PIB do agro vai cair: não é surpresa, não é culpa dele e não é o fim do mundo

Clima, demanda menor global e China coroaram um segundo semestre complicado para as cadeias produtivas.

A previsão de queda do ‘PIB agropecuário’, em 1,2%, vista pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para 2021, não deve ser encarada como surpresa.

Também não deve ser vista como um problema criado pelo setor, como uma disruptura em suas bases competitivas.

Para completar, não é o fim do mundo.

Dito isto, vamos à análise.

O tombo está dentro do padrão de recuo das cadeias setoriais agregadas visto no 3º trimestre pelo IBGE e que ajudou a amortecer a riqueza somada do Brasil, o PIB geral, em menos 0,1%.

O arrasto para 4º trimestre do ano, era esperado, consubstanciando, portanto, que o segundo semestre foi o mais impactante para o agronegócio.

O que fez a grande diferença foram as condições climáticas, com secas e geadas, mais um arrefecimento da demanda internacional, e, para completar, a sápida da China das exportações de carne bovina desde início de setembro.

Daí, então, que o agro não perdeu por seus ‘erros’, veio do céu e de fora. Sim, teve uma ajudinha da economia brasileira – dólar mais alto, inflação e baixa renda -, mas, mais uma vez, não foi problema do agro.

O milho de segunda safra teve uma quebra importante, tanto como o café, culturas que impactam mais o cenário econômico a partir de julho.

O grão da bebida até que teve preços de exportações muito valorizados, mas os volumes embarcados foram menores, inclusive por problemas logísticos que perduram.

O cereal, porém, vem obtendo baixos resultados externos, tanto em demanda quanto em cotações. De fevereiro a novembro o Brasil exportou 14,7 milhões de toneladas, contra 28 milhões/t do mesmo período de 2020

A sucroenergia foi outro importante setor que carregou para o segundo semestre seu maior prejuízo com a quebra para 515 a 520 milhões de toneladas de cana (605 milhões/t no ciclo anterior), diminuindo o ritmo de produção e exportação de açúcar, apesar de algumas máximas de preços, bem como do etanol.

Ainda considerando que a safra parou mais cedo, portanto com praticamente zero influência positiva de produção nos meses de novembro e dezembro.

Por fim, a carne bovina está entre os casos mais emblemáticos. Além do menor abate de animais no 3º trimestre, houve o carrego da paralisação das exportações para a China, somente liberadas nesta última quarta.

Se o baque nas contas do agronegócio já foi sentido no trimestre passado, com apenas o último mês do período sem vendas à China, o peso maior foi descarregado nestes últimos três meses do ano.

Pode-se contabilizar, por baixo, mais de US$ 2 bilhões de prejuízos só na ponta dos frigoríficos, somados às perdas de valores pagos aos animais nesse período.

Também nessa conta menor da riqueza do agro entra o setor da laranja e suco, embora com peso bem menor que os demais.

E por que não é o fim do mundo?

Porque o mundo continua comprador e também a China de nossos alimentos.

Pode ser que nos dois primeiros meses de 2022 não haja grandes resultados, pois, tradicionalmente é um período de vacas magras no trading mundial (a menos que os chineses partam para compras agressivas para recompor estoques), mas depois vira.

A economia brasileira não dá mostras de melhoras, pelo contrário, mas o agro não tem nada com isso. Segue competitivo, produzindo bem.

Por: Agronews

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