Pelo menos 50 mil cabeças de gado devem ser exportadas em breve
O embarque emergencial de 50 mil bois, pelo porto de Vila do Conde, no município de Barcarena, deverá ocorrer nos próximos 50 dias, no máximo. A informação foi dada, ontem, pelo titular da Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Pará, Josenir Nascimento. Ele participou de uma reunião convocada pelo presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), Carlos Xavier, para discutir esse assunto e debater a padronização na exportação de animais vivos. O encontro terminou à noite e reuniu, ainda, representantes da Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (ABEG) e da Companhia Docas do Pará e produtores rurais do Estado.
Nesse primeiro momento, não havia integrante do governo do Estado no encontro, mas eles serão convidados para participar das próximas reuniões. O embarque está suspenso desde que o navio Haidar, que transportaria cinco mil bois para a Venezuela, afundou naquele porto, no dia 6 de outubro de 2015, causando danos ambientais e afetando, principalmente, as comunidades ribeirinhas de Barcarena e Abaetetuba. Em dezembro passado, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) autorizou o embarque emergencial de 50 mil bois.
Mas o que preocupa a Superintendência Federal de Agricultura no Estado do Pará não é esse embarque emergencial, que, em breve, será feito. “O que nos preocupa é o embarque regular. Mas as condições do Pará são as melhores do Brasil. Nosso foco principal é o produtor. Nos interessa que ele esteja vendendo”, afirmou Josenir Nascimento. Ainda segundo ele, a exportação do animal vivo, no Pará, é um regulador de preços. “Se ele não existir, o produtor fica na mão de um comprador só. Esse regulador de preços é extremamente importante para o produtor rural, que é o principal foco da Faepa e do Ministério
da Agricultura. Nós lutamos para aumentar as exportações no país”, acrescentou. “Nossa estrutura para o exportação de animal vivo é uma das melhores do Brasil”, afirmou Josenir Nascimento. “O Pará tem tudo para se transformar no maior exportador de animais vivos do mundo. Precisamos padronizar procedimentos dentro do setor, mas sem encarecer o produtor e o exportador. Assim, a gente conseguirá dar esse salto de qualidade”, afirmou.
A ideia da reunião, segundo o presidente da Faepa, Carlos Xavier, é criar procedimentos uniformizados em relação à exportação do boi vivo, no Estado. “Não vamos nos dividir. Vamos ficar juntos”, afirmou, deixando claro que o desastre em Barcarena não pode prejudicar a economia paraense. Ele disse que a pecuária bovina paraense é o terceiro maior rebanho desse país (22 milhões de cabeças de bois). “É a principal atividade econômica deste Estado, estando presente em seus 144 municípios”, disse. “A melhor carne bovina do mundo é produzida no Pará. Nosso preço é competitivo e temos condições de logística para fazer a exportação e nós estamos criando embaraços para o desenvolvimento”, completou.
CONTROLE
Carlos Xavier disse que o boi do Pará “é o mais controlado do mundo. Para você vender um boi no Pará tem que atender todas as exigências ambiental e sanitária. Exigência estabelecida em um acordo internacional, do qual o Brasil é signatário, para acabar as doenças dos animais”. Ele também reafirmou que, apesar da importância do agronegócio para o Pará e para o Brasil, o governo vem criando embaraços
ao setor produtivo paraense. “O território paraense tem 76% preservados. Só utilizamos 24% do nosso território. Nenhum outro estado brasileiro tem isso, nenhum país do mundo tem isso. E ficam com exigências cada vez mais fortes, criando embaraços e criando impedimentos em uma legislação impraticável para que possamos fazer isso aqui na Amazônia”, disse.
Superintendente da ABEG, Gil Reis destacou que a exportação de bois vivos é extremamente importante para a geração de empregos e de riquezas para a economia paraense. Segundo ele, a atividade
representa o segundo item da pauta de comércio exterior do Estado, ficando atrás apenas das exportações de minério, mas com o diferencial de incentivar, aumentar e modernizar a produção rural da região. “Então a normalização do embarque representa a volta do produtor rural do Pará ao mercado internacional e a movimentação de uma grande cadeia produtiva, que gera divisas e contribui muito com o PIB (Produto Interno Bruto) do Estado”, afirmou.
Exportação do animal vivo, no Pará, é um regulador de preços
Reis disse que a normalização dos embarques de bois vivos é um tema muito importante para o Estado para evitar o risco de os compradores internacionais passarem a buscar alternativas em outros países para a demanda que vinha sendo atendida pelo Pará. Ainda segundo ele, as empresas que atuam na atividade de exportação de gado vivo estão atuando e tomando todas as providências possíveis para que os embarques de gado vivo no porto de Vila do Conde sejam normalizados o mais breve possível. Ainda conforme o superintendente da ABEG, o Pará é um Estado muito importante para esta atividade, sendo responsável por 95% da carga de boi vivo exportada pelo Brasil. Além disso, disse, o Pará deverá assumir
em breve a quarta colocação no ranking nacional de produção de gado, posição ocupada atualmente pelo Estado de Mato Grosso do Sul, conforme dados do Boletim Agropecuário do Estado do Pará 2015, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca (Sedap) em parceria com a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa). Gil Reis disse ainda que, nos últimos sete anos, 3,5 milhões de bois foram embarcados no Pará, sem o registro de acidentes.
Fonte: Matéria publicada no Jornal O Liberal, Caderno Poder, página 7 de 12.01.2016