O engenheiro agrônomo, que nasceu em São Paulo, completaria 107 anos no dia 19 de setembro; causa da morte não foi divulgada.
Morreu nesta terça-feira, 7, o engenheiro agrônomo Fernando Penteado Cardoso, aos 106 anos de idade, fundador da Manah Fertilizantes, empresa vendida para Bunge, em 2000.
O empresário, que nasceu em São Paulo, completaria 107 anos no dia 19 de setembro. Ele era formado em Agronomia pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em 1936.
Ativo, nunca parou de trabalhar, mesmo depois da venda da empresa, que fundou nos anos de 1940, por causa da Segunda Guerra Mundial.
Cardoso contou que a Manah nasceu depois do bloqueio naval do Atlântico, que impedia a chegada de fertilizantes, foi quando teve a ideia de começar a misturar cinzas de café e de torta de algodão para adubar as terras da família. Segundo contou em um perfil publicado na ‘Folha de S. Paulo’, ele arriscou e abriu em Descalvado, no interior paulista, a Adubos FC -“era de ‘Fernando Cardoso’, mas os outros chamavam de ‘Adubos Futebol Clube’. Virou Manah.
Na mesma entrevista, ele conta que criou o famoso slogan “Com Manah, adubando dá”, durante uma viagem de trem.
Em 2001, o agrônomo, que sempre foi um apaixonado pelo campo, criou a Fundação Agrisus, entidade privada que patrocina pesquisas em fertilidade de solo. Neste período, ele também passou a administrar canaviais e gado em algumas propriedades no interior paulista, onde estava vivendo durante a pandemia.
“Arregacem as mangas e vão em frente. Não se intimidem, nem se sintam diminuídos, se tiverem que começar pelo começo. Estudem sempre, a vida toda, para manterem-se em dia com a ciência, com a tecnologia e com a economia. Tenham sempre disposição para mudar. Não se deixem fossilizar. Os vários patamares do sucesso se condicionam sempre à dedicação ao trabalho, ao esforço, à honestidade de propósito, ao estudo, e especialmente à pertinácia. A perseverança deve prevalecer em todas as iniciativas, por mais modestas e primárias que sejam. A sorte na vida, fator que não pode ser relegado, acontece geralmente para quem está com a camisa molhada. Raramente ocorre em ambiente de sombra e água fresca”, disse em discursos como paraninfo a formandos da Esalq, em 2005.
A causa da morte não foi divulgada. O velório acontece no crematório Horto da Paz, em Itapecerica da Serra (SP) e a cremação está prevista para as 15 horas desta quarta-feira (8).
Repercussão
Na internet, o ex-secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Xico Graziano, lamentou a morte do engenheiro agrônomo. “Dr. Fernando honrava a moderna agronomia, inspirando várias gerações”, escreveu.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) também lamentou. “Um dos maiores engenheiros agrônomos do Brasil. Inspirou muitos de nós. Deixará saudades mas também um enorme legado para a tecnologia e quantificação de resultados”, diz um trecho.
A Sociedade Rural Brasileira (SRB), também em nota, manifestou pesar. “Prestes a completar 107 anos no dia 19 de setembro, dedicou sua vida à agropecuária brasileira com importantes contribuições e estudos para o desenvolvimento de uma agricultura e pecuária sustentáveis”, escreveu a entidade.
A ministra da agricultura, Tereza Cristina, usou as redes sociais para lamentar a perda. Confira: