Leia sobre a importância do tamanho de gotas na aplicação de defensivos.
Tamanho de gotas
O tamanho das gotas tem grande influência na eficácia de defensivos, que dependem de uma boa cobertura e penetração, e é muito importante quando buscamos evitar a deriva. Gotas maiores são recomendadas para reduzir o risco de deriva, enquanto gotas menores são recomendadas em necessidade de boa cobertura e penetração. O tamanho das gotas geralmente é medido em micrômetros (representados pelo símbolo “μm”), e cada micrômetro equivale a 0,001 mm.
Os bicos, na sua grande maioria, produzem gotas entre a faixa “ultra grossa” e “fina”. Os bicos que produzem gotas entre as faixas “fina” e “média” geralmente são recomendados para aplicações de contato em pós-emergência, pois as gotas menores proporcionam excelente cobertura da área, mas são mais propensas à deriva. Já os bicos com gotas mais grossas são mais utilizados para controlar a deriva. Geralmente são usados para aplicar herbicidas sistêmicos ou em pré-emergência superficial, e oferecem uma menor cobertura superficial quando comparados aos bicos que produzem gotas mais finas.
Vale ressaltar que os bicos podem produzir diferentes tamanhos de gotas em diferentes pressões. Por exemplo, um bico que produz gotas médias em baixa pressão pode produzir gotas finas com o aumento da pressão. Você pode ler mais sobre o assunto na nossa página sobre volume e pressão na aplicação de defensivos.
O espectro de gotas é medido através do Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV), que é uma medida que representa o diâmetro das gotas, dividindo o volume pulverizado em duas partes iguais: metade do volume é constituído por gotas menores que o DMV, e a outra metade por gotas maiores. Como o volume das gotas grandes é maior que o de gotas pequenas, o DMV se aproxima mais próximo do limite superior do diâmetro das gotas.
O tamanho das gotas pode ser classificado em cores, conforme a Norma ASABE S572.1, e influencia em diferentes características.
Categoria | DMV (µm) | Símbolo | Código de cor | Cobertura | Penetração | Deriva | Evaporação | Volume | Aplicações |
Extremamente Fina | 50 | XL | – | – | Extremamente alta | Extremamente alta | – | Uso restrito | |
Muito Fina | <136 | VF | Muito alta | Muito alta | Muito alta | Muito alta | Muito baixo | Fungicidas de contato / turbopulverizadores | |
Fina | 136-177 | F | Alta | Alta | Muito alta | Muito alta | Baixo | Fungicidas de contato / turbopulverizadores | |
Média | 177-218 | M | Alta | Alta | Alta | Muito alta | Baixo | Fungicidas sistêmicos / inseticidas / herbicidas de contato | |
Grossa | 218-349 | C | Média | Média | Média | Alta | Médio | Inseticidas sistêmicos / herbicidas de contato e sistêmicos / pré-emergentes | |
Muito Grossa | 349-428 | VC | Baixa | Baixa | Baixa | Média | Médio | Herbicidas sistêmicos / pré-emergentes | |
Extremamente Grossa | 428-622 | XC | Baixa | Baixa | Baixa | Baixa | Alto | Herbicidas sistêmicos / pré-emergentes | |
Ultra Grossa | >622 | UC | Baixa | Baixa | Baixa | Baixa | Alto | Herbicidas sistêmicos / pré-emergentes |
O tamanho de gotas e a deriva
Ao saírem da ponta de pulverização, as gotas ficam sujeitas à gravidade e à resistência do ar. A resistência do ar diminui a velocidade das gotas, além de poder quebrar as gotas em tamanhos menores. Gotas pequenas desaceleram mais rapidamente do que as gotas grandes, caindo mais lentamente e estando mais propensas a serem carregadas pelo vento, sofrendo a deriva. Assim, gotas pequenas ficam mais tempo no ar, tendo maior potencial de deriva, principalmente em condições meteorológicas adversas. Nesses casos, recomenda-se aumentar o tamanho de gotas.
Uma gota com 20 micrômetros pode se deslocar mais de 300 metros com um vento de 5 km/h. Ocorre que as gotas pequenas ficam mais à mercê do movimento irregular do ar turbulento do que da gravidade. As gotas pequenas também evaporam mais rápido devido à maior área superficial específica, quando comparadas às gotas grandes. Gotas com diâmetro mediano volumétrico (VMD) com médias inferiores a 250 micrômetros indicam risco de deriva, principalmente pelas gotas menores que 100 micrômetros, que são altamente sujeitas ao fenômeno.
Já gotas com médias acima de 500 DMV sugerem problemas de escorrimento. As gotas médias ou grossas possuem trajetória mais vertical, com maior resistência ao vento, mantendo a velocidade descendente por mais tempo, ficando menos suscetíveis à deriva.
Condições ambientais | Temperatura: 20ºC ΔT: 2,2°C U.R.: 80% |
Temperatura: 30ºC ΔT: 7,7ºC U.R.: 50% |
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Diâmetro inicial da gota (µm) | Tempo até extinção (s) | Distância de queda(m) | Tempo até extinção (s) | Distância de queda (m) |
50 | 12,5 | 0,13 | 4,0 | 0,032 |
100 | 50,0 | 6,70 | 16,0 | 1,80 |
200 | 220,0 | 81,70 | 65,0 | 21,0 |
O tamanho de gotas e a cobertura
O diâmetro de gota adequado depende do alvo biológico. Por exemplo, para herbicidas sistêmicos, que se movimentam pelo xilema e floema da folha, não é necessário o uso de gotas muito finas, pois não existe necessidade de boa cobertura, visto que esses produtos se distribuem pelas plantas.
Já no caso de insetos, o tamanho ótimo das gotas é de 20 a 50 micrômetros, ou seja, gotas finas, pois estas proporcionam maior cobertura e densidade de gotas no alvo biológico. A maior cobertura causada pela melhor distribuição das gotas favorece o contato dos insetos com o inseticida. Entretanto, quanto menor o tamanho das gotas, maior a chance desta ser evaporada / carregada pelo vento, ocorrendo perda do produto por deriva, especialmente em condições climáticas desfavoráveis, resultando em prejuízos financeiros e ambientais. Idealmente, recomenda-se pulverizar quando a velocidade do vento estiver entre 3,2 a 6,5 km/h.
Podemos alterar o tamanho das gotas usando diferentes pontas de pulverização ou variando a pressão. A variação da pressão pode ser mais interessante pois a maioria das aplicações usa um volume de calda reduzido. A cobertura também pode ser aumentada com o uso de adjuvantes, conforme explicado anteriormente.
Fonte: Agrolink