Crise de demanda?
Exatamente nessa premissa que os fundos se posicionaram. Os movimentos exibidos nas bolsas, seguiram a lógica pessimista, gerando expectativas para uma recessão global. As maiores preocupações foram inspiradas, na possível redução do poder de compra das famílias européias e norte americanas, visto que, o cacau se caracteriza como um soft commodity, não pertencente ao seleto grupo de alimentos de primeiríssima necessidade.
Contrariando a tendência traçada pelos fundos, o mercado de chocolate e derivados se manteve acelerado. As confirmações logo surgiram, a partir dos resultados positivos exibidos em números de moagens e balanços anuais dos grandes processadores e fabricantes de chocolates. Aliás, esses quantitativos otimistas, também podem ser justificados, mediante os anúncios constantes de expansões de negócios, verificados principalmente por abertura de novas unidades fabris, em diversas fronteiras.
Em geral, especialistas estimaram um crescimento setorial médio global em 7%, durante 2022. No Brasil, segundo dados divulgados pela ABICAB, os volumes negociados por chocolateiros locais, avançaram 16%. Lembrando que os números entregues, foram medidos até o terceiro trimestre do exercício anterior.
Horizontes positivos para 2023
A onda de otimismo, aos poucos vem se consolidando entre os investidores. À medida que percebem que o surto inflacionário, segue incidindo em baixa interferência na demanda de derivados de cacau, os fundos, avançam em compras fundamentais, elevando os níveis históricos das bolsas. Além da retomada de confiança desse parâmetro, os problemas estruturais no oeste africano, principalmente em Gana, sugestionam uma redução na entrega de volumes nas próximas temporadas. Diversos analistas, apostam com firmeza para um mercado ascendente, durante o exercício em curso.
Mercado local
Do lado interno, apesar da introdução de novas áreas de cultivo no território nacional, os reflexos para uma alteração no quadro de entradas, dificilmente será alterado em 2023. Técnicos de campo, destacam o abandono das áreas tradicionais de cultivo e apontam como causa principal, as dificuldades que atravessam os agricultores, impossibilitando-os de realizar sequer, o mínimo dos tratos culturais nas lavouras. Enfatizam também, os impasses na resolução do endividamento e da ausência de novos incentivos oficiais. Outro ponto relevante, se refere a elevação dos preços dos insumos essenciais, atrelados, a baixa remuneração nas vendas da produção, as quais, indicaram talvez, para pior relação de troca dos últimos 20 anos. Para se ter uma idéia, o mercado de fertilizantes no segmento cacaueiro em 2022, registrou queda nas vendas, superior a 60%, quando comparado com a média dos últimos 5 anos. Ainda assim, a safra corrente, mesmo verificando atraso nas colheitas iniciais, poderá manter os números remanescentes, visto às condições climáticas atuais favoráveis, principalmente na Bahia, onde são realizadas as maiores entregas.
Sustentabilidade é a bola da vez
A nova pegada comercial dos processadores locais, indica para uma novo modelo de compras, valorizando lotes de matéria prima, que entreguem qualidade e atestado de origem. Segundo comentam, esse viés seguirá como pauta estratégica prioritária na originação de amêndoas, visto que, o mercado de compradores finais, se apresenta cada vez mais voltado para aquisições de produtos certificados e reestreados. Importante ressaltar, que alguns dos principais players chocolateiros globais, definiram o cronograma para finalizar compras de produtos semi-elaborados, utilizando matérias primas não identificadas. Assim sendo, fica clara a tendencia de receber melhores diferenciais sobre os preços das bolsas, quem proceder em melhor enquadramento nessa linha.
Fonte: mercadodocacau
