Digitalização do setor abre oportunidades para profissionais promoverem uma revolução em busca de atividade mais sustentável.
A evolução tecnológica sempre foi um norte para o desenvolvimento empresarial no Brasil e no mundo, mas quase sempre traz impactos ambientais como consequência. Até que esse problema virou um negócio. Hoje, o desenvolvimento sustentável é uma das principais tendências do empresariado, e essa necessidade atingiu todos os setores, dos mais simples de se adequar à nova realidade, aos mais difíceis.
No segundo caso, entram áreas que por sua natureza de negócio são mais complicadas se adequarem aos parâmetros de sustentabilidade, como o agronegócio. As atividades do setor causam, naturalmente, o desgaste da terra e o esgotamento de recursos naturais como solo e água. E quando se trata da sustentabilidade social, o agronegócio também não é um exemplo histórico. Mas o fato é que esse cenário está mudando.
Iniciativas de agricultura sustentável têm crescido cada vez mais e, ao mesmo passo que a tecnologia está sendo levada ao campo, a digitalização do agronegócio tem como objetivo tornar o setor cada vez mais sustentável. Esse movimento é ainda mais importante quando observa-se a penetração do setor na economia e no mercado de trabalho nacional.
Em 2021, o agro foi responsável por 27% do PIB, e, segundo um levantamento realizado pelo Centro de Estudos de Economia Agrícola da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz de Piracicaba (Cepea/Esalq), empregou um em cada três trabalhadores brasileiros, direta ou indiretamente. Ao todo, são quase 20 milhões de pessoas.
Agronegócio busca profissionais
A revolução do agronegócio está em curso, mas ainda em seus primórdios. Já há muitas startups e empresas desenvolvendo soluções e inovações para o campo, mas considerando que o Brasil tem 64 milhões de hectares de terras cultivadas — segundo a Nasa —, ainda há muito espaço para explorar e muitos problemas para resolver.
Não à toa, o investimento nas chamadas agritechs bateu recordes nos últimos anos, atingindo os US$ 40 milhões só nos primeiros três meses de 2022. Nos Estados Unidos, esse mercado é ainda mais avançado, e recebeu um total de US$ 5 bilhões em investimento em 2021.
Com dinheiro em mãos e problemas para resolver, as empresas têm buscado cada vez mais profissionais especializados no agronegócio para desenvolver o setor com foco na sustentabilidade. Mas essa não tem sido uma missão tão simples.
Uma pesquisa realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional em parceria com o Senai e com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul mostrou que nos próximos dois anos, carreiras ligadas ao agronegócio devem gerar mais de 178 mil vagas de emprego.
Mas o levantamento também apontou que a previsão é de que só haja cerca de 32,5 mil profissionais qualificados para essas vagas. Ou seja, há cinco vagas em aberto para cada profissional qualificado hoje, e o mercado precisa de mais especialistas em agronegócio.
E é exatamente essa necessidade que faz os salários ofertados ultrapassarem os dois dígitos. Segundo o Glassdoor, plataforma que reúne vagas de emprego e permite que funcionários informem seus salários e benefícios de forma anônima, o salário médio nacional de um gestor em agronegócio é de aproximadamente R$ 12 mil por mês. Mas em uma pesquisa rápida no site é possível encontrar relatos de uma remuneração que alcança os R$ 26 mil.
Como se especializar no agronegócio
Quando se pensa em trabalhar no agronegócio, a ideia intuitiva é a de pessoas trabalhando no campo, nas plantações. Mas, com toda a digitalização mostrada neste artigo, essa não é a realidade.
Hoje, as melhores oportunidades de trabalho no agronegócio estão na implementação de projetos digitais, uma atividade que geralmente é exercida de dentro de um escritório, e sem precisar sair das cidades ou se mudar para o campo. Esse profissional é chamado de Agro Digital Manager e é responsável pela implementação de projetos digitais em propriedades agrícolas.
As principais atribuições desse profissional são identificar e mapear os problemas do campo e coordenar times em busca da solução para necessidades de produtores agrícolas e de todos os stakeholders do agronegócio. Também não é exigida uma formação específica em agronomia ou outras profissões diretamente ligadas à produção no campo.
Com o objetivo de ajudar a formar mais profissionais para suprir a demanda do setor, a EXAME preparou a masterclass gratuita Carreira em Digital Agribusiness. Para participar basta se inscrever clicando aqui. Programada para acontecer dia 5/9 às 19h30, a masterclass vai revelar:
- como a revolução tecnológica do agronegócio brasileiro está fazendo surgir inúmeras possibilidades de fazer carreira em profissões que eram inexistentes até pouco tempo atrás;
- como planejar uma carreira de sucesso no Digital Agro e ter remuneração que pode passar dos R$ 12 mil por mês;
- como aproveitar as oportunidades no setor mesmo sem ter um formação em veterinária, agronomia ou outras áreas relacionadas;
- qual a melhor forma para fazer a transição de carreira e começar a faturar com o agronegócio brasileiro sem precisar se mudar para o campo.
A aula será ministrada por Francisco Jardim é sócio-fundador da SP Ventures, uma das gestoras de Venture Capital mais tradicionais do país especializada no agronegócio. Desde 2007, a gestora investe em startups de tecnologia para o agronegócio, as chamadas agritechs.
Sustentabilidade no agronegócio
Buscando reverter as características intrínsecas ao setor — que geralmente são prejudiciais ao meio ambiente e à boa parte dos stakeholders —, novas iniciativas de desenvolvimento sustentável têm ganhado força e investimento no agronegócio. O objetivo é aumentar a produtividade com o menor impacto possível, e muitas startups do agro já estão se movimentando nesse sentido.
Alguns exemplos são Adroit Robotics, de São Paulo, que desenvolveu um robô contador de laranjas de cada árvore em uma plantação; a Promip, de Limeira, que lançou uma “vespa inseticida” capaz de eliminar espécies que se multiplicam em armazéns de grãos; no mesmo sentido, a Pivot Bio é voltada para a produção de microrganismos capazes de capturar nitrogênio do solo e turbinar o processo de fertilização.
E não para por aí. O desenvolvimento sustentável tem sido tão importante no agronegócio que a startup Produzindo Certo nasceu com o foco em ajudar os produtores a adotarem um modelo de produção que respeite o meio ambiente e a sociedade. A empresa ajuda no diagnóstico e na adequação de propriedades para que atendam aos mais altos padrões ambientais e sociais. A startup é contratada por grandes companhias e associações setoriais para monitorar e certificar as cadeias de fornecimento.
Por: Exame