Entre perdas por enchentes e críticas à gestão pública, agricultores do Rio Grande do Sul vão às ruas em defesa do campo e pedem ações concretas.
Produtores rurais do Rio Grande do Sul têm tomado as ruas de diversas cidades do estado em manifestações que misturam clamor por socorro, críticas ao governo federal e estadual, e a defesa da dignidade do campo gaúcho. Os protestos ocorrem em um momento crítico, após as históricas enchentes que devastaram lavouras, estradas e propriedades inteiras, e refletem um sentimento de abandono, exigindo ações práticas e rápidas para reconstrução e retomada das atividades no agro.
O Rio Grande do Sul vive uma das maiores tragédias climáticas de sua história. Desde o início de maio, enchentes causadas por chuvas intensas deixaram rastros de destruição em centenas de municípios. Estima-se que mais de 90% das cidades gaúchas foram atingidas, com impactos profundos na produção agrícola, especialmente nas regiões produtoras de leite, arroz, hortifrúti e grãos.
Diante do cenário caótico e da lentidão percebida na resposta do poder público, produtores rurais organizam protestos em diversas frentes. As manifestações têm ocorrido em cidades como Passo Fundo, Ijuí, Santa Maria, Lajeado, Pelotas e Cruz Alta. Agricultores e pecuaristas cobram agilidade nas liberações de crédito emergencial, isenção de dívidas anteriores e a criação de políticas públicas efetivas para recuperação do setor produtivo.
O que os produtores pedem?
Entre as principais reivindicações estão:
- Liberação imediata de recursos para reconstrução de estradas vicinais e pontes que permitam o escoamento da produção;
- Linha de crédito emergencial com juro zero e prazo estendido para pagamento;
- Suspensão de cobranças de parcelas de financiamentos agrícolas anteriores às enchentes;
- Reconhecimento do estado de calamidade com prioridade para produtores rurais nas políticas de reconstrução.
Além disso, muitos manifestantes direcionam críticas à atuação do governo federal, principalmente ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Há cobranças por uma atuação mais firme do Ministério da Agricultura e pela presença de lideranças do setor nos locais afetados.
Solidariedade e politização
Em meio à dor, também há exemplos de solidariedade rural: sindicatos, cooperativas e associações têm organizado mutirões de ajuda com tratores, alimentos, roupas e serviços para as áreas mais atingidas. No entanto, a politização do desastre tem dividido opiniões. Enquanto alguns movimentos organizados defendem maior envolvimento do governo federal e estadual, outros apontam para a ineficiência e o excesso de burocracia na liberação dos recursos prometidos.
Nas redes sociais, vídeos de produtores emocionados e relatos de propriedades totalmente perdidas viralizam, aumentando a pressão por respostas. Ao mesmo tempo, vozes de fora do setor rural tentam descredibilizar os protestos, tratando-os como politizados ou exagerados — o que gerou ainda mais indignação dentro do campo.
Reflexo no cenário nacional
A situação no RS expõe fragilidades estruturais do Brasil: falta de planejamento em infraestrutura rural, ausência de seguros agrícolas acessíveis e uma distância crescente entre o campo e a tomada de decisão em Brasília. O agro gaúcho, que sempre foi pilar da produção nacional, sente-se deixado de lado em um momento onde mais precisava de apoio.
Assim sendo, os protestos refletem não apenas uma reivindicação emergencial, mas um grito por respeito e reconhecimento da importância do setor produtivo, que alimenta o país e movimenta a economia.
Securitização já
Durante os protestos, também chamaram atenção, faixas e cartazes com os dizeres “Securitização já”. Esse pedido vem de produtores endividados que defendem a aprovação de projetos de lei que permitam a securitização das dívidas rurais, ou seja, a conversão dos débitos antigos em novos títulos com prazos mais longos e condições mais acessíveis de pagamento. A medida, que já tramitou no Congresso em diferentes formatos, é vista como uma saída viável para milhares de agricultores que enfrentam dívidas acumuladas — muitas vezes por fatores climáticos ou falhas em políticas públicas — e que agora, diante da tragédia no RS, encontram-se ainda mais pressionados. A reivindicação mostra que, além do socorro emergencial, há também um clamor por soluções estruturais para o endividamento rural no Brasil.
O que se vê no Rio Grande do Sul é muito mais do que um protesto. É o reflexo de um setor que, mesmo diante da tragédia, não perdeu sua força de mobilização e sua luta pela sobrevivência. O agro resiste, mas exige escuta, ação e responsabilidade.
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Fontes:
Canal Rural / G1 / Zero Hora
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Jornalismo Ruralbook
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