Empresas firmam acordo de R$ 2,5 bi para construir terminal de grãos e fertilizantes no Porto de Santos

Novo terminal da Rumo e DP World busca expandir capacidade de grãos e fertilizantes no Porto de Santos Thiago de Jesus/Valor

Operação que tem parceria da Rumo e da DP World deve começar em meados de 2027, segundo o novo presidente da Rumo, Pedro Palma; a ideia é que as obras tenham início em 2025

Após mais de três anos de estudos, a Rumo, empresa de logística do grupo Cosan, e a operadora portuária DP World (Dubai Ports World) firmaram, na segunda-feira (25), um acordo vinculante para a construção de um novo terminal de grãos e fertilizantes no Porto de Santos. O investimento previsto é de R$ 2,5 bilhões.

O novo terminal deverá ter capacidade para movimentar anualmente 9 milhões de toneladas de grãos e 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes.

A expectativa é que a operação comece a funcionar em meados de 2027. Após a assinatura do acordo vinculante, haverá uma etapa de condições precedentes, sendo a principal delas o licenciamento ambiental do projeto. A expectativa é que esta fase seja concluída até o fim deste ano, para que as obras tenham início no começo de 2025. A construção deverá levar 30 meses.

Pelo acordo, a parceria entre Rumo e DP World deverá ter duração de ao menos 30 anos. O terminal será construído dentro da área da DP World em Santos. Trata-se de um Terminal de Uso Privado (TUP), localizado na margem esquerda do porto, onde há também operações de contêineres e de celulose, que não terão ligação com o projeto. No local, serão instalados mais dois berços de atracação — um para grãos e um para fertilizantes —, além de uma estrutura de armazenagem e uma nova pera ferroviária.

Além da área do terminal, a DP World entrará no negócio fazendo a operação portuária ao longo do período do acordo, explica o presidente da empresa portuária, Fabio Siccherino.

A Rumo ficará responsável pela gestão comercial e por fazer a totalidade dos investimentos para a construção — possivelmente, com um novo sócio, que ainda poderá integrar o projeto, segundo o novo presidente da companhia logística, Pedro Palma. “Isso se dará com recursos próprios, financiamentos ou com a busca de parcerias estratégicas. Mas nosso acordo com a DP World é independente [desse movimento], estamos prontos para fazer operação sair do papel”, diz ele.

O novo terminal faz parte do projeto da Rumo de expansão do corredor de escoamento entre o Centro-Oeste e o Porto de Santos. Nos últimos anos, a operadora ferroviária firmou uma série de novas iniciativas nesse sentido: a renovação antecipada da concessão da Malha Paulista, que deverá dobrar a capacidade da ferrovia nos próximos anos; a construção, já finalizada, do trecho central da ferrovia Norte-Sul; e a extensão da Malha Norte no Mato Grosso, que está em fase inicial.

Todos esses investimentos bilionários deverão ampliar de forma significativa o volume de cargas no corredor, e a Rumo quer garantir que não haverá falta de capacidade em nenhuma ponta da cadeia, explica Palma.

“Queremos garantir que Santos não será um gargalo, um limitador nesse processo de crescimento. Esse projeto é mais um passo nessa jornada. A Rumo quer se tornar a consolidadora de carga nas regiões em que atua.”

Segundo Rafael Bergman, vice-presidente financeiro da Rumo, o balanço da companhia comporta o investimento no novo terminal e não deverá pressionar a alavancagem. “A companhia tem perfil financeiro adequado para suportar o plano de investimento, e a gente também tem trazido parceiros, como forma de suportar essa expansão. Hoje estamos operando com alavancagem [relação entre dívida líquida e Ebitda] abaixo do indicado ao mercado, um intervalo de 2 vezes a 2,5 vezes. Estamos abaixo dessa faixa.”

O novo presidente, que substitui Beto Abreu (que por sua vez assumirá o comando da Suzano), será oficialmente empossado nesta quinta-feira (28), mas já iniciou a transição desde o início de março. Palma está na Rumo há 11 anos, e ocupada o cargo de vice-presidente comercial.

Segundo ele, o novo comando não representa uma mudança na estratégia da companhia. “Não há nenhuma grande reorientação. A companhia tem projetos robustos sendo desenvolvidos, vamos entregar o que foi contratado.”

Para a DP World, o novo projeto representa a conclusão do desenvolvimento de seu terminal Santos. “Vamos fechar toda a capacidade do terminal. Essa parceria com a Rumo consolida nossa estratégia de diversificação de cargas, iniciada em 2018, e nos consolida como o maior terminal multipropósito do país”, diz ele.

O terminal começou a operar em 2013, à época, sob o nome de Embraport e com a Odebrecht como maior sócia. A DP World, que já era acionista, comprou a fatia da empreiteira e assumiu o controle em 2017. De lá para cá, ampliou a operação, que era só de contêineres, por meio de parceria com a Suzano para celulose e, agora, com o acordo da Rumo.

Com o desenvolvimento completo da área em Santos, Siccherino também afirma que a companhia está mais preparada a estudar outros projetos no Brasil. Uma oportunidade em estudo é o leilão do Porto de Itajaí, em Santa Catarina, que deverá ser leiloado neste ano.

Por: Globo Rural

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