A proposta do Centro de Excelência em Cana-de-Açúcar visa o incremento da produção e do desenvolvimento econômico relacionado à atividade canavieira.
O agronegócio é fundamental para a economia paraense, no entanto o estado tem capacidade de desenvolver ainda mais as culturas já existentes e ampliar a importância de outras. A produção de cana-de-açúcar é uma das áreas que deve crescer nos próximos anos e contribuir para o desenvolvimento local e a geração de emprego e renda.
Um estudo da Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz (Esalq), vinculada à Universidade de São Paulo, mostrou que o Pará teria condições de ampliar a produção canavieira para até 9 milhões de hectares de terra plantada. O estudo mapeou áreas já desmatadas e quem tem boa aptidão para a cultura da cana-de-açúcar, seria portanto uma atividade sem impacto ambiental, já que a ocupação ocorreria em áreas já alteradas, ou seja, sem desmatamento ou perda de cobertura vegetal.
Na atualidade, porém, são apenas 20 mil hectares de área plantada com cana-de-açúcar, sendo distribuída parte para a produção de suplementos da alimentação bovina e outra parte para álcool e açúcar, de acordo com Fernão Zancaner, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) e responsável pela Câmara Setorial da Cana-de-Açúcar.
Zancaner afirma que a expectativa do setor produtivo é dar um salto nesse segmento, contando com a parceria de órgãos do governo e de instituições de pesquisa em torno das ações previstas pelo programa ProPará. Um dos projetos é o Centro de Excelência em Cana-de-Açúcar , previsto para ser instalado no município de Ulianópolis, localizado no sudeste paraense e onde funciona a primeira usina de processamento de cana-de-açúcar do estado.
Uma questão estratégica para o Centro de Excelência está relacionada à cooperação entre a iniciativa privada e as instituições de pesquisa, principalmente porque se percebe que ainda há pouco interesse em estudar a área devido à realidade atual da produção canavieira no estado. “O objetivo é agregar todas as tecnologias vinculadas àquela cadeia produtiva para que elas sejam replicadas. Com as instituições de pesquisa e a iniciativa privada atuando juntas, queremos que seja criado um banco de conhecimento para a expansão dessa cadeia”, esclarece o vice-presidente da Faepa.
As análises técnicas realizadas até então são promissoras. Fernão Zancaner explica que o planejamento estratégico do programa estabeleceu uma meta de expansão da área plantada para 2 milhões de hectares . “Com isso, nós teremos capacidade de gerar quase 16 mil empregos direitos e mais de 62 mil indiretos, além de 87 usinas”, destaca. Com o beneficiamento, outras áreas podem ser desenvolvidas, como a indústria de etanol e açúcar e o aproveitamento de resíduos, já que o bagaço da cana é útil na geração de energia e na fabricação de ração animal.
Fernão Zancaner diz que com uma produtividade média de cana-de-açúcar no estado de 78 toneladas por hectare , seria possível, por exemplo, produzir cerca de 5,5 bilhões de litros de etanol e mais de 116 milhões de sacas de açúcar. “Na minha avaliação, o foco deveria ser a produção de biocombustível e de açúcar porque o Pará é importador desses produtos. Seria um impacto positivo para a balança comercial, para a questão ambiental porque diminui o consumo de gasolina e para a geração de energia porque o bagaço pode gerar uma energia limpa que é a biomassa. Ou seja, é uma cultura que pode agregar em vários aspectos”, ressalta.
A regularização fundiária com segurança jurídica para os produtores rurais, a disponibilidade de crédito para favorecer a instalação de empreendimentos e a desburocratização para facilitar o acesso e o licenciamento de áreas onde já houve outras atividades econômicas são alguns desafios para avançar nesse sentido. Apesar disso, Zancaner mantém o otimismo e encoraja: “O Pará tem potencial para ser o maior produtor agrícola brasileiro. Precisamos explorar esse potencial”.
Fonte: Sistema Faepa