China retoma procedimentos de importação de carne brasileira nesta segunda-feira

PEQUIM – A China retoma nesta segunda-feira os procedimentos de importação de carnes brasileiras. A decisão ainda não foi anunciada oficialmente, mas já foi tomada e informada por mensagem às aduanas, segundo informações obtidas pelo GLOBO junto a fontes de mercado. Há quase uma semana, Pequim decidiu reter todos os carregamentos de carnes do Brasil que desembarcavam nos portos chineses até segunda ordem. Mas, em momento algum, chegou-se a decretar formalmente a suspensão das importações, como fizeram outros países, e a região administrativa especial de Hong Kong.

A decisão está sendo vista como um alívio para os importadores, sobretudo depois que os chineses anunciaram um grande acordo com a Austrália abrindo o mercado de carnes para a atuação de 59 frigoríficos de carnes vermelhas. Até então, somente 11 estavam autorizados a vender na China.

Na prática, as retenções começaram a ser feitas no próprio dia em que foi deflagrada a operação “Carne Fraca” e ainda afetaram contêineres que já haviam sido inspecionados pelas autoridades locais e esperavam apenas a liberação dos certificados que liberavam as mercadorias para a venda no mercado.

Antes de decidir retomar os procedimentos de importação, as autoridades chinesas resolveram desabilitar o SIF530 da Seara. Este era o único frigorífico brasileiro entre os 21 que estão sendo investigados pela Policia Federal que estava exportando para o mercado chinês. Isso significa que as vendas da planta para a China não estão apenas suspensas; o estabelecimento foi “banido”.

As mercadorias desta unidade devem levar anos para voltar à mesa dos chineses, segundo fontes ouvidas pelo GLOBO. Não há acusação de carne podre, uso de materiais indevidos, problemas de embalagem ou aditivos químicos sobre os produtos da Seara. Mas, aos olhos chineses, a companhia obteve o certificado sanitário por meios questionáveis e pode prejudicar a saúde do consumidor.

O Brasil nunca exportou tanto para a China. Foram cerca e US$ 2 bilhões somente no ano passado. Hoje, o Brasil tem 65 plantas habilitadas para vender para a China, das quais 57 estão autorizadas a fazê-lo neste momento.

A verdade é que, na prática, nem quem está autorizado está podendo exportar. Desde a sexta-feira passada, a ordem é reter todas as carnes vindas do Brasil nos portos. Aproximadamente 58 mil toneladas de carnes terão sido impedidas de entrar no país até a liberação na segunda, ou o equivalente a 21dias das exportações brasileiras para o mercado chinês entre carnes de frangos, suínos e bovinos.

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