RO: raio mata 103 bois e deixa prejuízo de R$130 mil. Sua propriedade está preparada para os raios?

Um fazendeiro teve um prejuízo de cerca de R$ 130 mil após um raio cair na propriedade dele e matar 103 bovinos da raça Nelore que estavam no pasto, na Linha 8, em Cacoal (RO), município a 480 quilômetros de Porto Velho. A descarga aconteceu durante um temporal nessa semana e, um dia depois, uma pessoa que passava por uma estrada viu os bois mortos e avisou o funcionário da fazenda.

raio mata bovinos em Rondônia

A Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) esteve no local comprovante a causa da morte dos animais. De acordo com Paulo Elifas, dono da fazenda, ele estava na propriedade no momento em que o raio caiu. Segundo ele, a descarga causou um barulho muito alto durante a noite.

“Eu ouvi o barulho do raio, um estrondo, e lembro que ainda pensei no perigo desse raio ter caído na casa, pois com todo aquele barulho não sobraria nada. Quando a chuva acalmou eu retornei para Cacoal”, contou Elifas.  No dia seguinte, um funcionário da fazenda se aproximou do local onde o gado estava, mas acreditou que os animais estivessem dormindo.

Tempo depois, uma pessoa passou a pé pela estrada próxima da propriedade e como viu uma grande quantidade de animais juntos, mas nenhum deles se mexendo, resolveu verificar, constatando a morte do rebanho.

“Essa pessoa procurou o capataz da fazenda e disse que o gado estava morto. Logo que fui informado, segui para a propriedade. Estou muito abalado com tudo isso. Eles estavam todos juntos embaixo de um pé de árvore para se proteger da chuva. Com a árvore não ocorreu nada, acredito que o raio tenha caído somente sobre os animais”, explicou o pecuarista.

O gado morto seria colocado para engorda no próximo mês e, posteriormente, seriam abatidos. Com a morte de 103 bovinos, Elifas avalia que teve um prejuízo de aproximadamente R$ 130 mil.

“Na vida comercial temos uma sequência, um preparo. Aquelas novilhas eram para serem colocadas no cocho, então quebrou essa sequência. Não sei como vou fazer nos próximos 90 dias para resolver o problema. Então é um prejuízo que fica”, lamentou o pecuarista. Os animais foram enterrados na quarta-feira (14).

Idaron

Após a morte dos animais, o proprietário comunicou a Idaron, que visitou a propriedade para confirmar a causa da morte. Em seguida o próprio pecuarista precisou dar destinação as carcaças.

“Eu contratei o serviço de uma retroescavadeira, que cavou valas profundas. Após o trabalho da Idaron enterrou os animais, pois o mal cheiro já estava insuportável, sem contar na grande quantidade de urubus que estavam sobrevoando o local”, disse.

Após o incidente, Elifas disse contou ter procurado o banco que o atende para se informar sobre seguros contra desastres naturais, mas foi informado que a agência não possui.

Orientações

Segundo a médica veterinária da Idaron Dâmaris de Oliveira, o pecuarista ter procurado a agência para informar sobre a morte do rebanho foi a atitude correta, já que a falta dos animais poderia causar problemas no momento da declaração.

“É importante que quando ocorra a morte de animais por desastre natural ou doenças, o proprietário comunique a Idaron, pois é necessário dar baixa, pois no momento da declaração da vacina também é necessário declarar o óbito. Nesse caso como são muitos animais, a Idaron precisa ir até a propriedade confirmar a causa da morte, se realmente foi raio, ou doença se não tem relação com nenhuma doença de notificação predatória”, explicou a veterinária.

E a sua propriedade? Está preparada para os raios?

Todos os anos somos surpreendidos com notícias de propriedades rurais que perderam lotes de animais devido aos raios provocados pelas chuvas e pela estação. Segundo o Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica do INPE, Instituto de Pesquisas Espaciais), de cada quatro mortes de animais provocadas por raios, três ocorrem na primavera e no verão. No Brasil, a incidência de raios (média de 77,8 milhões de raios por ano) é intensa e muitas fazendas sofrem com seus prejuízos.

Como boa parte dos rebanhos brasileiros é criada em espaços abertos, e passam boa parte do tempo em pastagens, os riscos são ainda mais elevados. De acordo com o Elat, dentre as ocorrências mais comuns, as atividades rurais são as que mais sofrem com os raios, representando 25% dos relatos. Confira no gráfico abaixo:

Hoje há alguns sistemas contra raios que ajudam na redução dos riscos de acidentes, dentre eles, aterramentoGaiola de Faradaypara-raios tipo Franklin e outras medidas, como por exemplo, o uso de aço galvanizado em algumas edificações da propriedade.

A demanda pelo seguro de animais cresceu 15% no último ano e um dos motivos é o aumento da perda de animais por acidentes com raios. A proteção de equinos e bovinos ganhou volume principalmente nos animais de elite, como reprodutores de centrais de inseminação e doadoras, animais que participam de pista e campeões nas avaliações genéticas.

“Mesmo com todo o cuidado possível, o rebanho acaba ficando exposto de alguma maneira nas fazendas. Em caso de óbito do animal, além da perda genética há a perda financeira”, afirma Karen Matieli, sócia-proprietária da Denner Seguro de Animais e membro da Comissão de Seguro Rural (Sincor-SP). Segundo ela, o custo do seguro varia de acordo com o risco, ou seja, raça, idade, valor e localidade.

O MilkPoint está propondo este debate para saber quais são as suas estratégias atuais para evitar as perdas por raios na propriedade. Você já teve prejuízos devido a esse desastre natural? Compartilhe conosco! 

Fonte: MilkPoint

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