Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil quer reforçar a presença de mulheres em atividades sindicais, hoje ainda muito tímida em todo o país.
A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) apresentou no dia 10 (quarta-feira) a sua Comissão Nacional de Mulheres do Agro. O objetivo é ampliar a participação feminina no sistema sindical, que ainda é bastante tímida. O lançamento ocorreu no Encontro Nacional do Agro, em Brasília, evento que reuniu produtores, lideranças rurais, representantes das Federações estaduais, sindicatos e associações do setor.
De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho das Mulheres do Agro da CNA, Cecília Naves, a ideia de criar a comissão surgiu da necessidade de realizar ações específicas para esse público e também para desenvolver a liderança de mulheres no setor agropecuário. Em março do ano passado, a plataforma de comunicação DBO, especializada em pecuária de corte e destinada a produtores de gado, realizou um levantamento inédito sobre mulheres sindicalistas, com base nos dados da CNA. O trabalho da DBO identificou apenas 89 mulheres presidentes de sindicatos rurais, ou seja, 4,85% do total de 1.941 sindicatos com titulares listadas na CNA, entidade criada em 1951. Entre as 27 federações – organismos estaduais que agregam os sindicatos – também não há nenhuma presidida por mulher.
O ambiente sindical reflete o campo. Embora a presença das mulheres tenha crescido na última década, ela ainda é pequena como liderança com poder de decisão. O dado mais recente sobre a presença das mulheres no campo é o do Censo Agropecuário de 2017, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No levantamento, em um universo de 5,07 milhões de estabelecimentos rurais, 4,11 milhões (81,3%) eram geridos apenas por homens. A presença de mulheres com alguma função de gestão do negócio foi verificada em apenas 946 mil propriedades, equivalente a somente 18,7% do total.
É esse cenário que a comissão de mulheres quer mudar. Atualmente, a CNA possui 18 comissões temáticas, entre elas de flores, hortaliças, grãos, pecuária, café, cana-de-açúcar, empreendedorismo, entre outras. Assim como as outras comissões, a de mulheres terá uma presidente, e até duas vice-presidentes e a composição será feita com integrantes das Federações de Agricultura e Pecuária dos Estados, de entidades civis e de assessoras técnicas.
A comissão também terá um conselho consultivo formado por cinco mulheres de áreas de conhecimento distintas. As principais ações previstas são: realizar diagnósticos, apoiar e auxiliar a implantação de comissões estaduais, realizar um encontro nacional de mulheres, criar um programa de fortalecimento de lideranças femininas e representar o sistema em fóruns e eventos.
Por: Forbes Agro