Manejar pastagens é lucrativo e traz sustentabilidade à produção.
A publicação Fertilidade do solo em pastagem: como construir e monitorar, lançada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conscientiza técnicos e produtores rurais sobre a importância de se fazer o manejo adequado de um dos mais preciosos recursos naturais não renováveis do planeta – o próprio solo, essencial para a segurança alimentar global.
De forma simples, prática e ilustrada, a obra mostra como tornar as pastagens mais sustentáveis e longevas, com estratégias de construção de solos férteis sob elas, elencando as formas diretas e indiretas de monitoramento dessa fertilidade, sem agredir o meio ambiente.
“Manter o solo fértil no ecossistema de pastagem é mais complexo que em outros ecossistemas agrícolas, mas perfeitamente possível, começando pelo entendimento dos princípios biológicos que regem a construção e a manutenção dessa fertilidade”, afirma o pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental (Belém, PA) Moacyr Bernardino Dias-Filho. Ele é autor da publicação, juntamente com a engenheira-agrônoma Monyck Jeane dos Santos Lopes, vinculada ao Museu Paraense Emílio Goeldi.
Matéria orgânica
O valor da matéria orgânica em pastagens é bastante enfatizado. No primeiro tópico da obra já fica claro que pastagem produtiva é aquela que apresenta cobertura forrageira eficiente do solo, tendo alta capacidade de acumular matéria orgânica.
O ato de “construir a fertilidade do solo”, como os autores explicam, possibilita o acúmulo de nutrientes no solo, havendo mais entrada destes do que perdas. “Mas além da ação direta com a adubação, para haver sustentabilidade é necessário fortalecer a base dessa construção, isto é, garantir o aumento do teor de matéria orgânica e a eficiência na ciclagem de nutrientes”, complementa o pesquisador.
Adubação e ciclagem
“A perda e carência natural de nutrientes do solo podem ser compensadas com aplicações de fertilizantes e corretivos, mas de forma responsável, racional e eficiente, sem risco de contaminação ambiental, em especial do lençol freático e cursos d’água” é o alerta feito no tópico que trata dos temas adubação e correção do solo.
A longevidade produtiva da pastagem, por outro lado, depende de uma eficiente ciclagem de nutrientes, conquistada com estratégias de manejo do pastejo e controle das plantas daninhas. “A queima voluntária da pastagem, prática comum no Brasil até meados dos anos 1980, é desaconselhável por incentivar a perda da camada superficial do solo, desconstruindo a fertilidade”, ensina o pesquisador.
Monitoramento
Na parte final da obra, os autores dão dicas de como monitorar a fertilidade do solo sob pastagem: de forma direta e indireta, complementares entre si. O monitoramento direto é feito por meio da coleta de solo e análises químicas em laboratório. “Esse procedimento é imprescindível, pois detecta o estado do solo. Conforme o resultado, podemos implementar medidas de manejo, incluindo a adubação, antes que os problemas da queda de fertilidade se agravem”, orienta Dias-Filho.
A forma indireta de monitorar é subjetiva e depende da experiência prática do manejador, que, de acordo com recomendação da publicação (acessível também aqui, na Infoteca-e, o repositório de publicações da Embrapa), deve sistematicamente observar e interpretar os sinais visíveis característicos de queda de fertilidade e degradação de pastagem. “Esse tipo de monitoramento, pela relativa facilidade de condução, deve ser uma tarefa rotineira na propriedade rural”, recomendam os autores.
Fonte: Embrapa