AgroResidência leva capacitação para jovens estudantes em diversos estados do país

Atualmente, são 35 projetos no Nordeste, 15 no Norte, oito no Centro-Oeste, oito no Sudeste e dez no Sul.

Com o objetivo de capacitar jovens estudantes e graduados para atuarem no campo, o AgroResidência – Programa de Residência Profissional Agrícola, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), já está com diversos projetos em andamento pelo país. No total, 76 projetos de instituições de ensino foram selecionados no primeiro edital para desenvolverem atividades de qualificação técnica com 943 estudantes e recém-egressos dos cursos de ciências agrárias e afins.

A proposta é aproximar o universo acadêmico com a realidade do campo, contribuindo para a formação de profissionais capazes de dar respostas às demandas dos diferentes segmentos da agropecuária, e, ao mesmo tempo, promover o senso de responsabilidade ética.

Atualmente, são 35 projetos no Nordeste, 15 no Norte, oito no Centro-Oeste, oito no Sudeste e dez no Sul. Cada projeto leva em conta as características das atividades agropecuárias de cada região, potencial e necessidade.  “Enquanto no Tocantins estamos com projetos voltados para a cadeia produtiva do leite e para a pecuária de corte; no Sertão sergipano, um outro projeto trabalha com os jovens a otimização de sistemas de produção de milho e forragens e, no Rio Grande do Sul, as temáticas são as práticas agronômicas de manejo e conservação do solo, agricultura de precisão e outras”, explica o secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke.

Em Minas Gerais, nos municípios de Viçosa, Lagoa Formosa e Conselheiro Lafaiete, quatro residentes já estão colocando em prática os novos conhecimentos. “As atividades são voltadas para nutrição animal, planejamento forrageiro e aumento de qualidade, com o propósito de ampliar a produção de leite e a rentabilidade do produtor”, destaca a professora orientadora Polyana Rotta.

Um dos residentes do projeto, Tarcis Raimundi, 25 anos, participa do AgroResidência desde janeiro deste ano. Formado em zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), o jovem conseguiu um emprego após a experiência adquirida durante as atividades.

“Participar do projeto foi muito enriquecedor, pois pude colocar em prática as minhas habilidades e competências adquiridas durante a graduação. Além disso, estive inserido em um ambiente onde pude agregar ainda mais conhecimento e, com isso, atualmente estou empregado”, comemora.

Outro projeto que já está com os alunos em campo ocorre no município de Iguatu, no Ceará. Os dez residentes aprendem técnicas de agricultura de precisão e manejo racional da adubação e dos recursos hídricos, com o auxílio do geoprocessamento, sensoriamento remoto e machine learning.

“Buscamos abranger diversas atividades do meio agropecuário, como produção, serviços e indústria, trazendo unidades residentes parceiras que abrissem espaço aos novos talentos do agro. Ao mesmo tempo, fossem beneficiadas com o capital intelectual desses jovens profissionais”, ressalta o professor orientador Vinícius Calou.

Os participantes estão alocados em Unidades Residentes (UR) com grande vocação agropecuária, atuando diretamente em pequenas, médias e grandes propriedades, escritório de projetos de crédito rural, consultoria e assistência técnica, abate e processamento de carnes, execução e manejo de projetos de irrigação e de topografia e aerolevantamentos.

“O residente é beneficiado, principalmente, pela oportunidade de construção de sua carreira. As Unidades Residentes ganham na contratação de um profissional qualificado e preparado para a atividade. O professor orientador tem o privilégio de promover a extensão dos conhecimentos. E o agro, de maneira geral, ganha com a difusão de tecnologias, com o volume de negócios que são construídos devido ao auxílio dos residentes e com o desenvolvimento regional e de seu povo”, afirma o professor orientador.

Egresso do curso de agronomia da Universidade Federal do Cariri (UFCA), Luís Luna, 27 anos, participa do projeto no Ceará e destaca as oportunidades. “Políticas públicas como esta são de fundamental importância tanto para pequenos e médios produtores rurais, que muitas vezes não têm acesso à assistência técnica especializada, como para jovens, como eu, que necessitam de experiência para adentrar no mercado. O conhecimento prático, com certeza, servirá como base para o futuro profissional que estou construindo”.

No Pará, o projeto “Unindo a Teoria com a Prática” também iniciou as atividades, com nove residentes. Em unidades demonstrativas de campo, eles trabalham com manejo da soja e do milho, e vivenciam o dia a dia da assistência técnica agronômica.

O engenheiro agrícola e professor orientador, Eloi Gasparin, destaca a necessidade de mão-de-obra qualificada para atender a demanda de desenvolvimento agrícola crescente na Região Norte.

“A residência profissional agrícola vem com o objetivo de sanar lacunas que se fazem presentes e que se tornam obstáculos para que a região alcance números ainda maiores em termos de produtividade e desenvolvimento agrícola. Oferece para os alunos egressos um excelente complemento na sua formação, pela prática vivida na rotina do produtor, e, por consequência, fornece assistência técnica supervisionada ao produtor, que alcança maior produtividade pelo manejo adequado dos seus recursos naturais”, afirma Gasparin.

Graduada em agronomia pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Jennifer Gomes, 24 anos, busca oportunidades a partir da residência.

“O AgroResidência vai colaborar com o aprofundamento dos meus conhecimentos práticos e teóricos, ampliando minhas possibilidades de atuação na minha área de formação, além de aumentar, significativamente, minha confiança como profissional”, explica a residente.

Quem também está animado com o início das atividades é o residente Nalbert Ramon, de 23 anos, formado em agronomia na UFOPA. “Minhas expectativas com o projeto são de vivenciar uma experiência real de trabalho, podendo acompanhar todos os processos, atividades e dificuldades do dia a dia no campo”, afirma.

Como funciona o AgroResidência       

Por meio de Editais de Chamamento Público, o Mapa seleciona propostas apresentadas por instituições de ensino de todo o país para a qualificação técnica dos estudantes. Após o processo de seleção, o resultado é divulgado no portal do Mapa.

Os interessados na residência profissional agrícola devem entrar em contato com as instituições de ensino escolhidas para obter informações sobre a seleção dos residentes. Cada instituição determina os próprios critérios e procedimentos de seleção, respeitando o estabelecido pelo Programa.

O AgroResidência é voltado para jovens, com idades entre 15 e 29 anos, estudantes ou recém-egressos de cursos de nível médio ou superior de ciências agrária e afins. Os estudantes deverão ter cursado todas as disciplinas e os egressos deverão ter concluído o curso há, no máximo, 24 meses – inicialmente o prazo era de 12 meses, mas foi ampliado devido à pandemia do coronavírus e deve seguir assim até dezembro 2021.

São custeadas as bolsas para residentes e professores orientadores, havendo a possibilidade, em alguns casos, de custeio de bolsa para coordenador técnico e administrativo. A política pública prevê, ainda, custos com a participação de residentes, professor orientador, técnico orientador e de colaboradores eventuais em reuniões, oficinas, seminários, congressos e afins.

São consideradas Unidades Residentes para a realização das atividades: fazendas ou unidades de produção, empresas do agronegócio, cooperativas, empresas de assistência técnica, nacionais ou internacionais, da administração direta e indireta, e a sociedade civil organizada.

A Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo (SAF) do Mapa, por intermédio do  Departamento de Desenvolvimento Comunitário, é responsável por coordenar as ações de implementação do AgroResidência, instituído por meio da Portaria nº 193, de 16 de junho de 2020.Os recursos federais para o programa totalizam R$ 17,1 milhões.

Por: MAPA

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