Projeto irá comprovar a origem de bezerros no Pará

SMGEO Indireto tem como objetivo evitar fraudes na venda de animais nascidos em áreas de desmatamento para a indústria

Foto: Piastrella Rastreabilidade Animal

Constantemente alvo de denúncias de desmatamento e trabalho escravo, o Estado do Pará é visto por muitos como um dos grandes vilões da cadeia produtiva da pecuária brasileira. A credibilidade do trabalho dos pecuaristas do estado foi colocada à prova recentemente com a operação Carne Fria, em março, que investigava uma fraude no acordo com os frigoríficos de comprar animais de áreas sem desmatamento.

De acordo com a investigação, as fazendas de áreas desmatadas produziam os bezerros e os vendiam para propriedades legais, que os engordavam e vendiam à indústria como se eles tivessem sido produzidos dentro da legalidade.

Esse cenário reforçou ainda mais o anseio de uma força tarefa no Estado para apoiar o trabalho de pecuaristas que cumprem as exigências socioambientais de produção. O consultor Jordan Carvalho, da Apoio Consultoria, liderou um movimento entre os produtores, empresas e autoridades do Estado que culminou na criação do Sistema de Monitoramento Geográfico Indireto (SMGEO Indireto), que visa comprovar a procedência dos animais vendidos aos frigoríficos desde o seu nascimento por meio da rastreabilidade.

O projeto contou com a adesão de ONGs como Amigos da Terra, Projeto Pecuária Verde de Paragominas e Associação dos Criadores do Pará (Acripará), além de grandes produtores locais e da Piastrella Rastreabilidade Animal, que será encarregada de monitorar a origem dos bezerros desde o nascimento e realizar o seu registro junto ao Serviço Brasileiro de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov), junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A apresentação aconteceu na tarde desta quinta-feira, 8 de junho, na BeefExpo, em São Paulo, SP.

 “Essa plataforma dará segurança jurídica aos frigoríficos, que saberão a procedência dos animais que estão comprando e estarão resguardados caso exista novas denúncias de ilegalidade”, destacou Carvalho, que será o gestor do projeto. “No lado dos produtores, eles conseguirão comprovar que estão dentro da legalidade, reforçando a credibilidade do seu trabalho e facilitando acesso a novos mercados”, acrescentou.

O projeto está fase final e deverá ser lançado oficialmente no fim de julho, na sede da Fazenda Marupiara, em Paragominas, PA. Inicialmente está previsto que mais de 200.000 animais sejam rastreados. Em curto prazo esse número pode chegar a 500.000 cabeças. “Na primeira fase do projeto de implantação estaremos atuando nas regiões Sul e sudeste do estado, que abrangem 13,6 milhões de animais”, informou Consolata Piastrella, da Piastrella Rastreabilidade Animal.

Jordan Timo Carvalho

“Queremos criar uma cadeia de legalidade que ajude a afastar da pecuária paraense esse rótulo de desmatamento. O Pará é o estado que mais tem trabalhos de regularização ambiental e cobranças de legalidade. Com isso separaremos o joio do trigo, mostrando que existem bons produtores na região da Amazônia, que seguem todas as exigências do mercado local e de todo o país”, disse Jordan Carvalho.

A Farra do boi na Amazônia – Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) moveu uma ação contra as principais indústrias do Estado com base no relatório “A Farra do Boi na Amazônia”, do Greenpeace, que mostrava o fornecimento de animais oriundos de áreas de desmatamento.

Com isso foi feito um acordo com os frigoríficos segundo o qual eles só comprariam gado de fazendas que cumprissem algumas exigências socioambientais, entre elas a de que a fazenda estivesse fora de área de desmatamento ou indígena e que o CPF do proprietário não estivesse ligado a trabalho escravo.

Fonte: Portal DBO – Alisson Freitas

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