Os agricultores americanos, por outro lado, apresentaram maior nível de uso da geração de energia renovável (eólica/solar) na propriedade – aproximadamente 10% acima. No Brasil, apenas 5% dos agricultores brasileiros responderam que participam do mercado de créditos de carbono comparado a 28% dos agricultores americanos.
“Os resultados da pesquisa deixam claro que o Brasil está à frente dos Estados Unidos na adoção de práticas sustentáveis da porteira para dentro, como práticas regenerativas, agricultura de precisão e utilização de insumos biológicos”, analisa Eric Emiliano, managing director da L.E.K. Consulting e líder da consultoria na prática de Agronegócio na América do Sul.
“A agricultura de precisão e o uso de insumos biológicos são cada vez mais uma realidade entre os brasileiros, mudando completamente as práticas de gestão, o uso de insumos e os ganhos de produtividade nas diferentes lavouras. O impacto desse avanço será transformador”, enfatiza Eric Emiliano.
A intensificação de boas práticas agrícolas contribuiu significativamente para que o crescimento da produção agrícola brasileira não resultasse em diminuição da vegetação nativa através da adoção de técnicas sustentáveis que aumentaram a produtividade das plantações, como práticas regenerativas do solo, técnicas de precisão, uso de sementes geneticamente modificadas, produtos biológicos de cultivo, dentro outros.
Adoção de tecnologias/práticas sustentáveis na agricultura: Brasil vs. Estados Unidos
Questão: Para cada tecnologia/prática sustentável, indicar se você já utilizou a tecnologia/prática
Práticas agrícolas regenerativas/sustentáveis
Brasil: 71%
Estados Unidos: 54%
Soluções de agricultura de precisão
Brasil: 54%
Estados Unidos: 42%
Produtos biológicos para culturas
Brasil: 69%
Estados Unidos: 57%
Geração de energia eólica/solar em fazendas
Brasil: 27%
Estados Unidos: 36%
Créditos/compensação de carbono
Brasil: 5%
Estados Unidos: 28%
Experiências com agricultura de precisão mostram um potencial de redução no uso de defensivos químicos de até 50%. De acordo com o estudo, atualmente existem mais de 350 AgTechs no país, sendo que mais de 35% estão focadas em soluções de análise de dados do agronegócio e desenvolvimento de soluções de precisão para o setor, provando que há no país espaço para valorização de agricultores que adotam e estão cientes de práticas e tecnologias sustentáveis. Segundo o Relatório Distrito Agtech 2022, o número de AgTechs no Brasil aumentou em mais de 120% nos últimos 7 anos.
A agricultura sustentável traz grandes alternativas de soluções não apenas para que o agronegócio se reinvente, mas também para que ele crie as condições necessárias para continuar atendendo as novas demandas dos consumidores. E, como mostra a pesquisa que a L.E.K. conduziu, quando se trata de adoção de tecnologias sustentáveis na agricultura, ainda há espaço e oportunidade para que as produtores, empresas da cadeia agro, governos e consumidores sejam protagonistas da transformação.
MERCADO DE CARBONO
O mercado de carbono no Brasil ainda possui baixa penetração entre os agricultores quando comparado com EUA, mas está em franca expansão. De acordo com estudo entre agricultores, entre 2020 e 2024, o aumento do grau de importância do mercado de carbono deve ser de mais de 40%. No lado das companhias que atuam na cadeia de valor do agro, o tema também é cada vez mais relevante e parte da pauta estratégica.
“O mercado de crédito de carbono também será transformacional. Mais de 50% dos agricultores acreditam que esse mercado irá ditar a agricultura já nos próximos dois anos”, diz Eric Emiliano.
DADOS DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
- Nos últimos 40 anos a produção brasileira de grãos aumentou em mais de 400%, ao passo que a área plantada cresceu em torno de 65%. Além disso 66% dos biomas brasileiros ainda são mantidos intactos, tornando o Brasil cada vez mais um protagonista para segurança alimentar das mais diversas regiões do globo.
- O agronegócio somou em bens e serviços gerados em 2020 R$1,98 trilhão, correspondendo a 27% do PIB brasileiro, com o ramo agrícola correspondendo a 70% desse valor (R$1,38 trilhão), de acordo com Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Por: AgroemDia