Com a baixa disponibilidade de produto no Brasil, a soja norte-americana passa a ser a mais acessível para a China neste momento. As expectativas são de que as compras da nação asiática cresçam no mercado dos EUA frente não só a menor oferta brasileira, mas também como forma de o país cumprir a Fase Um do acordo comercial com os americanos.
A China ainda precisa comprar, segundo explicam os analistas da Agrinvest Commodities, cerca de 43 milhões de toneladas entre agosto e o final de janeiro para estar adequadamente abastecida. “E boa parte desse volume deverá ser comprado nos EUA”, acreditam os executivos da Agrinvest Commodities.
A oleaginosa é um dos principais itens das importações da China e, por isso, o componente que tem maior peso na composição de suas compras. Porém, ainda de acordo com a Agrinvest, essas aquisições poderiam enfrentar alguns obstáculos até que voltem a volumes pré-guerra comercial. Em 2017, as importações (de soja da China nos EUA) somaram US$12 bilhões
” Mas a pressão sobre as margens de processamento na China pode ser uma barreira para o cumprimento do seu compromisso”, diz a Agrinvest. “E em um cenário otimista, a China poderia comprar 40 milhões de toneladas de soja norte-americana até janeiro. O montante somaria apenas US$ 14 bilhões”.
MARGENS DE ESMAGAMENTO
A gradual volta da China à normalidade depois do pico da epidemia de coronavírus no país traz também ao normal alguns setores importantes da economia, incluindo a agroindústria. Embora este setor não tenha sido paralisado, vinha trabalhando com limitações diante de uma demanda que também estava limitada.
Assim, não só a produção de alimentos volta com força total, como o governo chinês também já pediu à empresas de alimentos que elevem seus estoques como medida de segurança e também temendo uma nova onda da doença.
“Negociadores estatais e privados de grãos, assim como produtores de alimentos, foram orientados a adquirir maiores volumes de soja, óleo de soja e milho durante conversas com o Ministério do Comércio da China nos últimos dias”, noticiou a agência de notícias Reuters/Cingapura e Pequim, neste final de domingo (17).
Dessa forma, deverão aumentar também os estoques de farelo e óleo de soja no país. E parte disso é reflexo ainda do grande volume de soja brasileira a ser recebida pela China de maio a julho. “A China deverá rceber 27 milhões de toneladas em maio, junho e julho, reforçando o sentimemtno de pressão sobre as margens”, ainda segundo análise da Agrinvest Commodities.
Das mais de 43 milhões de toneladas de soja embarcadas pelo Brasil de janeiro a abril, cerca de 80% do volume teve como destino a nação asiática. No primeiro quadrimestre de 2019, o volume embarcado passava pouco de milhões, de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). E somente nas primeiras duas semanas de maio, o volume das exportações do grão passa de 8,7 milhões de toneladas.
As imagens a seguir mostram, no primeiro caso, o tráfego de navios de soja da América do Sul para a China em 11 de maio de 2020 e, no segundo caso, em 23 de março de 2020. As fontes são o sistema Refinitiv Eikon e a colunista da Reuters Internacional, Karen Braun.
NORMALIDADE X DEMANDA
Um levantamento feito pela agência internacional de notícias Bloomberg já mostra que, aos poucos, é possível observar mais pessoas nas ruas da China, com os estudantes voltando às aulas e as famílias em restaurantes, jantando fora. E como explica o analista chefe da Shangai Intelligence Co., Li Qiang, a volta das escolas e dos restaurantes é um movimento-chave para o reestabelecimento, por exemplo, de carne de frango e ovos.
Com o fechamento dos estabelecimentos e as pessoas confinadas em casa, os preços da carne suína – a mais consumida do país – recuaram a seus menores preços em mais de três meses e provocou severa pressão sobre o mercado futuro de ovos na Bolsa de Dalian.
Segundo o Conselho Nacional de Grãos e Óleos da China (CNGOIC), o recebimento de soja brasileira na nação asiática deverá alcançar o recorde das 10 milhões de toneladas e ficar próximo a isso nos meses de junho e julho. Ainda de acordo com a instituição, a força deste movimento vem, principalmente, da recuperação de seus planteis de suínos após os picos de Peste Suína Africana.
Fonte:Notícias Agrícolas