Apetite da Turquia pelo gado brasileiro continua alto; veja números

Imagem Ilustrativa

Brasil e Turquia consolidam forte parceria comercial para aumentar a exportação de gado vivo; meta turca é importar cerca de 300 mil cabeças de gado brasileiro

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) deu mais um passo importante na consolidação das relações bilaterais entre o Brasil e a Turquia, após missão semana passada, em Ancara. A delegação brasileira se encontrou com o vice-ministro do Ministério da Agricultura e Florestas da Turquia, Ahmet Gümen, ocasião em que foi enfatizada a forte parceria já existente entre Brasil e Turquia, destacando a capacidade brasileira de ampliar o fornecimento de produtos agropecuários de alta qualidade, seguindo rigorosos padrões sanitários e religiosos, contribuindo assim para o combate à inflação na Turquia.

Foi também manifestado o interesse brasileiro em expandir as exportações de gado vivo, solicitando ainda avanços nos processos para a abertura do mercado turco para carnes bovinas e pescados brasileiros. Em resposta, o lado turco manifestou interesse em aumentar a importação de gado vivo do Brasil, indicando que tal decisão será coordenada pelo Conselho da Carne e Leite.

Ambas as partes concordaram em negociar um memorando de entendimento, incluindo a criação de um comitê técnico para promover os interesses comuns. A missão também incluiu uma reunião com o diretor geral do Conselho de Carne e Leite, Mustafa Kayhan, e equipe, entidade governamental responsável pelo desenvolvimento da pecuária turca e pela emissão de licenças de importação e aquisição de gado vivo.

O secretário do Mapa reiterou a excelente relação bilateral e o desejo de ampliar a cooperação comercial, citando especificamente o interesse em aumentar o fornecimento de gado vivo e iniciar as exportações de carne bovina para a Turquia. Kayhan expressou o total interesse do governo turco em expandir as relações com o Brasil, apontando para a meta de importar 600 mil cabeças de gado anualmente, sendo metade proveniente do Brasil. Além disso, mencionou que seria avaliada a possibilidade de aquisição de carne bovina brasileira congelada.

Em 2023, o Brasil exportou para a Turquia produtos agrícolas no valor de US$ 2,42 bilhões, com o complexo da soja representando quase 50% do total exportado. Por outro lado, o Brasil importou da Turquia itens do agro no valor de US$ 156 milhões, com aproximadamente metade desse valor correspondendo a frutas, incluindo nozes e castanhas.

As exportações de gado já devem começar em breve, uma empresa uruguaia venceu uma licitação do governo turco para o embarque de 120 mil cabeças este ano. A empresa irá realizar as compras do gado vivo no Brasil e Uruguai.

A Turquia tem importado gado (reprodução, engorda e para abate) e carne vermelha continuamente desde 2010. Além disso, as importações de carcaças e carne desossada continuaram, a fim de regular o aumento dos preços internos da carne. 60% da ração animal consumida no país é importada, o país do leste europeu também importa sêmen bovino para melhorar e manter a produtividade da pecuária.

Exportações de gado vivo brasileiro em 2023

Segundo a SCOT Consultoria, em 2023 o volume de gado vivo exportado aumentou 298,9%, e o faturamento aumentou 254,2%, quando comparado a 2022. Foram embarcados cerca de 582,2 mil cabeças, com faturamento de US$488,6 milhões (Secex). Segundo o último relatório do departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA – sigla em inglês) em setembro/23, a expectativa era de que fossem exportados cerca de 375 mil cabeças. Essa projeção foi superada.

Em 2023, a Turquia retomou a posição de principal compradora, adquirindo 370 mil cabeças de bovinos, perfazendo 63% das compras do Brasil, representando 59% do faturamento, com US$289,0 milhões, em contraste com os 15% que representou em 2022 (US$29,7 milhões).

O Pará foi o principal exportador, responsável por 40% do mercado em 2023. Destaque para São Paulo, cuja exportação em 2023 foi de 120 mil cabeças. Esse desempenho pode estar associado à cotação da arroba do boi gordo no mercado interno, uma das mais baixas registradas nas séries históricas.

O mercado de bovinos vivos está promissor e a expectativa é de crescimento, pois o rebanho brasileiro atende o que o comprador procura em qualidade, raça, quantidade e preço. Além disso, em agosto de 2023, a Indonésia abriu mercado para a exportação brasileira de gado em pé e de farinhas utilizadas na alimentação animal.

Desafios que serão enfrentados

O Projeto de Lei n° 3093, de 2021, que têm o objetivo de proibir a exportação de animais vivos para abate no exterior e dá outras providências, pode ter novos desdobramentos este ano. A ONG Mercy for Animals, que entitula-se a maior organização do mundo em promoção do veganismo e defesa dos direitos dos animais explorados para consumo, têm feito muitas campanhas para tentar alcançar os políticos em Brasília no sentido de trazer o projeto de lei para votação em plenário.

A entidade fez um novo apelo através de uma carta endereçada ao presidente da casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), depois que uma embarcação com 19 mil cabeças de gado proveniente do Brasil atracou na semana passada em Cidade do Cabo, e segundo a entidade, levando um “fedor inimaginável” à localidade.

Caso o projeto de lei volte a tramitar em Brasília, e seja aprovado, o pecuarista brasileiro perderá uma opção rentável de comercializar seus animais por um bom preço, já que os animais destinados a exportação conseguem bons preços em comparação ao preço da arroba do boi gordo.

Por: Compre Rural

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