Com uma produção de soja, trigo, milho, feijão, e sorgo, Cláudia Sulzbach gerencia 100% da Fazenda Laruna, localizada no sul do estado, e foi uma das ganhadoras do prêmio que divulga histórias femininas do setor.
Chegando na sua 8º edição, o Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio (CNMA) premiou, na última quarta-feira (25), em São Paulo (SP), de forma inédita uma produtora de grãos do sul do Maranhão.
Na Categoria Média Propriedade, Cláudia Sulzbach ganhou destaque pelo seu esforço e trabalho voltado para a agricultura na Fazenda Laruna, onde ela fica à frente de toda a gestão, além de acompanhar o que acontece atrás da porteira.
A feira, que possui dois dias de duração e é idealizada pela BAYER, com apoio de outros patrocinadores, tem como objetivo incentivar a valorizar a presença feminina nesse setor de produção rural. Este ano, a proposta é mostrar que é possível alavancar ainda mais o agronegócio brasileiro com sustentabilidade.
Ao todo, receberam o prêmio 10 mulheres, divididas em quatro categorias: Pequena Propriedade; Média Propriedade; Grande Propriedade; e Ciência e Pesquisa, uma categoria inserida pela primeira vez na edição de 2023.
A diretora de comunicação da divisão agrícola da BAYER no Brasil, Daniela Barros, explica sobre o projeto Conexões Mulheres, uma iniciativa da empresa atuante na área da saúde e agricultura.
“É a nossa plataforma de equidade de gênero, porque a gente quer ser a empresa referência neste tema para o setor. Então dentro do Conexões Mulheres a gente tem várias missões, entre elas um pilar de capacitação. A gente tem essa preocupação de levar esse conhecimento para essas mulheres para que elas possam estar capacitadas tecnicamente em termos de gestão e possam ocupar cada vez mais espaços de liderança.”
Nas edições anteriores o quadro de inscrições do nordeste era considerado baixo quando comparado com as outras regiões, no entanto, após diversos trabalhos de divulgação do congresso nesta região, houve um aumento de 371% nas inscrições de nordestinas.
O apoio de empresas como BAYER e Cargill que investem no ramo é fundamental para amplificar as histórias de lideranças femininas no Agronegócio, o que resulta no impacto positivo para o empreendimento, isso pelo reconhecimento recebido com a divulgação do trabalho delas.
Aos 51 anos, a produtora rural de Balsas, Cláudia Sulzbach, e terceira colocada em uma das categorias do prêmio Mulheres no Agronegócio, assumiu sozinha a liderança em sua fazenda após um processo de divórcio.
Natural do Rio Grande do Sul, ela chegou em Balsas com oito anos e, devido aos anos vividos e o amor pela terra, hoje se considera balsense. Apesar de ter trabalho como braço direito na fazenda auxiliando na parte administrativa, aos 49 anos de idade, após o fim de seu casamento de 20 anos, ela precisou tomar conta de toda a produção.
Cláudia ouviu por diversas vezes que deveria vender a fazenda, pois não teria capacidade de gerir sozinha uma propriedade, no entanto, o amor pelo agro aflorando nas veias a impediu de desistir.
Ainda com o apoio dos funcionários, que optaram por continuar na fazenda trabalhando sob os cuidados de Cláudia, ela seguiu conduzindo seu negócio. “Já estou indo para a segunda safra, tem um ano e meio que eu assumi a propriedade e hoje eu cuido de tudo, 100% das decisões sou eu que tomo, mas logicamente por trás eu tenho uma equipe muito competente”, relata a produtora.
Com ela à frente da Fazenda Laruna, novas ideias foram colocadas em prática.
“Eu sempre tive muitas ideias para a fazenda, mas às vezes eu não tinha o apoio do ‘ex-sócio’, então como eu estava à frente sozinha vi a oportunidade de colocar em prática tudo que aprendi nos cursos que fiz. Eu arregacei as mangas e comecei a fazer tudo que sempre sonhei. Hoje minha fazenda, graças a Deus, é vista como um modelo. Estou fazendo mil e uma inovações, investindo no solo, fazendo manejo com adubos biológicos para melhorar o solo, fazendo integração lavoura/pecuária, antes a produção era apenas de milho, hoje produzo feijão, arroz, soja, sorgo, milheto e até melancia.”
Sua contribuição não para aí, Cláudia também abriu as portas para escolas, associações e estudantes de ensino técnico e superior para estudos, pesquisas, aprendizado e experimentos.
Para além, a preocupação com sustentabilidade é um dos seus focos, nisso, ela trouxe atividades agrícolas como o plantio direto, um sistema que busca diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas sobre o solo, análise do solo e correção da lavoura, que foram fundamentais para aumentar e melhorar sua produção, sem causar eventuais danos ao meio ambiente. Isso se deve ao fato da plantação ser feita sem a necessidade aumentar a área de plantio e desmatar outras vegetações.
Os incentivos conferidos pela premiação são muitos, a BAYER anunciou diversas bonificações para as premiadas, a produtora de Balsas já tem um destino certo para os benefícios adquiridos.
“Tudo isso que eu ganhei na minha colocação será investido na minha fazenda. Os pontos eu vou trocar por benefícios para meus funcionários, os cursos eu quero dar pra duas ou três pessoas que trabalham comigo para eles crescerem profissionalmente.”
Mesmo com as dificuldades e com a descredibilização quando tomou a iniciativa de assumir a Fazenda Laruna, Cláudia encontrou na rede Agro Mulher Mais um apoio indescritível. O grupo, formado por produtoras rurais do Maranhão, esteve presente na premiação para acompanhar a parceira. Para elas, com a proximidade que tiveram com a história e trajetória de Cláudia, a emoção foi inevitável.
“Ela é uma inspiração. Eu acho que eu estava tremendo mais do que ela, ou tão quanto, porque a gente tá vendo que não é ela, somos nós. A gente se enxerga nela como mulher que tá lutando, tá fazendo”, declarou Ediana Boeri, presidente da entidade. Ela ainda completa contando sobre como a rede tem evidenciado um compartilhamento e uma colaboração entre as mulheres que proporciona um crescimento individual das integrantes do grupo.
Fonte: O Imparcial