Valores voltados a investimentos são até 116% maiores do que os programados para o ciclo 2023/2024. Câmara setorial da Abimaq aponta necessidade de mais recursos para reduzir dependência dos bancos e garantir mais estabilidade à indústria nacional.
À espera do anúncio do Plano Safra 2024/2025, representantes do agronegócio solicitam ao menos R$ 36 bilhões para investimentos em máquinas agrícolas pelo pacote do governo federal que financia as atividades agropecuárias do país.
De acordo com Pedro Estevão Bastos Oliveira, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMIA) da Abimaq, foram solicitados R$ 26 bilhões pelo Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), incluindo valores para o médio produtor (Moderfrota Pronamp), além de R$ 10 bilhões pelo Pronaf Mais Alimentos.
Os valores, sugeridos durante um encontro com autoridades em Brasília (DF) há cerca de um mês, representam incrementos de 116% e 66% com relação aos créditos disponibilizados no ciclo 2023/2024.
Segundo Oliveira, a elevação visa garantir que as linhas do governo federal, com taxas de juros menores que as dos bancos, durem mais tempo e permitam maior estabilidade nas vendas das indústrias brasileiras ao longo do ano.
Para 2024, o setor projeta um recuo de 15% nas vendas, diante de um cenário de desvalorização das commodities e questões climáticas.
“O Modefrota durou quatro meses. Ou seja, você passa oito meses sem dinheiro do governo. (…) Um período do ano você fica com as vendas muito dependendo de juros de mercado. E aí se tem um período muito intenso de vendas e outro meio parado. Isso para a indústria não é bom. Para a indústria é bom você ter um negócio que fica ao longo do tempo, sem grandes variações”, argumenta.
O presidente da Câmara setorial, no entanto, pondera que as taxas de juros a serem definidas pela União devem ficar em um patamar “razoável”, abaixo dos 18%, mas não tão reduzidas, porque a prioridade é a maior disponibilidade de recursos.
“Se você colocar um juro muito baixo, você tem um subsídio maior em relação à taxa atual. E se você coloca um subsídio muito grande, o governo diminui o valor. Então a gente sempre deixa esse assunto para o governo resolver, porque nós sempre advogamos por um maior volume de dinheiro. Se você baixa muito o juro, o volume de dinheiro cai muito”, explica.
Destinado a ajudar no custeio e nos investimentos do setor agropecuário brasileiro, o Plano Safra é divulgado todos os anos geralmente no período entre maio e junho e com validade entre julho e junho do ano seguinte.
Para o período compreendido entre 2023 e 2024, o governo federal anunciou um total de R$ 435,8 bilhões, dos quais 73% já tinham sido utilizados até o início de abril. Mas valores voltados para renovação e expansão da frota agrícola, segundo Oliveira, já não estão disponíveis.
Nesse sentido, segundo ele, as lideranças também chegaram a pedir ao governo federal uma antecipação no anúncio do Plano Safra para melhorar as perspectivas de negócios na Agrishow, uma das maiores feiras de tecnologia agrícola do mundo, que acontece em Ribeirão Preto (SP) entre 29 de abril e 3 de maio.
“Esses recursos basicamente são para custeio, não servem. Custeio você empresta para um ano, no máximo dois, então você tem outra dinâmica. Quando você fala em investimento, está emprestando para sete, dez anos, e tem outra perspectiva de tempo e de custo.”
Enquanto o novo Plano Safra não é anunciado, diferentes entidades ligadas ao campo no país apresentam suas propostas. A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), com outros sindicatos rurais, por exemplo, solicitou um montante total de R$ 568 bilhões para 2024/2025 e taxas de juros de até 9%.
Por: G1