Declínio silencioso: restam 60 colheitas

Para o professor John Crawford agricultura regenerativa é a solução para a recuperação do solo degradado.

Foto: Wenderson Araujo/CNA/Trilux

Antes de desaparecer totalmente, o solo entra em declínio. Cerca de 40% do território agrícola no mundo todo é classificado como degradado ou gravemente degradado.

O professor John Crawford, cientista por trás do cálculo de que, se nossa trajetória atual for mantida, os solos talvez só produzam apenas 60 colheitas. Ele é enfático sobre a urgência de agir a esse respeito. “O relatório recente do IPCC deixou muito claro que a degradação da terra é totalmente insustentável e que nós precisamos fazer algo para detê-la e investir pesado na regeneração do solo”, ressalta.

Professor John Crawford: “A degradação da terra é totalmente insustentável” – Foto: Richard Dunwoody

A agricultura industrial usa fertilizantes químicos para mascarar o decadência do solo, mas uma avaliação feita por cientistas do Grantham Centre for Sustainable Futures descreveu essa prática como “insustentável”. Os rendimentos das plantações são mantidos artificialmente mediante o “uso pesado de fertilizantes” cujo cultivo consome 5% da produção mundial de gás natural e 2% do fornecimento anual de energia do planeta. Para onde quer que olhemos, os solos em declínio tornarão um futuro sustentável bem menos provável.

Tais acontecimentos são uma consequência imprevista da quebra do vínculo que existia entre os agricultores, os animais de criação e o solo desde os primórdios da civilização. A agricultura intensiva é o que há de pior em termos de imediatismo: ela visa obter os maiores rendimentos hoje usando todos os meios que degradam o solo, o que implica rendimentos mais baixos no futuro. Esse é o problema atual.

Crawford tem certeza de que a agricultura regenerativa é a solução e que sabemos como fazer isso. “Bastava usar estrume no solo – e sempre havia matéria orgânica indo para ele e nós sabíamos como cuidar dele”, afirma.

De acordo com Crawford, no final das contas, não são os políticos nem as empresas, mas as pessoas comuns que mudarão o mundo e, para que consigam fazer isso, precisamos ajudá-las a pensar mais e de outro jeito. Quando questionado sobre qual seria a coisa mais importante que poderíamos fazer em prol da saúde do planeta, ele disse: consertar o solo.

Fonte: O Presente Rural

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