Uma nova silvicultura: com espécies nativas

Nos últimos anos têm aumentado significativamente o interesse por espécies nativas. As exigências legais para cumprimento de TACs (Termo de Ajustamento de Conduta), as compensações de multas ambientais e a restauração ou recuperação de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente têm sido as principais causas para as demandas crescentes por plantios de espécies nativas.

Mesmo em escala bem menor do que a silvicultura com espécies exóticas, algumas dificuldades estão se evidenciando e medidas reparadoras se fazem necessárias para que o processo de formação de florestas com espécies nativas não seja prejudicado. Entre os principais problemas podem ser destacados: 1- Falta de informações técnicas a respeito das espécies de maior interesse – onde encontrar sementes e mudas de qualidade? Quais os procedimentos silviculturais básicos para se conseguir a formação das florestas? Faltam dados confiáveis de instituições de pesquisas e sobram informações de oportunistas e vendedores de ilusões; 2- Não existe acompanhamento técnico de campo, em grande parte dos plantios que estão sendo executados – na maioria dos casos, exige-se a apresentação de projeto com a responsabilidade técnica definida para cumprimento legal e não se tem a menor preocupação com o acompanhamento de campo pós-plantio. Nesses casos, observa-se o flagrante e desastroso impacto da mato competição e das formigas; 3- Falta profissionalismo na execução dos serviços – em muitos casos, a participação do profissional acaba com a apresentação e aprovação do projeto técnico.

O trabalho de campo é outro capítulo e normalmente vai ficar sob a responsabilidade da empresa que apresentar o menor custo para execução! – e aqui, mora o perigo! A falta de profissionalismo gera impactos negativos com erros silviculturais primários: tamanho de covas; qualidade das mudas; adubação; manutenções e outras medidas operacionais. Esses cuidados essenciais à formação das florestas nem são lembrados. Nessas condições, o custo mais baixo e com todas as improvisações de campo dos “fazedores de serviço” se torna imbatível na competição de mercado. Esse preço imbatível embute outro sério problema: o não cumprimento da legislação trabalhista que pode comprometer legalmente o contratante dos serviços! Dessa maneira, essa falta de profissionalismo na formação e condução desses plantios, antes de contribuir, pode até trazer mais problemas e dificuldades para o desenvolvimento da silvicultura nativa!

Não há dados confiáveis, mas só em São Paulo fala-se em milhares de mudas das diversas espécies nativas produzidas e comercializadas pelos inúmeros viveiros florestais. Apesar de não representarem uma área tão grande de plantio, já é um passo gigantesco, suficiente para chamar a atenção dos que lutam pela silvicultura de nativas e evidencia a urgente necessidade de investimentos em pesquisas e experimentações no setor. Nesse aspecto, há de se destacar o contraste entre o desenvolvimento explosivo da silvicultura com espécies exóticas e a enorme dificuldade para se alavancar o desenvolvimento da silvicultura com espécies nativas.

No caso das exóticas, além da extrema necessidade de madeira para sustentar riquíssimos projetos industriais, a grande alavancagem das pesquisas e experimentações se deu no período dos incentivos fiscais, quando os recursos financeiros eram carimbados pelo Governo Federal. Um voto de louvor ao importante e insistente trabalho do Ministério Público e dos órgãos governamentais de Meio Ambiente, no sentido de se exigir o uso de espécies nativas no cumprimento de obrigações legais.

Essa postura tem-se constituído, na verdade, no principal instrumento de alavancagem da silvicultura de nativas! Uma pena, pois na força da lei, as coisas sempre demoram mais. Seria muito importante e desejável que as forças que geraram o extraordinário desenvolvimento da silvicultura brasileira para formação de florestas comerciais, destinassem parcela dos recursos usados em pesquisas com eucalipto e pinus, a trabalhos de pesquisas com espécies nativas. Uma retribuição ao sucesso alcançado com as espécies exóticas e que talvez pudesse quebrar a inércia de um processo pobre de iniciativas concretas e rico de oportunidades!

Fonte: Painel Florestal

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