Governo confirma embargo da Rússia a frigoríficos brasileiros

O Ministério da Agricultura confirmou que o Serviço Federal de Fiscalização Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) está impondo restrição temporária de importação de carnes suína e bovina do Brasil. São 10 frigoríficos com restrições, nove de carne bovina (seis da JBS, dois da Minerva e um da Marfrig) e um de carne suína, o Pamplona (Riosulense), em Santa Catarina.
Por meio de nota, o ministério afirma que a autoridade russa enviou um relatório preliminar da missão de inspeção que esteve no País entre 30 de junho a 14 de julho de 2013. “Este documento será analisado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que fará seus comentários antes da publicação da versão final que será feita pelas autoridades russas”, disse o ministério.

curral frig.Segundo o Ministério, o documento russo precisa ser traduzido antes de ser analisado pelos técnicos da pasta. Só depois será possível “avaliar os problemas identificados pelos russos e tomar as medidas necessárias o quanto antes”, disse o comunicado.

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina (Abiec), Fernando Sampaio, informou que as nove unidades frigoríficas foram impedidas de vender à Rússia a partir de 2 de outubro. “De tempos em tempos, as autoridades sanitárias russas decidem colocar restrições temporárias ou maiores controles às unidades brasileiras. Mas a decisão de embargar essas nove plantas foi decorrente da última visita que eles fizeram ao País, em julho”, disse Sampaio em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Ele explicou que, em relatório que está com o Ministério da Agricultura, as autoridades russas apontam que há “inconformidade com as normas sanitárias do país”. “Eles descrevem o que ocorre com cada unidade. O que deu para perceber, num aspecto geral, é que eles citam bastante a questão do uso da ractopamina, mas há outras ‘inconformidades'”, declarou Sampaio. Hoje, há 56 unidades habilitadas para vender à Rússia, mas somente 14 – com o embargo atual – estão totalmente liberadas para o envio de lotes ao país.

Sampaio disse que ainda não é possível calcular o impacto nas vendas do setor. Um dos motivos é que as empresas do setor são bem diversificadas geograficamente e podem atender ao mercado russo via outras plantas. A segunda é que ao mesmo tempo em que há uma quantidade expressiva de restrições às unidades, a Rússia aumentou a cota destinada às exportações brasileiras de carne bovina. “Parece contraditório, mas a Rússia dá cota para a Europa, Estados Unidos e outros países. O Brasil se encaixa nessa cota de ‘outros países’, a qual houve um aumento da tonelagem”, disse.

Sampaio ainda explicou que a Abiec está pedindo ao Ministério da Agricultura que reitere as garantias sanitárias que foram dadas aos russos na época das visitas das autoridades do país e que brigue por uma reversão da decisão o mais breve possível. “A Rússia já avisou que independente de estar na Organização Mundial de Comércio (OMC, na sigla em inglês) vai continuar usando as suas regras de comércio. O Brasil é quem tem que mostrar a equivalência nesse assunto”, enfatizou.

Já o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas, disse nesta quarta-feira (25/9) que a restrição temporária imposta pela Rússia ao frigorífico Pamplona (Riosulense), de Santa Catarina, pode afetar os números de exportações, mas é cedo para estimar a diminuição nos embarques, porque os que seguirem embarcando a proteína podem ocupar o mercado. Hoje o Brasil embarca por mês cerca de 12 mil toneladas de carne suína para o país. “Nós sempre esperamos uma surpresa da Rússia”, disse o executivo.

Vargas afirmou, ainda, que a entidade já está se mobilizando para verificar quais são as exigências que não estão sendo cumpridas para solicitar a reabilitação. O executivo destacou, no entanto, que a cada nova restrição temporária, “existe uma certa dificuldade de liberar novas plantas”. Hoje são quatro unidades frigoríficas no Rio Grande do Sul que estão se adaptando às exigências do serviço sanitário russo, duas da Alibem, uma da BRF e outra da cooperativa Cotrijuí. Além da unidade de suínos, outras nove unidades de bovinos também estão temporariamente impedidas de vender para a Rússia.

Fonte: Globo Rural

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