
O velho ditado “Em se plantando, tudo dá!” cabe perfeitamente para esta região grandemente produtora. Capitão Poço, município com população estimada, em 2014, em mais de 52 mil habitantes, é destaque na produção de limão, laranja, mel e pimenta-do-reino e na exportação de boi. A economia do município é baseada na agricultura e focada na colheita e exportação da laranja. A agricultura familiar é também bastante desenvolvida, com produção de pimenta-do-reino, feijão e mandioca, além de frutas e legumes.
O município abriga a Citropar, considerada a maior empresa produtora de cítricos do Norte e Nordeste do país. A plantação é feita em três fazendas, e apenas uma delas tem 900 hectares de terra, o que demonstra a imponência da produção. “São cerca de 100 empregos diretos gerados e mais de 400 durante o período de colheita, que começa em agosto e vai até novembro. Esse número deve chegar a mil indiretos com a inauguração da fábrica de extração de suco, que tem previsão para começar a funcionar em setembro deste ano”, explica o empresário Júnior Zamperlini, dono da Citropar.
É nas lavouras, quando a produção é iniciada, que o trabalho da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) entra em cena. “Fazemos a inspeção das lavouras para evitar pragas, prevenção com o monitoramento da Mosca da Carambola, além da certificação da produção. Hoje são quatro milhões e meio de pés de citros plantados em dez mil hectares de terra. Esses são dados cadastrados no sistema da Adepará. Estima-se que, em breve, esses números vão dobrar para oito milhões de pés de citros em 20 mil hectares. Com a área livre de pragas quarentenárias, a meta é chegar a 200 mil hectares”, explica o gerente regional da Adepará em Capitão Poço, Pedro Júlio.
Atualmente, a Citropar cultiva laranja, limão e tangerina, contando com uma estrutura de Parking House, onde as frutas são higienizadas e selecionadas. “O trabalho da Adepará é muito importante porque garante a fitossanidade e abre as portas da exportação para a produção paraense, seja para outros estados brasileiros, seja para outros países. É uma garantia para o comércio. Economicamente também é bom para a região, já que gera emprego e renda, mantendo no campo o produtor rural, contribuindo ainda com a questão social”, diz o gerente regional.
Pimenta, a poderosa do reino

O município é também grande produtor de pimenta-do-reino, que já conquistou o mercado internacional e cujo quilo hoje custa em média R$ 30. A produção da especiaria não se restringe apenas a Capitão Poço. Nova Esperança do Piriá, Garrafão do Norte, Ourém, Irituia, Capanema, Breu Branco, Vila Concórdia, Mãe do Rio, Paragominas e Tomé-Açú, que é maior produtor paraense de primenta-do-reino, são alguns locais que cultivam o tempero que é largamente usado pela gastronomia mundial.
Segundo o engenheiro agrônomo da Adepará, Gerson Penner, a produção em Capitão Poço está em franca expansão, com os produtores aumentando cada vez mais seus plantios. “Ano passado, na safra, o quilo da pimenta seca chegou a R$ 31. O preço é regulado pelo dólar, o que também favorece o produtor. Na virada deste ano, a procura por mudas e estacas, para ampliação de áreas, foi muito maior, com os produtores já fazendo a irrigação dos plantios, devido ao clima. A tendência é só aumentar a produção”, garante.
Elias Bernardo da Silva, mais conhecido como Elias da Pimenta, começou aos 13 anos a plantar pés de pimenta-do-reino. Foram 17 pés iniciais, que hoje se transformaram e áreas enormes e pés a perder de vista. “Tem pimenta o ano todo em Capitão Poço. No ano passado, a safra, que dura setembro, outubro e novembro, foi 98% vendida. O mundo consome hoje mais de 400 mil toneladas de pimenta. Ano passado, nos conseguimos produzir quase 450 mil toneladas”, diz.
A chegada da chuva do tempo certo, segundo Elias, é a grande salvadora da pátria para uma boa safra de pimenta-do-reino. Segundo ele, o Espírito Santo tem mais pimenta plantada do que o Pará, mas não tem chuva, o que dificulta a produção. “Lá, na última safra, fez uma seca tão grande, que prejudicou muito. Já aqui no Pará, dependemos da chuva vir na hora certa. Para resolver a questão, 80% dos pimentais estão com irrigação, já preparado para o verão. A produção hoje é 90% baseada na agricultura familiar, demandando mão de obra, principalmente, na colheita”, detalha.
Por Camila Moreira
Fonte: Agência Pará