A importância do bem-estar animal e as melhores técnicas para abate halal em bovinos e ovinos com as cientistas Temple Grandin e Erika Voogd
As cientistas renomadas Temple Grandin, Ph.D em Ciência animal e Erika Voogd, consultora da Voogd Consulting, Inc. e expertise em Bem-Estar Animal e Segurança Alimentar comentaram na webinar promovida pela Cdial Halal, no último dia 29, sobre o mercado halal e o bem-estar animal para bovinos e ovinos.
O evento contou com as boas vindas dos executivos, presidente Ahmad Ali Saifi e do CEO, Ali Saifi, da Cdial Halal e ao final, o Sheik Mohamad Al Bukai explicou com assertividade a importância da religião no processo halal.
Em sua fala, Ali Saifi lembrou que “o bem-estar animal e o halal é um conjunto. Nosso objetivo principal, como islâmicos, é respeitar o bem-estar animal, proporcionando um abate profissional, respeitando a jurisprudência islâmica. Deus nos dá a oportunidade de consumir animais, mas desde que os tratamos com dignidade. Como certificadores, independente das diversas culturas, fazemos com que as boas práticas sejam realizadas”, comenta o CEO da Cdial Halal, Ali Saifi.
Em seguida a doutora Temple Grandin iniciou a webinar ressaltando que os profissionais precisam ficar mais atentos aos movimentos dos animais para entender, aplicar as boas práticas de criação e é claro seu bem-estar animal.
Confira os itens mais comentados pelas doutoras Temple Grandin e Erika Voogd:
1- Os animais que estão a caminho do abate sentem medo de pequenas coisas que as pessoas não percebem, como por exemplo, reflexo, iluminação forte, barulhos, estes fatos incomodam o bem-estar do animal.
2- O gado deve ser acomodado de forma que todos os animais consigam descansar deitados e com espaço no curral. Amontoá-los de forma numerosa não é bem-estar.
3- É preciso ter uma correta estabulação no curral. Verifique se piso não está liso e derrapante. Se mais de 1% dos animais caem durante o manejo, há problema no piso instalado.
4- Para manusear o gado, não é aconselhado utilizar bastão elétrico e nem grite com o animal. Estes atos geram estresse.
Manuseio do gado com uma pá
5- É muito comum mover o gado de forma silenciosa com um pandeiro como ferramenta para estimular o gado para a seringa de abate.
6- Reflexos no chão fazem com que os animais tenham mais hesitação.
7- Iluminar a entrada da área de contenção com luz portátil.
Uso de lâmpada portátil
8- Bloquear o espaço de contenção dos raios solares com lonas, utilizar cortina para que o animal não veja a circulação de pessoas durante o caminho para o abate.
9- A contagem de vocalização deve ser 5% ou menos.
Dicas de bem-estar animal
1.- Tolerância zero quanto à pendura do animal quando dá sinais de consciência.
2.- Realizar o corte na garganta imediatamente após a contenção. Utilizar facas afiadas para não causar desconforto ao animal. A faca deve ter o dobro do tamanho do pescoço do animal.
3.- Tolerância zero para esfolamento, escaldamento, remoção dos pelos ou de qualquer parte do animal que apresente quaisquer sinais de sensibilidade.
4.- O chão não deve ser escorregadio e nem de concreto grosso. Estes ambientes causam danos aos animais como má conformidade nas pernas, formação de cascos impróprios, entre outros.
5.- Para completar o ciclo, é estritamente necessário que haja manuseio correto e nutrição adequada aos animais.
6.- Não é correto acelerar o crescimento rápido dos novilhos. Devemos respeitar o tempo natural de crescimento.
7.- Todo o gado tem que ter espaço suficiente para se deitar sem que haja necessidade de se deitar um sobre o outro.
8.- Deve-se oferecer espaço mínimo para o transporte. Utilizar o mínimo de amônia durante a locomoção dos animais.
9.- As auditorias precisam ser mais assertivas. Os padrões de diretrizes devem ser claramente escritos, os quais não devem ter diferentes interpretações subjetivas por pessoas diferentes. A manutenção de padrões altos requer medidas de prevenção quanto às práticas do manuseio, evitando deterioração.
10.- As equipes devem ser bem treinadas de forma objetiva e de única interpretação, para que não haja dúvida quanto ao manuseio dos animais.
Sistema moderno de rampas curvas para o abate.
Cortina e papelão bloqueiam a visão dos animais, para que não vejam as pessoas e os equipamentos de abate.
A questão religiosa com Sheik Muhammad Albukai – As pessoas que realizam o abate halal precisam ser treinadas de forma espiritual. “O mercado halal é diferente dos outros. Halal não se resume apenas a forma como a degola é praticada, mas sim, a um conjunto de princípios e regras legislativas islâmicas, que devem ser seguidas e preservadas que envolvem inclusive como o animal deve ser tratado antes, durante e pós degola”, ressalta o sheik.
Há um versículo 6:38 do alcorão que diz: “Não existe ser algum que ande sobre a terra, nem aves que voem, que não constituam nações semelhantes a vós. Nada omitimos no Livro”. O Profeta Mohammad (que a paz e a benção de Deus estejam sobre ele) ressalta a importância de respeitar os animais. A relação do animal e o ser humano é muito forte. “Os animais, como os frangos, são bençãos de Deus ao ser humano. Nós, seres humanos, nos beneficiamos deles para nos alimentar, portanto, devemos respeitá-los. Para enfatizar nosso respeito a todas as espécies de animais, a sociedade islâmica em suas distintas capitais se dedicou a criação de hospitais específicos para tratamentos de enfermos. Há diversas entidades como Awqaf para cuidar exclusivamente de animais idosos em condições especiais; Waqf Al Marj Terra Verde em Damasco e a Waqf Gatos perdidos, entre outros. Ou seja, os animais na jurisprudência islâmica precisam ter direito à vida, à sua alimentação, não serem judiados e ter sua espécie protegida e preservada. Todos têm um único propósito: oferecer bem-estar animal”, finaliza sheik.
A Cdial Halal – uma das maiores e importantes certificadoras halal do Brasil. É única certificadora da América Latina acreditados pelos principais órgãos oficiais dos Emirados Árabes (EIAC) e do Golfo (GAC), o que confere seriedade e competência nos segmentos que atua. “São certificações que comprovam que seguimos as rígidas regras e garantimos a excelência e integridade dos produtos e empresas acreditadas. Somos a certificadora brasileira com maior número de categorias certificadas pelo GAC. Podemos certificar as categorias C, voltada a produtos de origem animal, e L, de produtos químicos. E recentemente, conquistamos mais cinco categorias, sendo: D (voltada para sucos); E (destinada para produtos industrializados com maior tempo de prateleira); F (produção de ração); H (Centros de Distribuição) e J (Transporte e Centros de Armazenagem)”, finaliza Saifi.
Lucia Nunes – diretora e jornalista responsável
Marianna Cardoso – assessoria de imprensa