Alerta de escassez nos EUA e preços em alta impulsionam o debate sobre a oferta mundial de cacau e o papel estratégico do Brasil.
A produção mundial de cacau tem gerado preocupação entre especialistas, principalmente após alertas de escassez nos Estados Unidos. O Brasil, terceiro maior produtor global, ocupa papel cada vez mais importante no cenário internacional, enquanto a alta nos preços e a instabilidade em grandes produtores africanos reacendem o debate sobre a sustentabilidade da cadeia do cacau. Mas afinal, o que está acontecendo com o mercado de cacau e como o agro brasileiro pode se beneficiar?
O mercado mundial de cacau vive um momento de tensão. A produção não tem sido suficiente para abastecer a crescente demanda global por chocolates e derivados, e os reflexos já são sentidos nos Estados Unidos. A economista americana Judy Ganes, especialista em commodities, alertou recentemente que a escassez de cacau é real e tende a se intensificar se o cenário climático e produtivo atual persistir.
Produção mundial de cacau e o papel do Brasil
Atualmente, os três maiores produtores de cacau no mundo são Costa do Marfim, Gana e Indonésia, com o Brasil ocupando o quarto lugar. Em 2023, o Brasil produziu cerca de 290 mil toneladas de amêndoas de cacau, segundo a CEPLAC e o IBGE. No entanto, essa quantidade representa apenas 5% da produção mundial, que gira em torno de 5,2 milhões de toneladas anuais.
Apesar da posição modesta no ranking, o Brasil vem crescendo de forma constante e sustentável, impulsionado pelo aumento de áreas produtivas no Pará, Bahia e Rondônia. O Pará, inclusive, já superou a Bahia e se tornou o maior estado produtor do país, responsável por aproximadamente 52% do volume nacional.
Consumo interno e exportações
Do total produzido no Brasil, cerca de 70% é destinado ao consumo interno. Os 30% restantes são exportados, principalmente para países da União Europeia e Estados Unidos, o que torna o país um importante fornecedor alternativo diante da crise africana, onde doenças e questões climáticas vêm prejudicando as lavouras.
Safras futuras e desafios climáticos
As previsões para os próximos anos não são animadoras. Especialistas indicam que a produção mundial de cacau pode continuar abaixo da demanda até pelo menos 2026. O Brasil, por sua vez, tem investido em pesquisa e extensão rural com o objetivo de aumentar a produtividade por hectare e reduzir os impactos das mudanças climáticas, apostando em clones mais resistentes e boas práticas de manejo.
Gráfico de preço do cacau (2014 a 2024)
Nos últimos 10 anos, o preço do cacau oscilou bastante, mas em 2024 atingiu níveis históricos. Em março, a tonelada do cacau ultrapassou US$ 8.000 na Bolsa de Nova York, o maior valor já registrado desde que o índice começou a ser calculado.
(gráfico com linha histórica de preços do cacau de 2014 a 2024)
Brasil como oportunidade estratégica
O alerta da economista Judy Ganes reflete a preocupação crescente nos EUA com o abastecimento do produto, já que os principais fornecedores africanos enfrentam dificuldades graves. Com isso, o Brasil surge como alternativa estratégica tanto para exportação quanto para investimentos no setor cacaueiro.
Em suma, o mercado mundial de cacau está diante de um desequilíbrio entre oferta e demanda. O Brasil, apesar dos desafios, tem se posicionado como alternativa viável e confiável para suprir parte dessa demanda global. Com planejamento, tecnologia e investimento, o setor cacaueiro nacional pode se tornar protagonista nos próximos anos.
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FONTES:
FAO / IBGE / CEPLAC / Reuters / Bloomberg / CNBC
Essas fontes foram utilizadas para garantir uma abordagem precisa e detalhada da matéria.
Jornalismo Ruralbook News
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