Cooperativa em São Félix do Xingu comemora certificação por boas práticas na produção de cacau

Plantação de cacau é o carro-chefe da CAMPPAX. Foto: Abraão Vilela

São Felix do Xingu (PA) sempre deu o que falar por abrigar as mais altas taxas de desmatamento no Brasil, bem como pela ação predatória de garimpeiros e madeireiros ilegais. Uma semente plantada pela Cooperativa Alternativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu (CAMPPAX) em 2013, no entanto, começa a mudar essa realidade nebulosa em nosso Estado, mostrando que respeito à terra e desenvolvimento econômico andam, sim, de mãos dadas.

Há, no mínimo, dois motivos para a CAMPPAX comemorar. Primeiro porque o cacau produzido pelas cerca de 300 famílias associadas acaba de receber a certificação chamada IBD, de produtos orgânicos e biodinâmicos, do Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural. Segundo porque a a produtividade da fruta alcança números robustos.

“Em 2020, alcançamos o número de 600 toneladas de cacau; já em 2021, chegamos a 700 e queremos neste ano alcançar o número de 1.000 toneladas”, afirmou, bastante esperançoso, o presidente da CAMPPAX, Raimundo Freire, ao Pará Terra Boa, na segunda-feira, 14/03.

O IBD é a maior certificadora da América Latina de produtos orgânicos, atuando em todos os Estados brasileiros, com o objetivo de promover o equilíbrio entre a atividade econômica e a preservação da natureza.

“Ter conseguido este certificado representa muito para todos nós da cooperativa. Com certeza, vamos representar muito bem a nossa região. Estamos com uma expectativa muito grande, pois os nossos produtos orgânicos terão todo um rastreamento e acompanhamento técnico especiais”, disse o presidente da CAMPPAX.

Raimundo já começa a planejar a exportação dos produtos da CAMPPAX para o mundo após a obtenção da certificação.

“Com esta certificação, poderemos comercializar os nossos produtos orgânicos em todo o Brasil, como também de maneira internacional. Já estamos nos planejando para começar a exportação para daqui a 20 dias para a América do Norte e também para a Europa”, adiantou.

SAF

Além do cacau, os produtores rurais da cooperativa também cultivam outros produtos, como a castanha-do-Pará, abacaxi e jaborandi, por meio do Sistema Agroflorestal (SAF), que é uma forma de uso e ocupação do solo em que árvores são plantadas ou manejadas em associação com culturas agrícolas ou forrageiras. Em outras palavras, é um sistema em que o produtor planta e cultiva árvores e produtos agrícolas em uma mesma área, garantindo a melhora de aspectos ambientais e a produção de alimentos e madeira.

Para o cacau se desenvolver, é necessário bastante sombreamento, o que é obtido pelas árvores dos outros frutos. Além de favorecer a produção do cacau, o SAF ajuda a reflorestar as áreas antes degradadas.

“Aqui na cooperativa, nós incentivamos o reflorestamento, principalmente, porque o cacau obtém o fósforo, o potássio e o nitrogênio para se manter por meio do adubo natural, vindo das folhas mortas e dos galhos que caem das árvores. Tudo ocorre de maneira bastante natural”, contou seu Raimundo.

Um dos grandes incentivos do desenvolvimento da cooperativa foi a parceria com o Instituto de Manejo e Certificação Agrícola e Florestal (Imaflora).

“Aqui na CAMPAXX, nós sempre contamos com esta parceria, ou por meio dos técnicos da Imaflora ou com todo o conhecimento que conseguimos deste grande instituto”, celebrou.

MUDANÇA DA REALIDADE

Raimundo destaca a importância de iniciativas sustentáveis como forma de mudar a realidade em São Félix do Xingu.

“Aqui em São Félix, no passado, o efeito do garimpo foi muito intenso e também dos exploradores da madeira, que prejudicaram bastante o solo da região. Mas estamos conseguindo mudar esta realidade para um quadro bem mais positivo”, avaliou.

TRAJETÓRIA

Com 58 anos de idade, Raimundo vem de uma família de agricultores rurais do município de Cocalinho, em Mato Grosso.

“Eu aprendi tudo o que sei com o meu pai. Chegamos em São Félix do Xingu em 1986. Eu posso dizer que eu acompanhei todas as etapas da história daqui e estamos muito felizes com o que está acontecendo neste momento”, disse.

Atualmente, Raimundo é dono de um terreno de 48 hectares, onde também planta cacau dentro do Sistema Agroflorestal, participando, assim, do reflorestamento de São Félix do Xingu.

Por: Pará Terra Boa

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