Cooperativismo na cadeia da carne bovina auxilia produtores a obter melhores rendimentos e mais qualidade ao consumidor final

Tema foi debatido em encontro online promovido pelo GPB – Grupo Pecuária Brasil com produtores e gestores de cooperativas

Um dos entraves na produção da pecuária é o desgaste na negociação entre frigoríficos e produtores. Neste cenário, as cooperativas ganham espaço e vêm para auxiliar o produtor a melhorar os seus rendimentos e, com um mercado consumidor cada vez mais exigente, coloca na prateleira produtos padronizados e de qualidade. Este foi um dos aspectos abordados no encontro online “Cooperativismo na cadeia produtiva da carne bovina, eis a questão…”, promovido pelo GBP – Grupo Pecuária Brasil e que reuniu produtores e gestores de cooperativas para debater o assunto.

“As cooperativas surgem com um grupo de produtores que têm os mesmos objetivos: eles se unem para haja uma organização da cadeia, mais valorização do produto e maior ganho na produtividade. Com isso, tira do caminho os elos que, porventura, estejam ganhando margem de lucro que poderia ser destinada ao produtor, dando-lhes uma margem maior”, explica a médica-veterinária e gerente da divisão de fomento da Cooperaliança, de Guarapuava (PR), Marina Araujo Azevedo.

“No nosso sistema de cooperativa, o frigorífico participa do processo como prestador de serviços. Nós damos a orientação técnica de qual animal produzir, raça, tipo de produto estudado que o mercado deseja, pois as duas questões mais importantes são padrão e regularidade. Sem isso não tem como evoluirmos na atividade e no mercado”, completa.

No entanto, para conseguir esse valor agregado ao seu produto, Victor Hugo Bolqui Torsani, médico-veterinário da Cooperativa Maria Macia, localizada em Campo Mourão (PR) e que é referência em cooperativa de carne bovina no Brasil, também salientou que é fundamental que o produtor entregue animais para o abate padronizados e com frequência. Por isso, a cooperativa oferece ao produtor uma assistência a campo constante para conseguir atender às demandas, tanto de frigorífico como de consumidor.

“Temos um padrão estabelecido do que o mercado procura e essa é a primeira regra da escala dos abates. Depois temos a demanda de produção, pois precisamos entregar carne semanalmente. Quando se entra num sistema de cooperativa, o produtor precisa entender que não pode concentrar a entrega num único abate e sim, estendê-lo e forma que consiga entregar mais animais agregando valor. Por isso, nosso setor técnico está sempre a campo, fazendo ajustes junto com os cooperados”, explica.

Para o médico-veterinário, Christopher Hellbrugge, que também é administrador de empresas, produtor rural e há 12 anos é gestor da Copcarnes – Cooperativa de Produtores de Carnes Nobres do Norte do Paraná, localizada em Rolândia (PR), um dos maiores desafios durante o processo de criação da cooperativa foi entender o que o mercado buscava. “Com o passar do tempo e com a experiência, percebemos que para o consumidor qualidade está vinculada a padrão de produto”.

Atualmente, a Copcarnes atua com um grupo de 40 produtores que buscam entregar carcaças com maior valor agregado. “Abatemos animais de 300 quilos com 18 meses, o que nos diferencia ao rendimento financeiro final. Como estamos focados na agregação de valor, não temos mobilização de capital com parte logística e abate. Por isso todo o valor que conseguimos a mais nas carcaças volta ao produtor. Nossos preços de remuneração são baseados no valor de venda da carne. Temos uma tabela de preço mensal para que todos sejam remunerados de maneira isonômica”, conta.

Também participou do encontro online o médico-veterinário Euvaldo Foroni, que é proprietário da Agropecuária Nelore 3B e que foi presidente da Cooperocarne (Cooperativa Rondoniense de Carne), que existiu de 2003 a 2008, quando foi adquirida pelo Bertin. Ele relatou um pouco da sua experiência como produtor e o que motivou os pecuaristas da sua região a formarem uma aliança à época. “A nossa cooperativa surgiu num momento diferente dos demais. Foi por necessidade, pois havia mais oferta do que procura. Em 2007, tínhamos menos indústria para processar os animais do que produzíamos e o preço, em consequência, sofreu queda. Outro ponto era que o estado de Rondônia era zona de risco para aftosa enquanto que o Mato Grosso era livre de aftosa. O nosso canal de escoamento, então, acabou ‘fechando’.Foi aí que partimos para mobilizar produtores a fim de conseguir recursos para construir um frigorifico e somente depois cooperarmos”, relembra.

Para Foroni, um dos problemas que faz os produtores saírem em desvantagem é não querer entender o que o mercado necessita. “O cooperado precisa entender que ele precisa se adequar e trabalhar com o mercado que está sendo solicitado a ele”, reforça.

Cooperativismos na pecuária ainda tem muito espaço para crescer

Para o líder do GPB Paraná e sócio da Fazenda Santo Antônio das Lendas, Ricardo Rezende, o sistema de cooperativas para a pecuária de corte tem muito espaço para crescer no País e a atividade tende a cada vez mais ser ampliada. “Já existem grandes modelos no Brasil e este sistema tende e pode ser cada vez mais ampliado. Isso porque o produtor também é o dono do negócio e esse tipo de estrutura é o ponto chave de sistema que vem dando certo. O pecuarista é o dono do boi e da comercialização da carne. Associado a uma cooperativa é possível conjugar um número grande de pecuaristas com condição de mercado boa, com qualidade e constância”, aponta.

O pecuarista ressalta ainda que o segredo para se diferenciar no mercado para se obter uma carne de qualidade está no bom manejo e na boa nutrição dos animais. “Sempre digo: não existe carne ruim. Existe boi bom e ruim”, enfatiza.

Esta foi a terceira de uma série de lives promovida pelo Grupo para fomento da pecuária no Brasil. A iniciativa integra o “GPB em Ação” que é uma plataforma de comunicação atuante sob três pilares: informação de qualidade aos produtores, notícias do GPB e fortalecimento do Balizador de Preços do Boi Gordo, iniciativa que congrega, em detalhes, as informações dos próprios pecuaristas sobre negócios realizados com a indústria frigorífica.

O Grupo Pecuária Brasil nasceu em uma rede social por meio da troca de mensagens entre produtores paulistas e tornou-se uma entidade representando os pecuaristas do Brasil.

 

Fonte: GPB – Grupo Pecuária Brasil

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