causa dessa concorrência a diária do trabalhador chegou a R$ 50, especialmente durante a colheita, o que é inviável, segundo o produtor Givaldo Araújo de Medicilândia, o município que mais produz cacau no mundo.

O problema foi enfatizado pelo secretário estadual de Agricultura, Hildegardo Nunes, que esteve em Altamira e Brasil Novo no fim de semana e verificou que as obras estruturantes não estão sendo realizadas como condicionantes pelo consórcio de empresas, responsável pela construção de Belo Monte. “Essa migração de mão de obra vai formar, após o término da construção da hidrelétrica, um exército de desempregados que perderão a vocação para a agricultura e não vão querer voltar para os seus lotes contribuindo para manter a região na linha de pobreza”, alertou o secretário.

Hildegardo Nunes sugeriu reunir o quanto antes com os prefeitos e sindicatos rurais da região para discutir o problema e evitar uma queda na produção de cacau. Isso agravaria a crise no setor cacaueiro não só no Estado, mas no resto do país, já que o Pará é o segundo maior produtor brasileiro de cacau, perdendo apenas para a Bahia, onde a lavoura cacaueira está em decadência dizimada pela “vassoura de bruxa”.

O presidente do Instituto Biofábrica de Cacau, Henrique Almeida, que também é produtor de cacau e chocolate na Bahia, reconhece que a produção paraense é maior que a baiana, mas que os problemas acabam equilibrando os dois Estados. “Pelo menos neste ano o Pará e a Bahia têm condições de abastecer as indústrias brasileiras e o Brasil não precisaria importar de outros países”, disse o produtor. A liberação das importações causou a queda no preço do produto brasileiro. O quilo da amêndoa seca caiu de R$ 6 para R$ 3,50.

Helinton Rocha informou que a Ceplac e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já estão finalizando o estudo sobre a política de preço mínimo para o cacau, mas para que a cacauicultura brasileira avance, também é necessário revisar a política de importação com taxas, hoje de 10%, mas que podem chegar até 35% sem ferir o regulamento da Organização Mundial do Comércio (OMC). Walter Tegani, secretário executivo da Associação Brasileira das Indústrias Processadoras de Cacau informou que o país está importando não só amêndoas, mas outros derivados do cacau. “Isso é altamente preocupante, tem que haver uma saída porque os produtores e as indústrias estão presos pela queda de preços”, informou Tegani.

O presidente da Câmara Setorial do Cacau, Francisco Sakaguchi, pediu empenho de todos, no sentido de debater e apontar soluções para os problemas da cadeia produtiva e evitar a queda na produção. “É preciso buscar alternativas para enfrentar o período das obras de Belo Monte para não desestabilizar o setor e desperdiçar os investimentos aplicados”, conclamou Sakaguchi.

Conselho Gestor – Os integrantes do conselho gestor do Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura (Funcacau) também reuniram nesta terça-feira, 26, na Secretaria Estadual de Agricultura (Sagri). O resultado da aplicação dos recursos no ano passado foi apresentado pelo diretor de operações da Ceplac Luiz Pinto. Em 2012, o fundo arrecadou quase R$ 1,2 milhões, parte aplicada na produção e distribuição de sementes híbridas de cacau aos produtores e na capacitação de profissionais na área de assistência técnica. O Pará alcançou cerca de 141 mil hectares de área cultivada e a previsão é produzir neste ano, 92 mil toneladas de amêndoas secas de cacau.

A secretária adjunta da Sagri Eliana Zacca, que presidiu a reunião do Conselho Gestor do Funcacau, apresentou o desempenho do Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva da Cacauicultura no Pará, que tem metas a cumprir até 2019 para que o Pará se torne o maior produtor de cacau do país. O Prodecacau pretende incentivar a instalação de oito plantas industriais para o processamento de amêndoas de cacau nas regiões do Baixo Tocantins, Transamazônica, Sul e Sudeste do Estado. Em 2012, o programa elaborado em conjunto com a Ceplac, superou todas as expectativas econômicas com destaque para o aumento da produção em terra firme, que passou de 110 mil para 125 mil hectares, entre 2011 e 2012.

Fonte: Sagri/PA

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