Pecuarista preserva 80% da fazenda e produz seis vezes mais

Com pecuária sustentável, a Fazenda Marupiara, no Pará, aumentou a taxa de lotação e a produtividade, mantendo 80% da sua área preservada.

A pecuária na Amazônia cresceu 120% entre 2009 e 2019, fortalecendo a região como a nova fronteira da atividade no Brasil. Os dados são de um estudo elaborado pela União Europeia em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), lançado em 2022.

Diante desse cenário promissor, muito produtores que atuam na Amazônia, que inicialmente seguiam um modelo mais extensivo de pecuária, assumiram o desafio de aumentar a produtividade da pecuária, sem aumentar as áreas de pastagem.

Na Fazenda Marupiara, no município de Tailândia (PA), o pecuarista Mauro Lúcio Costa tem comprovado que é possível aumentar a produção de carne, preservando a biodiversidade da Amazônia.

Os números surpreendem. Depois que ele implantou um novo modelo de produção, a fazenda alcançou uma taxa de lotação seis vezes maior e produziu 10 vezes mais em relação à média dos produtores da região. Enquanto a média de produtividade no Amazonas é de quatro arrobas por hectare, em 2022, ele já alcançou 38 arrobas por hectare.

Mudança de mentalidade

A Fazenda Marupiara, de 4.356 hectares, tem 880 hectares de área de produção e cerca de 80% de floresta amazônica preservada. Mauro conta que comprou a área, em 1997, e ali se dedicou à pecuária extensiva por cerca de 5 anos.

Em 2002, ele percebeu que os pastos da propriedade estavam com início de degradação. Como as áreas estavam produzindo pouco, fez divisões no pasto e implantou o pastejo rotacionado.

“Nesse tempo, eu criava cerca de 650 cabeças de gado, em 880 hectares da fazenda. Não chegava a uma cabeça por hectare, o ganho de peso era de 500 gramas, no máximo”, lembra o pecuarista.

Em 2011, Mauro começou a intensificação do pasto, em apenas 10% da área, e foi ampliando aos poucos. Embora o pasto ainda não esteja totalmente intensificado, os resultados já são evidentes. A área de pastagem foi reduzida para 320 hectares, enquanto o rebanho aumentou para 2 mil cabeças. O restante da área de produção está arrendado para o plantio de soja e milho.

“No ano passado, chegamos a 5,6 cabeças por hectare e 600 gramas de ganho de peso. Para 2023, queremos chegar a 6 cabeças por hectare e 650 gramas de ganho de peso. Só neste primeiro trimestre já conseguimos passar de 640 gramas”, diz.

Sustentabilidade com novas práticas

Para Mauro, é preciso abandonar a maneira extrativista de usar os recursos naturais e devolver para o meio ambiente o que se utiliza dele. Segundo o pecuarista, o foco deve ser trabalhar em áreas que tenham aptidão agrícola, o que as áreas de proteção ambiental não têm.

“Nós produzimos bem na área onde se pode produzir. O diferencial do meu trabalho é que eu devolvo para a natureza e ela me retorna. Todos se assombram com os meus números, mas eu tenho que produzir ainda mais. Meu foco é aumentar a produtividade, não sou focado em abrir novas áreas. Quem está focado nisso, não vai tratar mal o meio ambiente”, afirma.

Mauro acredita que sustentabilidade é gerir bem os recursos da natureza, e isso não tem custo financeiro. Com essa visão, ele projeta aumentar a área de agricultura sem diminuir o rebanho no próximo ano.

“Eu tenho certeza que dá para produzir mais reduzindo a área de pastagem. Temos condições de aumentar a eficiência da nossa pecuária, de produzir muito mais e baixar o custo, para aumentar a quantidade de pessoas que podem consumir o nosso produto”, enfatiza.

Pecuária sob princípios

Além de preservar o meio ambiente na própria fazenda, Mauro lidera um movimento para incentivar pecuaristas da região a adotarem práticas mais sustentáveis, chamado de Pecuária sob Princípios.

“Todo mundo fala que a coisa mais difícil é atender às legislações do Código Florestal. No entanto, eu tenho 80% da área de reserva e, desde 2011, venho reduzindo os déficits de Área de Preservação Permanente (APP)”, afirma.

Ele conta que um dos conceitos que direcionam seu trabalho é a lei da reciprocidade, que estimula o cuidado com a natureza, os animais e as pessoas que trabalham na fazenda, gerando um ambiente harmônico entre todos.

“Quando eu cuido bem da natureza, mais ela me dá. Eu trato bem a terra e ela me retorna, por isso eu tenho essa produtividade. Quanto melhor eu trato meus animais, mais eles produzem. Eu trato bem e me preocupo com as pessoas que trabalham comigo e, assim, mais elas fazem por mim”, explica.

Importância do pasto na produtividade“O pasto é a locomotiva da produtividade. Se falar em produtividade na Amazônia, o que manda é o pasto. Comida barata e eficiente é capim, então precisamos ter uma boa lavoura de capim”.

Segundo Mauro Lúcio, o pasto depende da fertilidade, que é cuidada com o solo, e do manejo adequado. Ele ressalta que não basta cuidar da genética e da suplementação, porque são o pasto e a fertilidade que definem a produtividade. “Sem fertilidade, em seis ou sete anos o pasto começa a degradar, porque se extrai e não se devolve”.

Para o controle de invasoras na fazenda, ele conta com a parceria da Corteva Agriscience. Mauro lembra que o relacionamento com a marca é antigo e se fortaleceu ao longo do tempo.

“Os produtos da Corteva Agriscience são muito importantes na formação e manutenção das pastagens. Na Amazônia, há florestas muito antigas, com um banco de sementes muito grande. Se a gente não cuidar bem das pastagens, essas florestas geram juquira (plantas invasoras), que deixam o capim deficiente”.

Segundo o pecuarista, a Corteva melhorou muito a qualidade e a eficiência das aplicações ao desenvolver produtos com mais tecnologia. Ele lembra que a aplicação dos herbicidas, antes realizadas com foice, pulverizador e avião, hoje é feita com drones.

“Essa evolução diminuiu o trabalho pesado de ficar roçando pasto. A Corteva ajuda o pecuarista fazendo produtos que melhoram tanto a qualidade da produção quanto a qualidade de vida das pessoas inseridas na pecuária”, finaliza.

Por:Pasto Estraordinário

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