A Emater-DF vai levar quatro mil agricultores familiares da região para conhecer as tecnologias para cada um dos segmentos. Um dos destaques é a área de fruticultura. A empresa instalou campos demonstrativos com o plantio de culturas como açaí, framboesa e mirtilo, apostas de um projeto tocado em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional no DF e Entorno.

O plantio é feito em consórcio com frutas mais comuns da região, como a banana. O presidente da Emater-DF, Cleison Duval, afirmou que há um grande potencial para a produção desse tipo de fruta na região, devido ao alto valor agregado, que retorna em renda ao produtor, e a garantia de mercado, com o público consumidor de Brasília.

“O produtor pode ter várias atividades no mesmo pedaço de chão. Enquanto o açaí cresce, ele mantém outras atividades no meio do canteiro. É uma atividade de alta rentabilidade. Esse é um grande projeto para o DF e Entorno, cuja produção que vai servir para o mercado interno e exportação”, afirmou.

O projeto “Rota da Fruticultura” integra o DF e 33 municípios de Goiás e Minas Gerais. A Emater-DF já tem nove produtores de mirtilo cadastrados, oito deles com o plantio em formação. A expectativa é que sejam produzidas 48 toneladas da fruta para serem comercializadas já em 2025. A média de produção por hectare é de 16 toneladas.

Conhecida como blueberry, a fruta típica da América do Norte e de regiões frias tem se adaptado ao clima e ao solo do Planalto Central. Em 2024, serão distribuídas 500 mil mudas de mirtilo, disso Duval. Na Agrobrasília, tem plantio, mas as árvores não estão produzindo.

Segundo o presidente da Emater-DF, já existem 80 hectares cultivados com açaí no Distrito Federal e outros 250 hectares em municípios do Entorno. A empresa doa as mudas e presta assistência. Ele afirmou que a Secretaria de Agricultura vai lançar uma linha de crédito, via Fundo de Desenvolvimento Rural (FDR) do DF, com R$ 15 milhões para financiar a fruticultura local.

“A ideia é plantar 1 milhão de mudas de açaí por ano”, disse. “Tudo o que nós produzimos pensamos nas oportunidades que temos no DF porque há um grande consumo”, completou.

No espaço da agricultura familiar na Agrobrasília, a Emater-DF também vai mostrar as “tecnologias sociais” desenvolvidas pela empresa, como as fossas sépticas e o armazenamento de água das chuvas. Segundo Cleison Duval, já foram implantadas 500 unidades de esgotamento individual nas propriedades rurais. A meta é implantar mais mil até 2025.

Os circuitos mostrarão também técnicas de automatização da irrigação e da fertirrigação da produção familiar, em áreas abertas ou em estufas. “É a tecnologia que temos que usar hoje, para sobrar mais tempo para o agricultor, diminuir mão de obra e os custos”, afirmou Duval.

Também há novidades para a produção pecuária. A Emater-DF vai expor um sistema de desmame de bezerros alinhado com o bem-estar animal para reduzir mortandade e melhorar o ganho de peso e rendimento dos bovinos. A estrutura custa cerca de R$ 2,2 mil e pode atender até quatro animais, média de nascimentos de pequenas propriedades do DF.

“Com esse sistema, o bezerro não fica grudado na mãe dele, em currais sujos onde pode pegar verminoses, perder peso, retardar crescimento e até morrer. Aqui a mortandade é quase zero. O bezerro tem sol, tem sombra, toma o leite, a água, o alimento concentrado”, explicou Duval. Com a tecnologia, em 90 dias o bezerro atinge o peso do desmame com o manejo de alimentação.

No local, também estão plantadas para demonstração variedades de gramíneas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com alto valor proteico para alimentação do gado.

A Emater-DF também vai demonstrar o funcionamento de duas agroindústrias, uma de beneficiamento de mandioca e outra de ovos. “Esse é o foco que queremos dar, o incentivo à agroindustrialização das atividades, para o produtor ter maior renda e ganho na sua atividade”, completou.

A Agrobrasília será realizada entre terça-feira (21/5) e sábado (25/5). A entrada é gratuita, mas os organizadores farão uma campanha de arrecadação de doações para as vítimas das chuvas no Rio Grande do Sul.

Por: Globo Rural