A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na terça (21), de uma live promovida pela Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) com o tema “Cenários para o agronegócio pós-pandemia”.
A transmissão ao vivo teve entre os debatedores o vice-presidente da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, e o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.
Também participaram da discussão o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Jorge Seif Júnior; o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, Ricardo Gouvêa; o presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Orildo Severgnini; e o senador Jorginho Mello (PL-SC). O mediador foi o reitor da Unoesc, Aristides Cimadon.
José Zeferino Pedrozo acredita na força do agronegócio brasileiro para superar o atual momento. Ele entende que Santa Catarina precisa continuar trabalhando para se manter como um grande produtor de alimentos e investir na agricultura familiar, base da produção agropecuária do estado.
“Eu sou muito otimista, apesar do momento difícil que estamos vivendo. O agro tem resistido a crises como essa e se transformado no grande fator de desenvolvimento não só de Santa Catarina, mas de toda a nação. O principal entrave é a infraestrutura”, afirmou o vice-presidente da CNA.
Para o superintendente técnico da CNA, os números comprovam a competitividade e a resiliência do agro brasileiro, apesar da pandemia. A participação no PIB deverá crescer de 21% para 23%. Nas exportações, o setor que antes representava 43%, já é responsável por mais de 50% do total.
Mesmo com o cenário positivo, Bruno Lucchi alerta que as cadeias de produtos perecíveis sofreram impactos e que o custo de produção também aumentou em algumas atividades. Na avaliação dele, é preciso continuar abrindo novos mercados, incentivar o consumo interno e buscar a prorrogação de empréstimos para os produtores atingidos pela crise. Outro desafio é melhorar a conectividade no campo.
“Uma pandemia como essa deixa dor e perdas, mas traz ensinamentos também. A comercialização eletrônica veio para ficar e o produtor viu que precisa ter uma gestão profissionalizada. Além disso, é importante mantermos essa mobilização para continuarmos crescendo e tornar o Brasil cada vez mais competitivo”, disse.
Pescados – Afetado inicialmente, o setor de pescados vem se recuperando aos poucos e tem potencial para crescer no Brasil. Segundo o secretário de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, o país tem uma costa de 8,5 mil quilômetros e é um dos maiores detentores de recursos hídricos do mundo.
“Estamos trabalhando para tornar o Brasil um protagonista na produção e exportação de pescados. Hoje, 51% da proteína animal consumida no mundo é oriunda de pescados. Precisamos desburocratizar e rever legislações para dar a oportunidade dos produtores produzirem”, declarou Jorge Seif Júnior.
O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de Santa Catarina, destaca que o agro responde por 35% do PIB e 72% das exportações catarinenses. Na opinião de Ricardo Gouvêa, o estado precisa continuar investindo na rastreabilidade dos produtos agropecuários e aproveitar a condição sanitária diferenciada do seu rebanho bovino (livre de febre aftosa sem vacinação) para aumentar ainda mais a comercialização com outros países.
Nesse sentido, o senador Jorginho Mello também alerta que é preciso avançar em infraestrutura para escoar a produção até os cinco portos existentes em Santa Catarina. Outro desafio é buscar alternativas para o transporte de milho destinado à suinocultura e avicultura, já que o estado depende de outras regiões para o fornecimento do cereal.
Fonte: CNA