Agricultores familiares do Assentamento Sepé Tiaraju, em Serra Azul, SP, participaram de dias de campo sobre compostagem e biofertilizantes em junho, organizados pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), em parceria com a Cooperativa agroecológica de manejo e conservação da biodiversidade dos agricultores familiares (Cooperecos) do Assentamento Sepé Tiaraju, Cooperativa Agroecológica de Manejo e Conservação da Agrobiodiversidade dos Agricultores Familiares do Assentamento Sepé Tiaraju (Cooperagro Sepé), Associação Agroecológica de Pequenos Produtores da Agricultura Familiar (Fraterra) e Instituto Biossistêmico (IBS-Incra).
Conforme Luiz Octavio Ramos Filho, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente e um dos coordenadores, o atual modelo produtivo hegemonicamente difundido é caracterizado pela dependência externa de sementes, fertilizantes, agrotóxicos e insumos agrícolas em geral.
“Este modelo, devido ao intenso uso de agroquímicos, é responsável, em grande parte, pela crise socioambiental que a humanidade atravessa, afetando a biodiversidade, a perda de autonomia dos agricultores familiares, contaminando os cursos d´água superficiais e subterrâneos. No contexto da região de Ribeirão Preto, a situação é ainda mais alarmante, por caracterizar uma região de recarga do Aquífero Guarani”, alerta o pesquisador.
Para o acadêmico Ruben Gouveia, que também coordenou e ministrou os dias de campo, uma das alternativas ao modelo produtivo convencional caminha pela agroecologia e os sistemas de produção de base ecológica, onde a ciclagem de nutrientes e o correto manejo da matéria orgânica são pilares fundamentais de sustentabilidade dos sistemas produtivos ao longo do tempo. Neste sentido, Ruben destaca a importância dos agricultores produzirem grande parte dos seus insumos orgânicos no próprio sítio, fortalecendo a autonomia em relação aos aportes externos e permitindo maior empoderamento quanto ao uso destas tecnologias.
Neste sentido, os dias de campo buscaram capacitar os agricultores em sistemas de compostagem, biofertilizantes aeróbicos e anaeróbicos e manejo da matéria orgânica, por meio de uma programação que contemplou a fundamentação conceitual sobre as bases da nutrição vegetal, macro e micro nutrientes, equilíbrio nutricional (teoria do barril), húmus, fontes locais de nutrientes, transformações biológicas e trofobiose.
Em seguida, os participantes realizaram a prática de montar uma pilha de composto a céu aberto, utilizando materiais orgânicos disponíveis na propriedade (esterco de vaca e de galinha, capim triturado, restos de culturas e bambu), além do preparo inicial de biofertilizante anaeróbico em barris plásticos de 80 litros, usando como ingredientes alguns insumos disponíveis no local (esterco de vaca, cinzas, leite, garapa) e outros adquiridos fora, como farinha de osso e diversos sais com micronutrientes.
As capacitações foram realizadas nos lotes de Antônio Constantina e de Áurea Correa, com grande participação das famílias de agricultores do assentamento, além de estudantes e técnicos convidados.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
Fonte: Embrapa